O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 70

A porta da sala se abriu e Roberto entrou com seu jeito descontraído de sempre, sorrindo ao ver Celina.

— Minha musa resolveu aparecer? — brincou ele, olhando diretamente para ela com um sorriso aberto.

Thor, que estava sentado no sofá ao lado de Celina, se enrijeceu na hora. Seu olhar sério se fixou em Roberto, uma expressão quase instintiva de defesa.

Tatiana percebeu o clima e rapidamente se levantou.

— Oi, amor — disse, indo até Roberto e lhe dando um selinho. — Amor, esse é o Thor... ele é...

Ela hesitou por um instante, tentando escolher as palavras certas para aquela apresentação que carregava muito mais do que formalidade.

Thor observou o gesto entre Tatiana e Roberto e, naquele momento, os traços tensos em seu rosto suavizaram. A peça que faltava no quebra-cabeça se encaixava. Ele entendeu, finalmente, que Roberto era o marido de Tatiana — não um ex ou atual de Celina —, o que explicava por que Celina estava hospedada ali durante o divórcio.

Levantando-se, Thor estendeu a mão.

— Namorado da Celina. Muito prazer — disse com firmeza e um discreto sorriso.

Roberto apertou a mão dele com simpatia.

— O prazer é meu, Thor. Quer tomar alguma coisa?

Celina, um pouco envergonhada, se adiantou:

— Eu vou lá no quarto pegar minhas coisas.

Tatiana franziu o cenho.

— Como assim? Acabou de chegar.

Antes que Celina pudesse responder, Thor falou com naturalidade, olhando para ela com ternura:

— É que eu acostumei a dormir sentindo o perfume dos cabelos de uma certa pessoa. Ela vai pra cobertura comigo hoje.

Celina corou imediatamente. Tatiana deu uma risadinha e piscou para ela.

— Eu subo com você. — E, antes de seguir, virou-se para os dois homens: — Fiquem à vontade, viu?

Roberto então fez um gesto com a cabeça.

— Bora lá, Thor. Vamos até a adega.

Os dois desceram alguns degraus até o ambiente acolhedor e elegante da adega particular da casa. Roberto abriu o móvel de bebidas com habilidade.

— O que vai querer? Whisky? Vinho? Um gin?

Thor escolheu com tranquilidade, observando o ambiente ao redor antes de responder.

— Um whisky tá ótimo.

Enquanto servia os copos, Roberto falou com honestidade:

— A gente conhece a Celina há bastante tempo. Ela é uma amiga muito querida.

Thor apenas assentiu com a cabeça, atento.

— E olha, vou te dizer uma coisa — continuou Roberto, entregando o copo a ele —, tô feliz de ver que ela se permitiu ser feliz de novo. Porque, com o meu amigo César, ela sofreu... e sofreu demais.

Thor apertou os lábios, sentindo o peso daquelas palavras.

— Espero que você não faça ela sofrer — completou Roberto com franqueza. — Porque ela não merece mais uma decepção.

Ele fez uma pausa, bebendo um gole.

— A gente sabe que não vai ser fácil... Mas decidimos fazer dar certo. Um passo de cada vez.

Ela fechou a pequena mala, pegou a nécessaire e deu uma olhadinha rápida em volta do quarto. Tatiana apontou com o queixo:

— Não esquece os remédios. Devem estar na mala.

— Estão na bolsa — respondeu Celina, conferindo rapidamente. — Quando eu voltar eu arrumo essa mala.

— Pode deixar, vai tranquila. Aproveita esse momento — respondeu com um sorriso.

As duas desceram as escadas lado a lado, e seguiram em direção à adega, de onde vinham vozes abafadas e risadas. Ao entrarem, encontraram os dois homens imersos numa conversa descontraída sobre viagens e negócios.

Celina aproximou-se de Thor por trás e lhe deu um selinho carinhoso no canto da boca.

— Já estou pronta.

Thor se virou para ela e sorriu.

— A conversa aqui tá boa, mas acho que está na hora de ir — disse, voltando-se para Roberto. Ele se levantou, estendeu a mão e em seguida o puxou para um abraço amigável. — Obrigado pela recepção, irmão.

— Foi um prazer, Thor. Apareça mais vezes — respondeu Roberto com sinceridade.

Thor se despediu também de Tatiana com um beijo no rosto.

— Obrigado por tudo. E por cuidar tão bem da Celina.

— Cuide dela como eu cuidaria — disse Tatiana, firme e afetuosa ao mesmo tempo.

Celina trocou um último olhar cúmplice com a amiga, e então saiu ao lado de Thor. Lá fora, a noite de São Paulo já estava viva, e o carro os aguardava sob a luz dos postes.

Eles entraram, e, sem pressa, seguiram rumo à cobertura dele — para uma noite que mudaria o rumo de suas vidas.

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