O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 146

Celina andando respirou fundo.

— Calma, Celina. Calma... Já deu tudo certo, murmurou para si mesma.

Entrou na recepção da cobertura, mas foi barrada.

— Só pode subir com autorização — disse o funcionário da noite.

— Eu tenho autorização. Vou para a cobertura do Thor Miller.

— Preciso verificar. Documento, por favor. — disse o recepcionista.

Celina entregou. O rapaz consultou o sistema e, após alguns segundos, disse:

— Sinto muito. A senhora não está cadastrada. Não posso autorizar a entrada.

— Mas... está houvendo algum engano. — disse Celina, já ficando nervosa — Eu já vim aqui com Thor, fiz o cadastro com outro funcionário. Fizemos até foto...

— A equipe de hoje é nova. Houve troca. Sinto muito senhora.

Celina pegou o celular. Ligou para Thor. Desligado. Mandou mensagem para Dona Sara. Sem resposta. Voltou-se para o atendente:

— Pode ligar para ele? Deve haver algum erro.

— Sinto muito — repetiu ele.

Celina agradeceu, com os olhos marejados. Virou-se e saiu, as lágrimas já escorrendo pelo rosto.

Gabriel estava inquieto dentro do carro com a mão esquerda no volante e a direita segurando o celular, ele mantinha os olhos fixos na tela, esperando uma simples notificação: “Cheguei” de Celina .

Uma mensagem que ela prometera enviar assim que entrasse no apartamento de Thor. Mas o celular permanecia mudo, tão silencioso quanto o vazio que começava a se instalar dentro dele.

Inquieto, tamborilava os dedos contra o couro do volante, como se a repetição do gesto pudesse acelerar o tempo ou mudar a realidade. Um nó no estômago começava a apertar, embora ele tentasse racionalizar: talvez fosse o elevador demorado, talvez o sinal estivesse ruim... talvez nada estivesse errado. Mas então ele a viu.

Celina.

Descendo pelas escadas de frente do edifício, com o corpo curvado para frente, como se o próprio peso da dor a arrastasse. Os cabelos presos às pressas em um coque desalinhado, os olhos inchados, vermelhos e marejados. Carregava consigo um desespero tão palpável que era como se a cidade inteira parasse para observar o drama silencioso que se desenrolava à luz da noite.

Gabriel nem pensou. Largou o celular no banco do passageiro e saiu do carro rapidamente.

— Celina! — chamou, apressando o passo até alcançá-la na calçada. — O que aconteceu?

Ela mal conseguiu olhar para ele. As lágrimas escorriam descontroladas, a respiração era entrecortada, e a voz saiu num soluço alto, desesperado.

— Eu... eu não tô entendendo mais nada, Gabriel.

Ele franziu a testa, preocupado, tomando o rosto dela entre as mãos com cuidado, tentando entender o que havia por trás daquele estado de choque.

— O que houve, Celina?

— Eu tenho autorização pra entrar na cobertura! O Thor fez comigo! Eu tirei a foto, fiz o cadastro, tudo direitinho! Entrei aqui ontem, Gabriel... entrei! E hoje, hoje me barraram! Disseram que eu não tô cadastrada, que nunca estive! Eu... eu tentei falar com o Thor, mas o celular dele tá desligado! Fora da área de cobertura! Isso nunca aconteceu! — falou, a voz carregada pela angústia.

Gabriel sentiu um arrepio correr pela espinha.

— Celina, calma. Nós vamos descobrir o que tá acontecendo, eu prometo. Só me dá um minutinho.

Ele pegou o celular, abriu o W******p, atualizou os contatos. A tensão dele aumentou quando viu que o número de Dona Sara agora exibia uma foto de perfil.

— Estranho... — murmurou.

— O quê? — perguntou Celina, assustada.

— Nada... nada, só... vamos focar no Thor agora, tá?

Ele respirou fundo, depois virou-se para ela com um leve sorriso, tentando aliviar a tensão.

— Agora vou colocar o meu número no privado. Vai que ele me reconhece e me dá outro soco na cara, né?

Celina esboçou um sorriso fraco. Gabriel sorriu também, satisfeito por pelo menos conseguir quebrar, por um segundo, o ciclo do desespero.

— Thor não vai gostar nada de saber que sou eu ligando pra ele... — disse, em tom de brincadeira.

Ela assentiu, os olhos ainda marejados, mas agora um pouco mais calma.

— Fica quietinha agora... deixa eu tentar — disse ele.

Gabriel tocou para fazer a ligação. Uma, duas chamadas. Do outro lado, o toque cessou e uma voz masculina atendeu de forma seca:

— Alô.

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