(Larissa)
Eu suspirei, sentindo a tensão se acumular nas têmporas enquanto massageava a lateral da cabeça. A dor estava piorando, provavelmente pelo tempo que eu já passava encarando a tela do computador e tudo o que vem acontecendo.
Fechei os olhos por alguns segundos e respirei fundo, tentando afastar o incômodo.
O som do celular vibrando sobre a mesa me fez abrir os olhos. Peguei o aparelho sem pressa, mas meu coração deu um pequeno salto ao ver que era o número do meu pai.
— Pai? - atendi rapidamente, esperando ouvir sua voz.
Mas não era ele.
— Senhora Larissa? - uma voz masculina, formal, respondeu do outro lado da linha. — Seu pai está internado e precisamos que alguém o acompanhe. Ele pediu para chamá-la.
Minha respiração travou.
— Internado? Mas... ele já estava bem melhor! O que aconteceu?
— Ele precisou passar por uma cirurgia - o homem explicou. — Vai precisar ficar internado por três dias e precisa de um acompanhante.
Meu coração disparou. Eu sabia que meu pai ainda não estava cem por cento, mas não esperava isso.
— Me mande o endereço. Estou indo agora.
Desliguei, sentindo a urgência me dominar. Fechei o notebook sem nem pensar duas vezes e comecei a juntar minhas coisas, jogando tudo na bolsa o mais rápido possível.
Peguei o celular novamente e saí apressada da sala, indo direto até o escritório do Sr. Oliveira. Bati na porta, esperando que ele mandasse entrar e quando o fez, tentei manter a calma.
— Sr. Oliveira, preciso de uma dispensa de três dias. Meu pai foi internado e precisa de um acompanhante.
Ele franziu a testa.
— Seu pai? Está tudo bem?
— Ele passou por uma cirurgia. Eu preciso ir agora.
— E o projeto? Está tudo pronto?
Assenti com firmeza.
— Sim, deixei tudo encaminhado. Não precisa se preocupar.
O Sr. Oliveira suspirou, parecendo avaliar a situação, mas logo assentiu.
— Certo. Vá cuidar do seu pai.
— Obrigada.
Saí apressada, sem pensar em mais nada além de chegar ao hospital o mais rápido possível.
Consegui comprar a passagem sem dificuldades, mas a ansiedade ainda não me deixava em paz. A viagem seria longa, mas de avião seria mais rápido do que encarar dezesseis horas de estrada. Eu só queria chegar logo.
Ao entrar em casa, vi Margarida na sala, arrumando algumas almofadas no sofá. Assim que me viu, ela franziu a testa, parecendo notar minha pressa.
— Aconteceu alguma coisa, dona Larissa? A senhora parece agitada.
Forcei um sorriso, tentando não demonstrar minha preocupação.
— Está tudo bem, Margarida. Vou viajar e passar três dias fora.
Ela me olhou por um instante, avaliando minha expressão, e então assentiu.
— Está mesmo tudo bem? A senhora está diferente...
Margarida sempre foi respeitosa comigo, mas também percebia detalhes que muitos ignoravam.
— Sim, está tudo certo. Vou ver meu pai - respondi, pegando o celular para confirmar o horário do voo.
— Ah, entendi... - Ela assentiu e, sem questionar mais, me seguiu enquanto eu subia as escadas apressada.
Entrei no quarto e fui direto para o armário, pegando uma mala de tamanho médio.
Comecei a pegar algumas roupas, tentando ser rápida, mas meus pensamentos estavam acelerados. Margarida, sempre prestativa, se aproximou para ajudar.
— A senhora falou pro patrão? - perguntou, enquanto dobrava uma blusa e a colocava dentro da mala.
Meus movimentos pararam por um segundo. Fechei os olhos brevemente e respirei fundo antes de responder.
— Não.
Ela ergueu o olhar para mim, surpresa.
— Quer que eu avise?
Senti meu estômago afundar.
— O quê? Mas… como? Ele estava bem…
Dr. Henrique suspirou, ajeitando os óculos no rosto.
— Seu pai nos contou que não parou de fumar. Ele foi avisado de que, se continuasse, correria um risco alto de recidiva. Infelizmente, foi o que aconteceu.
Meus olhos se desviaram para minhas próprias mãos, que estavam entrelaçadas no meu colo. Eu me senti culpada.
Tão preocupada com a minha própria vida, com Alessandro, com Chiara, que não percebi o que estava acontecendo com meu próprio pai. Eu deveria ter insistido mais, deveria ter ficado mais presente.
— Como ele está agora? - perguntei, erguendo os olhos para o médico.
Dr. Henrique se recostou na cadeira antes de responder.
— O tumor foi retirado na cirurgia, mas seu pai está muito debilitado. Ele precisa de acompanhamento constante. É essencial que ele não fume mais, de forma alguma. O corpo dele já está fraco, e outra cirurgia não será uma opção caso o câncer retorne.
Assenti, sentindo um aperto no peito.
— Ele vai precisar de quimioterapia?
— Sim. A quimioterapia será necessária para eliminar qualquer possibilidade de células cancerígenas restantes. Ele começará o tratamento em breve, mas precisa de alguém que cuide dele vinte e quatro horas por dia.
Pisquei algumas vezes, processando a informação. Então, respirei fundo e olhei para ele com firmeza.
— Eu vou cuidar dele.
Dr. Henrique assentiu.
— Fico feliz em ouvir isso. Agora, venha comigo. Vou te levar até ele.
Levantei-me e o segui pelos corredores do hospital, sentindo meu coração martelar no peito. Quando entramos no quarto, minha respiração ficou presa por um segundo.
Meu pai estava ali, respirando com a ajuda de aparelhos. Seu rosto parecia ainda mais envelhecido, mais magro. Aproximando-me devagar, soltei um longo suspiro. Ele ainda dormia, o peito subindo e descendo devagar.
Puxei uma cadeira e me sentei ao lado da cama.
Ele tinha outro filho, com a nova esposa, mas eu sabia que eles só se importavam com o dinheiro dele. Nunca estiveram realmente presentes. Agora, era só eu.
Apoiei as mãos no rosto por um instante, tentando organizar meus pensamentos. Eu precisava decidir o que fazer, mas uma coisa era certa: eu ficaria ali com ele.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Esse tbm. Será que nunca vou ler grátis...