— Mãe! — ele repreendeu, constrangido.
Suspirei, sentindo o peso das palavras dela. Meu coração queria responder, mas minha cabeça sabia que a história não era tão simples assim.
一 Dona Fátima, eu aprecio muito suas palavras e o carinho de vocês dois. Mas, para ser sincera, eu passei por uma decepção amorosa recentemente e estou tentando me concentrar em mim mesma no momento. Não quero me envolver emocionalmente com ninguém por enquanto.
Guilherme abaixou o olhar, parecendo um pouco desanimado, mas eu pude ver a compreensão nos olhos dele. Dona Fátima assentiu compreensivamente, colocando uma mão reconfortante sobre a minha.
一 Entendo, minha querida. - ela disse suavemente. 一 Você precisa fazer o que é melhor para você. Apenas saiba que estamos aqui para você, não importa o que aconteça.
Senti um misto de gratidão e tristeza ao ouvir as palavras de Dona Fátima. Mas eu sabia que tinha tomado a decisão certa ao ser honesta sobre meus sentimentos, mas não pude evitar o aperto em meu peito ao ver a decepção nos olhos de Guilherme. No entanto, eu sabia que precisava seguir em frente com a minha vida, mesmo que isso significasse enfrentar momentos difíceis como esse.
Depois de passar os vinte minutos de visita conversando sobre o passado com Dona Fátima, Guilherme me acompanhou até o estacionamento do hospital.
一 Sobre a minha mãe mais cedo… eu realmente sinto muito. Ela ficou bastante empolgada quando disse que havia te encontrado. - Olhei para ele com um sorriso.
一 Está tudo bem. Nossas mães sempre torceram para que ficássemos juntos…
Guilherme assentiu, respirando fundo como se estivesse criando coragem para dizer algo e assim, fazendo meu coração acelerar no peito.
一 Sei que disse que acabou de passar por um relacionamento difícil e que quer seu tempo mas… Eu gostaria de deixar claro que ainda sinto algo por você e se lá na frente você se sentir pronta e eu estiver sem ninguém, gostaria que me procurasse.
一 Guilherme eu… bem, o Alessandro…
Guilherme me encarou com um olhar sério. Ele não pareceu exatamente surpreso. Talvez já soubesse, talvez tivesse suspeitado desde aquele dia em que me viu na casa do meu pai com o Alessandro.
一 Eu imaginei, o olhar desse seu chefe era diferente… - ele disse, baixo. — Naquele dia… parecia que tinha alguma coisa entre vocês.
Assenti lentamente, com o coração acelerado.
— Tem… mas não é simples. É algo difícil de explicar agora
Ele ficou em silêncio por alguns segundos, olhando pro chão. Depois olhou pra mim de novo, com aquele mesmo olhar doce de anos atrás.
— Eu sei que talvez não tenha espaço pra mim nessa confusão toda… mas queria que você soubesse que, se algum dia você se libertar disso e quiser recomeçar… me procure.
Meu coração bateu tão forte que doeu. Tantas coisas não ditas entre nós, tantos "e se". Senti os olhos se enchendo de lágrimas, mas segurei.
— Guilherme, eu…
— Não precisa responder — ele cortou, sorrindo de leve. — Só queria que você soubesse.
Ele se aproximou, passou a mão com carinho na lateral do meu rosto e me deu um beijo na testa como ele sempre fazia antes de nos despedimos. Aquele gesto, tão familiar, me desmontou por dentro.
Meus olhos se encheram de lágrimas enquanto eu via Guilherme se afastar. Senti um aperto no peito... e se eu tivesse escolhido ficar com ele?
— Então é isso que você anda fazendo durante essa semana toda longe de casa?
Levei um baita susto com a voz de Alessandro surgindo atrás de mim. Virei rápido, com a mão no coração, tentando entender se era real ou se eu tinha imaginado.
Mas não… era ele mesmo, parado ali, com o maxilar travado e a raiva estampada no rosto.
O jeito que ele veio caminhando até mim me fez gelar. Ele estava claramente tentando se controlar, mas dava pra ver que estava por um fio.
Quando chegou perto o suficiente, seus olhos quase perfuraram os meus.
— O que foi isso, Larissa? — perguntou com aquela voz tensa e baixa, que só usava quando estava prestes a explodir. — É com ele que você anda se encontrando? É ele que mandou aquelas malditas flores?
Meu estômago virou. O jeito como ele falava, como me olhava… era duro, cruel. Mas eu não ia mais me encolher diante disso. Não podia.
Respirei fundo, tentando manter a calma.
— Guilherme é só um amigo, Alessandro. Ele só estava sendo gentil, preocupado comigo e com a mãe dele. A Dona Fátima está internada aqui e vim visitá-la.
Ele deu uma risada seca, quase debochada, e apertou os punhos.
— Lari?! — ouvi a voz de Catherine se aproximando.
Apoiei as mãos na pia, respirando fundo antes de olhar pra ela.
— Tô viva… mas por pouco — murmurei, enxaguando a boca e lavando o rosto. — Encontrei com o Alessandro no hospital. A situação foi pesada.
Ela cruzou os braços na porta, me olhando com aquele olhar de mãe desconfiada.
— E vocês brigaram?
— Óbvio. Acha que a gente sabe fazer outra coisa?
— Hm… você tá branca igual parede de hospital. Vai querer comer? Tô fazendo um arrozinho com frango que tá cheirando maravilhosamente bem — falou com um sorriso animado.
— Melhor não. Só de sentir o cheiro já me deu vontade de correr pro vaso de novo.
— Eita. Que dramática. Tá menstruada, por acaso?
— Que eu saiba, não. — Falei franzindo a testa. — Acho que é só o estresse mesmo.
Subi pro quarto e deitei. Apaguei na hora, tipo celular descarregado. Quando acordei, estava com uma fome de leão. Desci, fiz um sanduíche com tudo que encontrei na geladeira, e sentei no balcão.
Foi aí que meu celular apitou.
Alessandro: Não se esqueça do aniversário da minha avó neste final de semana.
— Já tinha esquecido — murmurei, lembrando do teatro que os velhinhos fizeram na última vez.
Larissa: Tudo bem.
Deixei o celular no balcão com certo nojo e terminei meu sanduíche, mesmo sentindo aquele enjoo insistente. Engoli com dificuldade, mas consegui vencer a batalha estomacal.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Esse tbm. Será que nunca vou ler grátis...