Catherine olhou para mim com um olhar que misturava alívio e preocupação.
— O bebê é forte, igual a você — ela disse, com um sorriso suave, mas sério. — Mesmo com o deslocamento de placenta, ele está bem e forte. Vai ficar tudo bem, mas precisa ficar um tempo de repouso.
Deixei escapar um suspiro de alívio, mas não consegui impedir o olhar triste que se formou no meu rosto. Aquele pequeno ser dentro de mim era a única coisa que me dava forças agora.
Catherine percebeu minha expressão e inclinou a cabeça, curiosa.
— O que houve?
Eu não queria dizer, mas a necessidade de desabafar era mais forte do que eu. Respirei fundo, deixando as palavras escaparem com um nó na garganta.
— Alessandro descobriu sobre a gravidez — eu sussurrei. O peso daquelas palavras parecia insuportável. — Mas ele... Ele diz que o filho não é dele, que eu o traí. Ele está dizendo que é do Guilherme.
Catherine arregalou os olhos, sua expressão de choque instantânea.
— Como ele descobriu?
A confusão ainda estava na minha mente, mas havia algo que eu temia mais do que qualquer outra coisa.
— Eu não sei... — Eu disse, mais para mim mesma do que para ela. — Mas acho que a Chiara tem alguma coisa a ver com isso.
Eu soltei um suspiro pesado.
— Essa vaca... — Ela murmurou, e eu a vi fechar a mão com força.
— Cathe, você pode ligar para o Guilherme? — Eu olhei para ela, desesperada, as mãos tremendo. — Eu tenho medo. Alessandro estava tão enfurecido. Temo que faça algo contra o Guilherme.
Catherine assentiu rapidamente e pegou meu celular, tentando ligar para Guilherme. Mas antes que ela pudesse terminar a chamada, a porta se abriu, e Diogo entrou na sala. Meu corpo ficou tenso de imediato.
Quando ele me viu, hesitou por um momento, mas então se aproximou lentamente.
— Catherine ligou para mim — ele disse, a voz calma, mas com uma expressão séria.
Eu olhei para Catherine, e ela me deu um sorriso amarelo, tentando parecer mais tranquila do que estava. Ela se afastou, segurando meu celular, e começou a tentar ligar novamente para Guilherme.
Diogo olhou para mim, e a dor e o medo que eu estava sentindo era óbvio. Ele parecia saber que eu estava prestes a desmoronar.
— O que aconteceu, Larissa? — Ele perguntou.
Desviei o olhar envergonhada. Então, com a voz quebrada, contei tudo.
— Alessandro... Ele me acusou de traí-lo, Diogo. De alguma forma descobriu sobre a gravidez e acha que o filho não é dele, que é do Guilherme. Eu... eu não sei como ele descobriu, mas ele ficou fora de si, me xingou e... me disse coisas horríveis. Ele está furioso. Eu... eu não sei mais o que fazer.
— Como assim ele acha que o filho não é dele e quem é esse Guilherme?
Suspirei, olhando para ele.
— Guilherme é um ex-namorado de adolescência, eu o encontrei há pouco tempo depois de anos e ele estava precisando de um emprego e meu pai de um enfermeiro, então o contratei para cuidar do meu pai. Alessandro sabia e nunca gostou dele, mas… não sei porque ele acha que o bebê é filho do Guilherme… eu acho que Chiara está envolvida nisso.
Diogo xingou baixinho, sua expressão se tornando mais rígida à medida que ele processava a situação.
— Esse homem tá ficando cada vez mais louco. — Ele se passou a mão pelo rosto, como se estivesse tentando entender tudo. — Como ele se deixou enganar assim por uma mulher? Não posso acreditar.
Eu senti uma onda de cansaço me invadir, mas respirei fundo, tentando manter a compostura.
— Tudo bem, eu já esperava o divórcio — eu disse, as palavras saindo em um suspiro cansado. — Mas parece que ele não vai aceitar a criança. E eu tenho medo, Diogo. Tenho medo do que ele pode fazer não só comigo, mas com o meu pai, com o Guilherme...
Diogo passou a mão no rosto de novo, se afastando por um momento. Ele ficou em silêncio, pensando. Eu sabia que ele estava tentando achar uma solução, mas o desespero dentro de mim não parecia ter fim.
— Vou ter que tirar esse Guilherme da cidade — Diogo finalmente disse, com a voz mais grave. — Não tem outra opção. Alessandro não vai deixá-lo em paz, Larissa. Ele vai atrás dele, não tem dúvida. Esse homem precisa sumir por um tempo.
