Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 20

Depois de um tempo sentada ao lado da cama do meu pai, decidi tomar um banho. O hospital era particular, e o quarto dele era espaçoso, com um banheiro privativo e uma poltrona reclinável para acompanhantes.

Precisava tirar aquele peso do cansaço da viagem e da tensão do dia.

A água quente escorria pelo meu corpo, mas não levava embora minhas preocupações. O que aconteceria a partir de agora? Eu precisaria reorganizar tudo para acompanhar meu pai no tratamento.

E Alessandro? Ele sequer percebeu minha ausência?

Suspirei, terminando o banho. Vesti uma roupa confortável e voltei para a poltrona ao lado da cama do meu pai. Já passava da madrugada, e o silêncio do hospital me envolvia.

Encostei a cabeça no apoio da poltrona e fechei os olhos. O sono veio aos poucos, e antes de apagar completamente, um pensamento insistente passou pela minha mente: Alessandro não ligou, não mandou mensagem, não perguntou onde eu estava. Provavelmente, nem notou que eu tinha viajado.

Talvez estivesse ocupado com Chiara.

Isso não deveria me incomodar mais, mas incomodava.

Deixei esses pensamentos de lado e permiti que o sono me envolvesse.

***

Acordei com os primeiros raios do sol entrando pela janela. Me espreguicei devagar, sentindo o corpo dolorido da viagem e da noite mal dormida. Levantei e fui até o banheiro para me preparar, lavando o rosto e ajeitando o cabelo.

Quando saí, ouvi um barulho leve vindo da cama. Meu pai estava acordado, me olhando com um pouco de surpresa nos olhos cansados.

Aproximei-me e sorri de leve.

— Bom dia - disse, puxando a cadeira para me sentar ao lado dele. — Como você está se sentindo?

Ele suspirou, ainda um pouco sonolento.

— Bem… dentro do possível.

Cruzei os braços, observando-o.

— Pai… por que você continuou fumando?

Ele desviou o olhar, sem responder de imediato.

— Álvaro… - chamei pelo nome, sabendo que, se o tratasse apenas como "pai", ele poderia tentar escapar do assunto.

Ele soltou um suspiro e olhou para o teto.

— Eu achei que daria conta. Que não voltaria…

— Mas voltou - completei, balançando a cabeça. — E agora você está aqui de novo.

O silêncio dele foi resposta suficiente.

Suspirei, passando as mãos pelo rosto.

— Eu vou encontrar alguém para ficar com você, para te ajudar com tudo isso. Uma enfermeira. E vou te visitar constantemente.

Ele fez uma careta, balançando a cabeça.

— Não precisa. Eu não vou mais fumar.

Segurei a mão dele entre as minhas, sentindo sua pele áspera e fria.

— Desculpa, pai, mas eu não posso confiar nisso.

Ele abriu a boca para responder, mas eu continuei antes.

— E sabe por quê? Porque eu te amo. E porque eu me importo o suficiente para não deixar você sozinho nessa. Dessa vez, não.

Ele desviou o olhar, claramente desconfortável.

— Você tem a sua vida, Larissa. Seu casamento, seu trabalho…

Forcei um sorriso.

— Sim, tenho. Mas ainda assim, você é prioridade.

Ele ficou em silêncio por um momento, me observando. Se soubesse que meu casamento estava desmoronando, provavelmente tentaria me afastar ainda mais dessa responsabilidade. Mas agora, nada disso importava.

***

Três dias haviam se passado, e eu estava terminando de arrumar nossas coisas. Meu pai, como sempre, resmungava enquanto eu dobrava suas roupas e colocava tudo na mala.

— Não precisava de tudo isso, Larissa. Eu sei me virar.

Revirei os olhos e ri, fechando o zíper da mala dele.

— Claro que precisava, pai. Não adianta resmungar, eu só estou cuidando de você.

Antes que ele retrucasse, me aproximei e beijei sua bochecha. Ele bufou, mas um pequeno sorriso apareceu em seu rosto.

O Doutor Henrique entrou no quarto com uma pasta na mão. Ele nos cumprimentou e se aproximou da cama do meu pai.

— Álvaro, aqui estão seus exames. No geral, a cirurgia foi um sucesso, mas como conversamos antes, é fundamental que você tenha acompanhamento médico contínuo. Assim que voltar para sua cidade, deve marcar consultas regulares com o seu oncologista e iniciar a quimioterapia o quanto antes.

Meu pai apenas assentiu, com um semblante sério.

— Eu sei, doutor. Vou fazer tudo direitinho.

Olhei de canto para ele. Não confiava muito nessa promessa, mas agora eu tinha alguém para supervisioná-lo.

— Obrigada, doutor Henrique. Por tudo — agradeci com sinceridade.

Ele sorriu e assentiu antes de sair do quarto.

Poucos minutos depois, estávamos no estacionamento do hospital. Peguei o celular e comecei a chamar um Uber para nos levar até o aeroporto. Foi então que ouvi uma voz grossa e firme atrás de mim.

— Larissa.

Meu corpo ficou tenso na hora. O frio na barriga veio imediatamente, e eu fechei os olhos por um segundo antes de me virar.

Alessandro estava parado ali, com seu olhar sempre imponente, vestindo um terno impecável. Ele se aproximava com passos firmes, e meu pai também se virou, olhando de Alessandro para mim, claramente surpreso.

