No carro, o silêncio entre Thor e Celina não era incômodo — pelo contrário, era confortável, íntimo. A cidade brilhava lá fora, com luzes que se espalhavam no horizonte como pequenos vaga-lumes presos ao concreto. Thor dirigia com uma mão e, com a outra, segurava a dela, acariciando levemente seus dedos. Ele lançou um olhar rápido para ela e perguntou com a voz baixa, grave e cheia de ternura:
— Quer parar em algum lugar pra jantar? Conheço um bistrô discreto aqui perto.
Celina sorriu, embora seus olhos denunciassem o cansaço da viagem.
— Não... prefiro algo mais simples hoje. Tô bem cansada. Se você tiver algo pra beliscar na sua casa, já tá ótimo.
Thor sorriu de lado, satisfeito com a resposta. Ele levou a mão dela aos lábios e depositou um beijo demorado sobre os dedos.
— Então é lá em casa mesmo.
Pouco depois, estacionaram na garagem da torre onde ficava a cobertura de Thor. No saguão, ele pediu que Celina o acompanhasse até a recepção para que fizessem seu cadastro, garantindo acesso livre ao apartamento.
Enquanto a recepcionista digitava os dados, Thor se inclinou e sussurrou no ouvido de Celina, com um sorriso malicioso:
— Um dia desses, quero você chegando de surpresa... com uma lingerie matadora, escondida por baixo de um sobretudo. Pode ser?
Celina arregalou os olhos, corou, e virou-se para ele com um meio sorriso escandalizado:
— Thor! Você é muito safado.
Ele deu um passo mais perto, a voz baixa e rouca:
— Com você, posso ser.
Eles riram discretamente. Com o cadastro feito, entraram no elevador privativo. O elevador subia silencioso, luxuoso e confortável, mas dentro dele, o coração de Celina parecia um tambor desgovernado. Thor segurava sua própria mala em uma mão e a de Celina na outra. Ela, sorridente, enlaçava o braço livre dele, como se aquilo lhe desse alguma segurança. Os corpos próximos, envoltos por aquela eletricidade silenciosa que nascia dos pequenos gestos.
Mas o destino, sempre imprevisível, aguardava com um golpe baixo.
A porta do elevador se abriu diretamente na ampla sala da cobertura, e o que os esperava ali congelou o tempo. O semblante de Thor se fechou imediatamente. Celina perdeu o sorriso no mesmo instante e soltou o braço dele, o brilho nos olhos esmaecendo.
— Amor! — disse Isabela, com os olhos brilhando de falsa alegria. Ela caminhou até Thor sem dar tempo para reações e, diante de Celina, o beijou nos lábios sem cerimônia. — Que saudade que eu estava...
Thor afastou Isabela com firmeza, sem retribuir o gesto. Olhou para Celina imediatamente, o olhar desesperado, como se quisesse apagar aquele instante. Mas já era tarde.
Celina, paralisada, ficou sem saber onde colocar as mãos. Um calor desconfortável subiu por sua nuca, o rosto ardendo de vergonha, como se tivesse sido pega invadindo um território que nunca deveria ter pisado. Sentia-se invisível e exposta ao mesmo tempo.
— Que bom que chegou, filho! — exclamou Angélica, mãe de Thor, com um sorriso gentil.
Raul, o pai dele, apenas assentiu com a cabeça.
Thor deu um passo à frente, cerrando os olhos, irritado.
— O que está acontecendo aqui? — perguntou, a voz firme.
Isabela, com seu jeitinho doce e calculado, pensou em silêncio: Se eu tivesse armado pra essa vadia, não teria saído tão perfeito...
Em voz alta, riu com suavidade fingida:
— Como assim, amor? É normal sua noiva vir à sua casa. E seus pais também. Queríamos te fazer uma surpresa.
Angélica a olhou com ternura, depois lançou um olhar cortante para o filho — uma mistura de reprovação e aviso.
— Não precisa se justificar, querida. Você é muito linda. E é um prazer te conhecer.
Celina sorriu, sem saber onde pisar.
Isabela, sentando-se no sofá com ares de dona do lugar, completou com doçura venenosa:
— Sinta-se à vontade, Celina.
Thor então, ainda com o maxilar travado, largou as malas no chão e fez um gesto para que todos se acomodassem. Raul puxou conversa:
— E a viagem pra Dubai, filho? Correu tudo bem?
Thor assentiu, os olhos voltados para Celina, como se tentasse protegê-la apenas com o olhar.
— Tudo dentro do previsto. Mas confesso que tô mais surpreso com o que encontrei aqui do que com qualquer coisa do outro lado do mundo.
Angélica percebeu o abismo que se formava ali e decidiu intervir antes que ele os engolisse.
— Vamos jantar. Já está tudo pronto.
Enquanto se dirigiam para a sala de jantar, Celina sentia o estômago embrulhado, e não era de fome. Ela sabia que aquela noite seria decisiva. Sabia que o jogo havia mudado.
E ali, naquela cobertura, entre olhares, palavras veladas e tensões não ditas, o verdadeiro conflito estava apenas começando.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR
depois que começou a cobrar ficou ruim seguir com a leitura...
Desde quando esse site cobra? Já li inúmeros livros e é a primeira vez que vejo cobrar....
Pq não abre os capítulos? Mesmo pagando?...
Eu comprei os capítulos, mas eles não abrem. Continuam bloqueados, mesmo depois de pago...
Comprei os capítulos, mas não consigo ler. Só abrem depois de 23:00 horas. Não entendi...