Eu olhei para ele, o choque estampado no meu rosto.
— O quê? — Eu quase sussurrei, sentindo o pânico crescer dentro de mim. — Mas... eu não quero causar mais problemas, Diogo! Eu não queria atrapalhar a vida de ninguém!
Ele me abraçou com força, me acalmando, me apertando contra o seu peito.
— Shhh, Larissa, fica calma. Eu vou cuidar de tudo, e vou cuidar de você também. Fica tranquila, ok? Não vai acontecer nada.
Eu queria acreditar nele. Eu queria sentir que estava tudo bem, mas no fundo eu sabia que nada mais seria como antes. Então, antes que eu pudesse responder, a porta se abriu novamente, e Catherine entrou apressada, com um brilho de alívio nos olhos.
— Guilherme está vindo — ela disse, e eu senti o meu coração disparar, batendo forte contra o peito.
***
Abri os olhos quando ouvi o barulho da porta se abrir de novo. Guilherme entrou apressado, o rosto preocupado, e meu coração quase saltou pela boca.
— Lari? O que aconteceu? — ele perguntou, correndo até minha cama.
Mantive o olhar no travesseiro, as mãos ainda tremendo, mas respirei fundo e me sentei.
— Eu... eu passei mal — falei, a voz falhando.
Ele olhou para Diogo e Catherine, que estavam ao lado, trocando olhares tensos. Então virou para mim de novo.
— O que está rolando aqui?
Meu peito disparou. Era a hora da verdade, mas eu não sabia bem por onde começar. Foi Diogo quem tomou a frente, se apresentando de forma cerimoniosa, mas séria.
— Sou Diogo, amigo da Larissa — ele disse, a voz firme. — E você precisa ficar calmo enquanto eu explico umas coisas.
Guilherme cerrou o maxilar, confuso, mas assentiu devagar.
Guilherme encarou Diogo, pensativo. O silêncio entre eles parecia eterno, mas, por fim, ele assentiu.
— Tá... eu vou.
Suspirei aliviada… se Guilherme estivesse seguro com a mãe dele, eu precisaria me preocupar apenas com o meu pai. Sei que o que Alessandro mais temia era ser traído e se ele está acreditando que fiz isso, ele virá com tudo para cima de mim. Aguentaria tudo o que ele investisse, se isso não envolvesse meu pai e outras pessoas.
***
Cheguei na casa do meu pai exausta, ainda me recuperando do susto no hospital. O médico me liberou, mas mandou manter repouso absoluto. Entrei devagar, apoiando a bolsa no sofá e vendo o corredor vazio.
Peguei o celular com as mãos trêmulas e disquei o número da Margarida.
— Alô? Dona Larissa? — a voz dela surgiu, doce, mas preocupada.
— Oi, Margarida… — perguntei, tentando soar firme.
— Como você está?
— Melhor… mas preciso de um favor. — Respirei fundo. — Eu… preciso pegar minhas coisas na mansão. Será que a senhora pode juntar tudo?
Silêncio do outro lado e senti o coração apertar.
— Sinto muito, Dona Larissa… mas o senhor Alessandro trancou a porta do seu quarto com a chave. Ele disse que não quer mais que ninguém entre lá.
O ar abafou meu grito interno. Segurei o celular contra o peito.
— Entendo… Obrigada de qualquer forma, Margarida.
— Está tudo bem? — a voz dela quebrou.
As lágrimas vieram nos meus olhos, mas forcei um sorriso.
— Dessa vez… chegou ao fim, Margarida. — Engoli a emoção. — Eu só quero agradecer por todo o cuidado que a senhora teve comigo.
Ouvi ela soluçar baixinho.
— Eu… vou sentir tanta saudade de cuidar da senhora…
— Margarida, calma — apertei o telefone contra a orelha. — Eu prometo que vou te visitar. Assim que isso tudo se acalmar, apareço aí na casa da senhora pra tomar um chá de verdade e colocar o papo em dia.
— Vou esperar — ela soluçou de novo, mas a voz se firmou. — Se cuida, meu bem.
— Obrigada, Margarida. Falo com a senhora em breve.
Desliguei e me sentei no sofá, as mãos ainda tremendo. Era o fim mesmo. A chave do meu quarto estava com ele, e meu lugar ali já não existia mais. Mas no fundo, senti um alívio estranho: eu estava livre pra recomeçar, sem portas trancadas nem segredos.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Esse tbm. Será que nunca vou ler grátis...