— O que você está fazendo aqui? — perguntei, franzindo o cenho.

Ele não respondeu. Apenas cumprimentou meu pai com um aperto de mão rápido e, em seguida, olhou para mim.

— Vamos. O jatinho está esperando.

Cruzei os braços, irritada com a ordem.

— Eu já comprei nossas passagens, Alessandro. Não precisava vir.

Ele respirou fundo, visivelmente impaciente.

— Seu pai acabou de sair de uma cirurgia. É melhor e mais confortável ele voltar no jatinho. Sem esperas, sem filas, sem riscos desnecessários.

Olhei para meu pai, que observava tudo em silêncio. Droga, Alessandro tinha um ponto. Voar no jatinho particular dele realmente seria mais rápido e menos cansativo.

Bufei, voltando a digitar no celular para cancelar o Uber. Mas no exato momento, senti a mão de Alessandro segurar a minha.

— Larissa… — Ele disse meu nome com um tom mais calmo, como se estivesse tentando amenizar a tensão.

Engoli em seco e desviei o olhar.

— Tá bom — murmurei, irritada.

Fechei o celular e fui até o lado do meu pai, segurando a alça da mala. Alessandro pegou a outra mala sem dizer nada e começou a andar.

Segui ao lado do meu pai, sentindo seu olhar sobre mim. Eu sabia que ele estava analisando cada detalhe daquela situação. Ele sabia que meu casamento com Alessandro não era perfeito, mas não fazia ideia de que estava à beira do divórcio.

E eu também não pretendia contar agora.

Suspirei fundo e segui Alessandro até o carro que ele havia trazido.

***

一 Por que você está aqui? - Perguntei o encarando. Ele estava sentado de frente para mim enquanto meu pai dormia no quarto do jatinho.

一 Tive negócios em Lisboa e como Margarida me disse que você estava aqui, quis vir buscá-la.

O olhei com mais confusão ainda.

Suspirei fundo e segui Alessandro até o carro que ele havia trazido.

***

O voo de volta foi cansativo, mas finalmente chegamos ao Brasil. Assim que desembarcamos, ajudei meu pai a entrar no carro com cuidado, certificando-me de que ele estava confortável.

Olhei rapidamente para Alessandro, esperando que ele simplesmente se despedisse e fosse embora. Mas, para minha surpresa, ele também entrou no carro, sentando-se ao meu lado. Respirei fundo, reprimindo a irritação.

— Leve-nos para a casa do meu pai - pedi ao motorista, tentando ignorar Alessandro.

O caminho foi silencioso para mim. Apenas o som da cidade preenchia o carro, além da conversa casual entre Alessandro e meu pai sobre negócios. Fiquei calada, focando na paisagem pela janela.

Quando finalmente chegamos, Alessandro saiu primeiro e ajudou meu pai a descer. Foi quando vi um carro se aproximando.

Minhas sobrancelhas se ergueram levemente, e logo a porta do outro veículo se abriu.

— O que ele está fazendo aqui? - Alessandro perguntou com raiva.

O ignorei completamente e segui até Guilherme, que sorriu ao me ver e se aproximou, cumprimentando-me com um beijo na bochecha.

— O que o seu chefe tá fazendo aqui? - ele perguntou baixinho, confuso.

Suspirei, balançando a cabeça.

— Depois eu explico.

Caminhei com ele até meu pai.

— Pai, esse é o Guilherme. Ele será seu enfermeiro.

Meu pai olhou para ele por um instante e, então, algo brilhou em seu olhar.

— Guilherme? Eu te conheço, rapaz. Quanto tempo!

Guilherme sorriu.

— Sim, senhor Álvaro. Faz muito tempo.

— E como vocês se reencontraram? — meu pai perguntou, claramente curioso.

— Foi por acaso, mas tem pouco tempo. - Ele respondeu de forma simples.

A troca de palavras entre os dois me fez sentir aliviada. Pelo menos meu pai parecia confortável com a escolha.

Olhei para Alessandro, que estava um pouco afastado, com as mãos enfiadas nos bolsos da calça e uma expressão fechada. Mas eu não estava nem aí para ele.

— Pai, Guilherme é um excelente profissional. Eu confio nele para cuidar de você.

Meu pai apenas assentiu, tossindo um pouco.

— Vamos entrar? O senhor precisa descansar. - Guilherme sugeriu.

— Sim, claro. - Meu pai concordou.

Antes que eles entrassem, me aproximei e beijei a testa do meu pai.

— Amanhã eu venho te visitar, tá? Descansa bastante.

— Pode deixar, minha filha - ele sorriu fraco.

Olhei para Guilherme.

— Qualquer coisa, me avisa.

— Pode deixar comigo. - ele respondeu com tranquilidade.

Sem mais delongas, me virei e segui para o carro. Passei direto por Alessandro, sem lhe dar atenção, e entrei, fechando a porta com firmeza.

Fiquei encarando a frente, tentando ignorar a irritação crescendo dentro de mim. Mas não durou muito. Logo Alessandro entrou no carro também, fechando a porta com força.

Sem dizer nada, ele saiu dirigindo da mansão. Eu sabia que uma tempestade estava vindo.

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