O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 145

A tarde avançava lentamente quando Thor, ainda sentindo o corpo pesar e a febre oscilando, resolveu agir. Pegou o celular e ligou para a administração do prédio. Sua voz, ainda rouca, demonstrava certa urgência.

— Boa tarde. Aqui é Thor Miller, da cobertura. Preciso ter acesso às imagens das câmeras de segurança da noite passada.

Do outro lado da linha, a recepcionista titubeou:

— Senhor Miller... infelizmente houve um incidente no sistema. Sofremos uma invasão e perdemos parte das gravações.

Thor se endireitou na cama, franzindo a testa.

— Como assim uma invasão?

— As imagens de ontem estão disponíveis apenas até as 15h. E as de hoje começaram a ser recuperadas somente a partir das 14h. Estamos trabalhando para resolver, mas...

— Isso é inadmissível — interrompeu Thor, irritado. — Um prédio desse nível com falha de segurança?

— Senhor, mesmo os melhores sistemas podem ser invadidos. Pedimos sinceras desculpas.

Thor desligou sem responder. Dez minutos depois, o celular tocou. Era sua mãe, Angélica.

— Filho, eu estive aí de manhã, mas precisei sair às pressas, pois tive uma consulta de última hora. Consegui um encaixe com meu médico e depois tive que fazer uns exames. Estou indo agora te ver.

— Mãe, não precisa. Já estou bem melhor. O banho ajudou, tomei um remédio, estou me cuidando.

— Mas...

— Mãe, agora é você quem precisa cuidar da própria saúde. Vai pra casa, descansa. Me promete?

— Tá bom, meu filho. Qualquer coisa, me liga. Eu te amo.

— Também te amo, mãe.

Quando Thor desligou, Dona Sara entrou no quarto com uma bandeja.

— Sopa, pra você meu filho. Você precisa se alimentar pra recuperar as forças.

— Não estou com fome, senhora Cortez. — disse Thor no mesmo instante.

— Essa é especial — disse ela, colocando a bandeja em seu colo. — Foi feita com muito amor pra você melhorar.

Ele arqueou uma sobrancelha, curioso.

— Sopas são todas iguais, Senhora Cortez.

Ela sorriu, com ternura.

— Essa não. Essa é diferente. Vai por mim.

Thor tomou a primeira colherada com relutância. Depois a segunda. Na terceira, ergueu o olhar.

— Olha... eu não sou fã de sopa, como a senhora bem sabe. Mas essa... a senhora se superou. O tempero está diferente.

Dona Sara sorriu, mas seus olhos marejaram.

— Come tudo, meu filho. Faz bem pra alma.

Ela saiu do quarto, e assim que cruzou o corredor, parou, encostando-se na parede. Chorou em silêncio. Queria tanto dizer a verdade... mas o medo a impedia. Medo de colocar em risco a vida das pessoas que amava.

Na cozinha, enxugando os olhos, lembrou-se de algo. Pegou o caderno onde Celina havia anotado o número, salvou na agenda e enviou uma mensagem:

“Sou eu, Celina, Sara, a governanta do Thor. Olha minha filha, ele acordou agora à tarde, tomou um banho, disse que vai tomar um analgésico e agora está tomando sua sopa. Ele amou, minha filha. Ele não gosta muito de sopa, mas a sua ele amou. Fica tranquila, tá? Se cuida!”

Bloqueou a tela. O celular logo tocou. Era sua irmã.

— Sara! Eu amei a roupinha que você mandou pro seu sobrinho! O entregador acabou de chegar, disse que você pediu pra entregar hoje ainda!

— Como é? — perguntou Dona Sara sem entender nada.

— Isso mesmo! E olha... o cara tava de terno e gravata, parecia segurança de filme! Isso deve ter sido caríssimo. Não precisava gastar assim.

Dona Sara tentou manter a calma.

— Que bom que você gostou, irmã. Fica tranquila... não foi caro. Eu... estou um pouco ocupada, posso te ligar depois?

— Se não for abuso, pode me levar até o prédio do Thor? — ela perguntou toda sem graça.

— Claro. Passo aí em uma hora.

— Você é um amor, Gabriel.

Ele sorriu do outro lado da linha e ela desligou.

Celina levantou-se, tomou um banho, colocou um vestido, ajeitou os cabelos, passou uma maquiagem leve. Preparou uma lasanha rápida no micro-ondas. Enquanto comia, pensava em como tudo estava confuso... mas seu coração já tinha escolhido o caminho.

Escovou os dentes, passou um batom, perfume. O celular tocou — era Gabriel, avisando que estava na porta.

Ela desceu devagar, e ao vê-lo, sorriu. Gabriel abriu a porta para ela.

— Você está linda, Celina.

— Obrigada... — disse ela, corando e o abraçando com carinho.

Ela entrou no carro, colocou o endereço no aplicativo e eles seguiram.

— Me conta essa história de cuidar do seu “chefinho” — brincou ele.

— Ex chefinho. — disse Celina sorrindo.

Durante o trajeto, Celina contou tudo. Ao chegar, Gabriel estacionou.

— Estou feliz que você decidiu parar de se enganar. Você merece ser feliz, Celina.

— Obrigada, Gabriel — disse, abraçando-o. — Volta com cuidado.

— Manda mensagem quando entrar no apartamento que aí eu vou embora tranquilo. — disse ele.

— Tá bom, te mando mensagem assim que estiver lá dentro. — Celina falou saindo do carro.

— Estarei esperando — respondeu ele.

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