Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 29

Na segunda-feira, fui trabalhar. Na hora do almoço, me encontrei com Rafael e Catherine no restaurante de sempre. Pedimos a comida e, enquanto ela não vinha, Rafael resolveu nos atualizar da vida amorosa dele — como sempre, um verdadeiro reality show.

— Gente, juro que ela gosta de mim, mas depois daquele dia sumiu! — falou jogando o guardanapo na mesa, indignado.

— Por quê? O que aconteceu? — Catherine perguntou com aquele olhar curioso de quem adora um drama alheio.

— Ela foi viajar, né. Vai rodar dois estados antes de voltar. Eu sei que sou meio grudento, mas acho que exagerei. Tô vendo que ela me acha carente.

— Você é carente — retruquei, rindo.

— E pegajoso — Catherine completou.

— Ai que horror, dois contra um agora? — ele colocou a mão no peito, teatral. — Eu sou um romântico incompreendido!

— Aham, claro — Catherine rolou os olhos. — Mas relaxa, quando ela voltar, vocês vão estar cheios de saudade. E imagina o sexo! — disse com um sorrisinho safado.

Quase engasguei na água. Rafael arregalou os olhos.

— Eita, olha… isso eu não tinha pensado. Mas também… vai ser muito tempo na seca, hein.

— Nem ouse pensar em trair ela! — falei já levantando a mão e dando um tapinha no braço dele.

— Ei! Que isso, agressão no ambiente de paz! — ele disse rindo, massageando o braço. — Mas não, eu não vou trair, caramba! Tenho sentimentos!

— Tem hormônios, isso sim — Catherine rebateu.

A comida chegou, cheirosa, linda, digna de comercial. Mas bastou aquele aroma subir até meu nariz pra eu sentir o estômago embrulhar de novo.

— Não… de novo não… — murmurei, e levantei às pressas, correndo pro banheiro.

Quando voltei, os dois estavam me encarando como se eu fosse uma bomba prestes a explodir.

— Tá tudo certo aí dentro? — Rafael perguntou, arqueando uma sobrancelha.

— Acho que é só o estresse… — respondi, tentando disfarçar.

— Sei… — Catherine disse, tomando um gole do suco e me lançando um olhar suspeito. — Estresse com enjoo, sono, nariz sensível… isso tá com cara de nome.

— Nome? Que nome?

— Gravidez, meu amor. GRÁ-VI -DEZ.

Quase derrubei o copo de água que estava bebendo.

— Para com isso, Catherine! Tá maluca?

— Tô só dizendo! Não sou médica, mas já assisti Grey’s Anatomy o suficiente pra levantar uma hipótese.

Rafael arregalou os olhos, depois colocou a mão no peito com expressão chocada:

— Peraí… Eu não sou o pai, né?

— Meu Deus, Rafael! — exclamei, rindo e jogando um guardanapo nele.

***

Na volta pro trabalho, chegamos no hall e demos de cara com Chiara toda grudadinha no braço de Alessandro.

Ela estava escorada nele como se fosse um prêmio. Ele me viu e ficou me encarando por uns segundos antes de entrar no elevador com ela, com aquela cara de quem sabe exatamente o que tá fazendo.

— Filhos da mãe — ouvi Catherine murmurar do meu lado, entre os dentes.

— O que foi que você disse? — Rafael perguntou, curioso.

— Nada, vamos subir logo antes que eu cometa um crime — respondeu, puxando meu braço pra dentro do elevador como se fosse missão de resgate.

E ali, entre enjoo, tapa no amigo, desconfiança e ex surtado, eu só queria mesmo era um chá de camomila e uns cinco dias dormindo sem ninguém me enchendo o saco.

***

Ao anoitecer, Catherine disse que ia sair rapidinho e voltava logo. Aproveitei o tempo sozinha pra ajeitar a bagunça na cozinha e me forcei a comer pelo menos uma banana. Dormi melhor naquela noite, coisa rara nos últimos tempos.

O despertador tocou de manhã e eu, ainda toda preguiçosa, me arrastei até a beira da cama e desliguei aquela praga. Me levantei e, quando fui abrir a porta do quarto, tomei um susto.

— CATHERINE! Que susto, garota! — levei a mão ao coração. Ela tava parada feito uma estátua na frente da porta. — O que você tá fazendo aí? Quer me matar do coração?

Ela se ajoelhou ao meu lado, passando a mão nas minhas costas.

— Ei, vai dar tudo certo, tá? Respira com calma.

— Eu tô tão confusa. Eu… eu queria o divórcio. Queria me ver livre do Alessandro. Mas agora… agora tudo muda. Eu não sei se consigo fazer isso. — As palavras saíam engasgadas. — E ao mesmo tempo… eu já sinto uma coisa estranha, aqui. — coloquei a mão na barriga. — Como se… como se eu não estivesse sozinha.

Catherine sorriu, emocionada também.

— Você não tá. Mesmo. Nem por esse bebê e nem por mim. Eu tô aqui com você. E, olha… esse sentimento aí? De já querer proteger algo que nem entende direito? Isso é ser mãe, amiga. Já começou.

— Mas… e o Alessandro? — perguntei, mordendo o lábio. — Ele tem o direito de saber. Mas se eu contar, ele vai achar que eu inventei isso pra segurá-lo. Vai dizer que é golpe. Que quero usar o bebê pra não me separar. E eu não quero isso.

— Você não precisa decidir isso agora. Vamos focar no que tá aqui, agora. Que é esse bebê. Você. Sua saúde. O resto a gente resolve depois.

A semana passou e minha cabeça não descansava nem um segundo. Catherine me levou à amiga ginecologista dela, que confirmou: eu estava grávida. De verdade. Tinha uma vida crescendo dentro de mim.

Tive que fazer um monte de exames, levei bronca por não estar tomando vitaminas e fui vacinada ali mesmo. Era muita coisa pra absorver. Mas, aos poucos, a ficha foi caindo. Eu estava grávida. Mesmo assustada… algo em mim já se sentia conectada com aquela vidinha que nem tinha rosto ainda.

No sábado, fui ao shopping comprar um presente pra Tereza, depois voltei pra casa da Catherine pra me arrumar pro aniversário.

Quando saí do quarto pronta, Catherine soltou um assovio alto.

— Uoou! Quem é essa gata? Alguém chama os bombeiros que minha amiga tá pegando fogo!

Dei uma risada, ajeitando o vestido colado no corpo.

— Não sei, Cath. Não tô acostumada com roupa tão… grudada.

— Pois vai se acostumando, minha filha. Porque hoje você vai fazer aquele idiota se engasgar com o próprio orgulho. Ele vai olhar pra você e vai entender exatamente o que perdeu.

— Você acha mesmo? — perguntei, me olhando no espelho com um misto de insegurança e curiosidade.

— Eu tenho certeza. E você vai, linda do jeito que tá, carregar o brilho de quem tem uma nova vida nascendo aqui, ó. — ela apontou pra minha barriga. — Mesmo sem saber o que vai ser, você já tá brilhando diferente.

Sorri fraco, colocando a mão sobre a barriga de novo. Era verdade. Alguma coisa dentro de mim tinha mudado.

E Alessandro… bom, ele teria que descobrir uma hora ou outra. Mas hoje? Hoje eu só queria me sentir viva.

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