Quando deu a hora, respirei fundo, peguei minha bolsa e desci.
Ao chegar na calçada, vi Alessandro de pé, ao lado do seu carro, também vestido formalmente. Seu terno escuro o deixava ainda mais bonito, o que só irritou meu orgulho.
Ele não disse nada de imediato, apenas ficou observando enquanto me aproximava. Senti seus olhos me percorrendo lentamente, de cima a baixo.
— Onde você pensa que vai com essa roupa? — ele soltou, com aquele tom possessivo e irritante.
— Para o aniversário da Tereza. Algum problema? — rebati, erguendo o queixo, mesmo com o coração acelerado. Eu sabia o efeito daquele vestido, e saber que ele tinha notado só me dava mais forças.
Seus olhos pararam nos meus seios por um segundo a mais do que o aceitável, e eu vi sua mandíbula se contrair.
Ignorei e entrei no carro dele, ouvindo quando ele soltou um resmungo baixo. Como se estivesse perdendo o controle de algo.
Durante o caminho, ficamos em silêncio. Um silêncio pesado, cheio de coisas que queríamos dizer, mas não tínhamos coragem.
Quando chegamos na mansão, descemos juntos e eu já estava pronta pra entrar, dando um passo, como sempre fazíamos nessas festas, mas então senti seu braço se enroscar na minha cintura.
— O que está fazendo? — perguntei baixo, quase sem fôlego, o choque escancarado na minha voz.
— Esse ano... vou te apresentar como uma amiga. Como Diogo fez. — ele disse, sem me encarar, mas sem soltar minha cintura.
— Você ficou maluco? Alessandro, você nunca... — comecei, tentando me afastar, mas nesse instante Carlo apareceu.
— Que bom que chegaram. Está linda, Larissa. — disse, me abraçando com carinho.
— Obrigada, Carlo. — respondi, mesmo sentindo Alessandro me puxar de volta para o lado dele. Como se quisesse marcar território.
— Onde está a vovó? — Alessandro perguntou.
— Do outro lado da piscina, com as amigas da pintura. — Carlo respondeu, apontando com a cabeça.
— Vamos lá. — disse Alessandro, praticamente me empurrando para andar com ele.
Eu o segui, meio atordoada, sentindo os dedos dele roçarem de leve na lateral da minha barriga. E então, como um choque, a realidade me atingiu de novo. A vida dentro de mim. O segredo que ele ainda não sabia.
Ergui os olhos e dei de cara com o olhar dele. Estava... diferente. Menos frio. Mais atento.
Mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ouvi a voz doce de Tereza me chamar
— Larissa!
— Tereza! Feliz aniversário! — a abracei com carinho genuíno.
— Obrigada por ter vindo, minha querida. Alessandro. — Ela abraçou o neto e depois nos observou, com aquele olhar de quem vê mais do que demonstra. — Parece que vocês estão bem agora.
Forcei um sorriso, e Alessandro apenas assentiu. Tereza foi cumprimentar outros convidados e eu me virei, avistando ao longe a mãe de Alessandro, conversando com Chiara e a mãe dela. O trio parada dura. O estômago revirou.
— Onde você vai? — ele perguntou, notando meu incômodo.
— Pra bem longe da sua mãe e da sua amante. — respondi amarga, sem filtrar nada.
Ele se virou, percebendo que as três estavam nos observando com expressões sérias. Assim que Chiara começou a se aproximar, Alessandro afrouxou o aperto na minha cintura e logo tirou o braço completamente.
Senti como se algo tivesse murchado dentro de mim.
— Bem, agora você tem companhia. Com licença. — falei com voz cortante e saí antes que as lágrimas me traíssem.
Andei sem rumo por alguns segundos até avistar Diogo com o grupo de sempre. Entre eles, Heitor me notou imediatamente. Seu olhar percorreu meu corpo com admiração e um sorriso encantador surgiu nos lábios dele.
— Diogo, meninos. — cumprimentei, tentando me recompor.
— Que bela dama. — disse Heitor, pegando minha mão e a beijando. Senti minhas bochechas corarem.
— Tira o olho, Heitor. — Diogo falou com ele, se posicionando ao meu lado.
