Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra romance Capítulo 148

Ele foi quem quebrou o silêncio primeiro.

— Como o Gabriel tá? Nem consegui passar lá hoje...

Olhei pra ele, percebendo que a preocupação era genuína.

— Tá bem. Foram uns amiguinhos brincar com ele hoje à tarde. Se continuar tudo certinho, ele volta pra escola em duas semanas.

O sorriso que surgiu nos lábios dele foi tão verdadeiro que me pegou de surpresa.

— Que notícia boa... — ele disse, com um brilho nos olhos que eu não via há muito tempo. E então, mais baixo, quase como se falasse só pra ele mesmo — Não vejo a hora de ouvir ele me chamando de pai...

Engoli em seco. Aquilo me atingiu de um jeito que eu não esperava.

— Isso vai acontecer com o tempo, Alessandro. Você só precisa estar lá. Ser constante, Gabriel vai entender... e vai sentir.

Ele assentiu, respirando fundo. O sinal ficou vermelho e ele virou o rosto pra mim, os olhos encontrando os meus com uma intensidade que me fez desviar.

— Obrigado por aceitar vir. Eu sei que não é fácil... mas significa muito pra mim.

— Vamos ver como esse jantar vai ser primeiro — brinquei, tentando quebrar o clima, e ele riu.

— Tá bom. Prometo tentar impressionar.

Sorri de leve, olhando pela janela. Meu coração ainda batia forte, mas agora… de um jeito diferente.

Como se estivesse começando a acreditar.

***

O carro parou em frente ao restaurante mais sofisticado da cidade. Eu já tinha passado por ele algumas vezes, mas nunca tinha entrado. As luzes suaves, os detalhes da fachada… tudo ali transbordava elegância. E de repente, eu me senti nervosa de novo.

Alessandro deu a volta e abriu a porta pra mim, como um perfeito cavalheiro. Quando entrei, fui recebida com um “boa noite” cordial de um funcionário, que já parecia estar esperando por nós.

— Preparei algo um pouco mais reservado pra gente — ele disse baixinho, enquanto me guiava.

Passamos por alguns salões até chegarmos a um espaço mais discreto, separado por divisórias de vidro e cortinas delicadas. A iluminação era suave, tinha uma mesa para dois com velas, e a trilha sonora instrumental deixava o clima ainda mais íntimo.

Ele puxou a cadeira pra mim e eu me acomodei. Logo um garçom se aproximou com uma garrafa de vinho que ele mesmo abriu, servindo nossas taças.

— Uau… — comentei após o primeiro gole — Esse vinho é realmente bom.

Alessandro sorriu.

— Eu quis o melhor pra você.

Aquela frase, dita daquele jeito, com aquele olhar... fez meu estômago se revirar. Ele não tirava os olhos de mim. Tinha uma tensão leve no ar, como se ele estivesse se preparando pra algo.

E estava.

Ele respirou fundo, deixou a taça de lado e me encarou com uma sinceridade que me desarmou.

— Eu sei que esse é um assunto difícil… mas se existe uma chance real da gente recomeçar, eu preciso ser sincero com você. Totalmente.

Eu assenti devagar. Meu coração acelerou, mas eu queria ouvir. Eu precisava entender.

Ele passou as mãos pelo cabelo, nervoso.

— Quando me disseram que eu ia me casar, fiquei revoltado. Não era só porque eu não te conhecia… era porque, naquele tempo, eu ainda esperava pela Chiara. — A voz dele falhou um pouco, mas continuou. — A forma como ela foi mandada embora pra Itália… foi tudo muito rápido. Estávamos juntos, namorando e de repente, ela sumiu. Me disseram que os pais dela a levaram à força, que era o melhor pra família… eu ainda tentei lutar, mas meu pai, meus avós… ninguém deixou.

Eu não sabia o que dizer. Só fiquei ouvindo, ele mantinha os olhos fixos na toalha da mesa, como se precisasse desabafar tudo de uma vez.

— Eu esperei. Achei que ela voltaria, mas aí veio esse casamento arranjado com você. Uma mulher que eu nunca tinha nem visto na vida. Eu prometi pra mim mesmo que ia fazer da sua vida um inferno até você desistir.

— E eu desisti… — murmurei, com um sorriso triste.

— Eu sei. E quando você cancelou o casamento, eu fiquei aliviado. Três anos se passaram… e então, você resolveu se casar de novo. — Ele me olhou, firme. — Só que dessa vez, eu soube que você tinha sido traída.

Desviei os olhos. Não queria lembrar, nem de Luciano e daquela cena.

— Então remarcaram nosso casamento. E eu… — ele fez uma pausa longa, encarando a taça de vinho — eu achei que você só queria o dinheiro. Que estava aceitando pra salvar a empresa do seu pai.

Eu assenti.

— No começo foi isso mesmo.

— Eu me preparei pra te odiar — ele confessou. — Mas quando te vi… com aquele vestido simples, no cartório, com o cabelo solto e aquele olhar firme… eu te achei linda. E me senti mal por isso. Era como se eu estivesse traindo a Chiara só por te achar bonita.

Minhas mãos apertaram a barra da toalha. Eu me lembrava bem daquele dia, estava tentando ser forte. Mas por dentro, só queria desaparecer.

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