Celina deu um pulo no banco, a boca entreaberta. Gabriel sentiu a mão dela apertar a sua com força. Ele segurou, transmitindo segurança com o toque.
A voz do outro lado repetiu:
— Alô, quem tá falando?
O silêncio de Gabriel foi estratégico. Ele queria ouvir, sentir, entender o tom. Mas não houve muito tempo.
Thor novamente fala, de forma ríspida:
— Alô? Quem tá falando?
Como ninguém responde nada, Thor desliga o telefone abruptamente. O silêncio dentro do carro é cortado apenas pelo som da respiração acelerada de Celina. Por um segundo, ela parece não acreditar no que acabou de acontecer.
Seus olhos se arregalam, e ela aperta ainda mais a mão de Gabriel, como se aquilo fosse a única coisa que a ancorasse à realidade. A voz dela sai fraca, trêmula, quase em um sussurro sufocado pela dor:
— Ele... ele atendeu, Gabriel... ele atendeu! Por que não falou comigo? Por que tá me ignorando? O que tá acontecendo?
Gabriel engole em seco. Ele já entendeu. E agora, mais do que nunca, ele sabe que Celina precisa de chão. De cuidado. De proteção. E principalmente ouvir umas verdades.
Com a voz calma, mas firme, ele responde:
— Já entendi tudo, Celina. Se acalma. Eu vou te levar pra casa e lá a gente conversa melhor. Tudo bem?
— Mas...
Ela tenta protestar, confusa, desesperada, mas Gabriel a interrompe com suavidade, com o olhar fixo nela e uma mão ainda apertando a sua, como um porto seguro:
— Só confia, Celina. Você vai entender.
Gabriel então dá partida no carro. O motor ronca suavemente e eles seguem pela avenida. O caminho até o apartamento de Celina é feito em completo silêncio. Do lado de fora, a cidade pulsa com sua vida cotidiana — buzinas, luzes, movimento — mas, dentro do carro, tudo parece suspenso. Celina olha pela janela, com os olhos marejados, enquanto a mente gira em círculos de confusão e angústia. Ela tenta encontrar sentido onde não há. E Gabriel, ao volante, mantém o olhar firme na estrada, mas seu semblante está fechado. Ele está processando tudo, controlando a própria revolta, e pensando na melhor forma de dizer a verdade...
Quando Gabriel e Celina entraram no apartamento, o silêncio parecia pesar nos ombros de ambos. A cidade lá fora ainda pulsava, mas ali dentro, tudo estava suspenso. Gabriel fechou a porta com calma, como se selasse o mundo do lado de fora. Voltou-se para Celina, com o olhar firme e sereno.
Tomando sua mão com gentileza, ele disse:
— Celina, senta aqui... vamos conversar — disse com a voz serena, mas determinada.
Levantou sua mão com cuidado, como quem protege algo frágil demais para suportar qualquer impacto. Conduziu-a até o sofá da sala e a fez sentar-se ao seu lado, de frente para ele.
— Agora... só me escuta. Eu não quero que você diga nada até eu terminar. Só escuta. Pode ser?
Celina, com o rosto ainda marcado por lágrimas mal enxugadas, apenas assentiu com um movimento contido da cabeça.
— Você está tão cega pelo desespero que não está enxergando o óbvio. Não é possível que você não veja que quem está por trás de tudo isso é a Isabela.
Celina arregalou os olhos, surpresa com a afirmação direta.
Ele fez uma pausa e inclinou o corpo para frente, olhando nos olhos dela.
— E você, Celina? Você está preparada?
Ela o olhou, sem responder.
— Você sabe o que quer? — disse ele.
— Claro que sei! Eu quero resolver minha situação com ele. Eu quero que a gente se entenda finalmente.
— Não parece. Desde o começo, eu vejo uma Celina frágil, perdida, indecisa. Uma hora quer o Thor, outra não quer. Uma hora quer lutar, na outra foge. Uma hora você quer contar sobre a gravidez, outra hora os bebês são só seus. Você passou anos em um casamento tóxico, anulou sua vida, não teve carreira, não se atualizou, não seguiu com os estudos. Se jogou em um relacionamento e confiou toda a sua vida num homem que não merecia metade de você. Você sabe que casamento não é estabilidade garantida pra ninguém, né?
Celina respirava com dificuldade, os olhos cheios d’água, mas permanecia calada.
— O César fez o nome dele, cresceu, se realizou. E você? Onde você ficou nessa história?
Gabriel se levantou, caminhando devagar pelo cômodo como se buscasse palavras ainda mais certeiras.
— E o Thor, por todos os defeitos que você me contou... incentivava a esposa falecida a ter a independência dela. E olha que ela nem precisava. Thor é bilionário. Mas ele queria ver a mulher dele crescer. Esse é o certo. Isso é amar.
— Gabriel... por favor... — disse ela, suplicando com a voz embargada.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR
depois que começou a cobrar ficou ruim seguir com a leitura...
Desde quando esse site cobra? Já li inúmeros livros e é a primeira vez que vejo cobrar....
Pq não abre os capítulos? Mesmo pagando?...
Eu comprei os capítulos, mas eles não abrem. Continuam bloqueados, mesmo depois de pago...
Comprei os capítulos, mas não consigo ler. Só abrem depois de 23:00 horas. Não entendi...