— Não custa nada admirar uma obra-prima. — Heitor sorriu, e eu ri sem graça.
— Por acaso vocês estão juntos? — perguntou Israel, curioso.
— Somos amigos — Diogo respondeu rapidamente, mas depois olhou fundo nos meus olhos. — E é por isso que eu tenho que mantê-la longe de vocês. Não quero minha amiga com o coração partido de novo.
Meu sorriso vacilou.
Atrás de mim, senti o olhar de Alessandro. Queimando minhas costas. Mas dessa vez, não virei.
Se ele queria fingir que estava tudo bem com Chiara por perto, eu também podia fingir que já segui em frente. Mesmo com o coração aos pedaços… e uma nova vida crescendo dentro de mim.
— Uool! Não nos diga isso, até porque, você também faz parte do nosso grupo — Heitor soltou, rindo alto, o que fez até Diogo abrir um sorriso sincero.
— Bem… infelizmente não posso negar — respondeu Diogo, lançando um olhar cúmplice para mim. Depois se inclinou um pouco, falando mais baixo, só pra mim ouvir: — Você veio com o Alessandro ou ele veio com ela?
Meus olhos buscaram automaticamente o ponto onde Alessandro estava. E lá estava ele… ao lado de Chiara, como se o mundo fosse perfeito. Mas o que me pegou de surpresa foi vê-lo olhando na nossa direção. Ele estava me observando. De novo.
Ele ergueu a taça, com um meio sorriso gentil.
— Um brinde à Tereza. Uma mulher incrível. Uma anfitriã maravilhosa e um brinde a você.
Ergui meu copo também, tocando o dele suavemente.
— Tereza merece o mundo. — sussurrei, dando um pequeno gole no suco.
De repente, a porta de vidro deslizou com um estalo suave. Chiara entrou na varanda com aquele sorriso radiante que eu aprendi a detestar.
— Olá, queridos! Estão se divertindo? — perguntou com doçura falsa, os olhos cravados em mim e Diogo.
Diogo respondeu apenas com um aceno educado. Eu forcei um sorriso.
— Sim, Chiara. Estamos aproveitando a noite. — falei, tentando manter o tom neutro, mesmo sentindo o estômago revirar com a presença dela.
Ela se sentou na poltrona à nossa frente e tomou um gole do vinho com uma leve provocação no olhar. Senti o ar ao meu redor pesar e, ao lado, Diogo ficou tenso, o corpo mais ereto.
— Sabe, Larissa... — começou ela, com a voz arrastada — quando eu estava casada, sempre me perguntava como era a sua vida com o homem que eu amava.
Senti um calafrio descer pela espinha. Ela estava mesmo fazendo isso?
— Aí eu fiquei viúva. Voltei pro Brasil cheia de medo. Medo de que o Alessandro tivesse te escolhido, que tivesse esquecido de mim… — Ela se levantou, caminhando lentamente até mim com aquele sorrisinho venenoso. — Mas... obrigada por ser assim. Agora é só esperar o divórcio. Logo, o homem que sempre me pertenceu será meu novamente.
Aquilo me atingiu como um tapa. Tentei ignorar. Pelo meu filho. Pelo pouco de paz que ainda me restava. Mas antes que eu pudesse reagir, senti o choque frio do vinho escorrendo pela cabeça, rosto, pescoço... o vestido encharcado.
Levantei num pulo, ofegante e incrédula.
— Você tá maluca?! — gritei, completamente chocada. Diogo se levantou ao mesmo tempo, visivelmente atordoado.
— Que porra é essa, Chiara?! — ele gritou, indignado. — Por que você fez isso?!
Chiara deu um passo para trás, e do nada... caiu no chão, desabando num choro dramático.
— Ai meu Deus… ele gritou comigo... a Larissa... ela… me empurrou!
— Que cena ridícula! — disse Diogo, enojado, passando a mão no rosto.
— O que está acontecendo aqui?! — A voz de Alessandro surgiu forte e firme, e ele entrou com os olhos arregalados, parando ao ver Chiara no chão. — Larissa?! O que você fez com ela?!
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Esse tbm. Será que nunca vou ler grátis...