Quando o expediente acabou, Celina estava na recepção olhando o endereço no Maps, com o cenho franzido. Zoe apareceu.
— O dia hoje foi turbulento — disse, suspirando.
— É… — Celina concordou, sem tirar os olhos do celular. — Não conheço esse lugar…
— Qual lugar?
— É um apartamento que vou visitar. Penso em alugar. Mas não conheço a região…
Zoe se aproximou para ver.
— Menina! Isso é perto de onde eu moro! Vamos juntas. Hoje não tenho aula. E não aceito não.
Celina hesitou, mas aceitou. Zoe sugeriu irem de metrô para evitar trânsito. Celina torceu o nariz, mas sabia que precisava se acostumar com a nova realidade.
O metrô estava lotado, mas a conversa animada entre as duas fez o tempo passar rápido. Depois de 25 minutos de metrô e 15 de ônibus, chegaram ao prédio.
Celina se identificou na portaria e subiram até o terceiro andar. A corretora já esperava. Apresentou o apartamento: dois quartos, sendo um suíte, sala, cozinha com área de serviço e banheiro. Todo mobiliado.
— E aí, o que achou? — perguntou Celina.
— Gostei! Agora nós vamos ser vizinhas! — brincou Zoe. — Isso não vai prestar!
— Eu também gostei — respondeu Celina com um sorriso. — Fico com ele.
A corretora explicou os próximos passos: documentos por e-mail hoje, assinatura e depósito amanhã. O dono deste apartamento tem pressa em alugar. Celina agradeceu. Zoe a acompanhou até o ponto de ônibus. Enquanto esperavam, trocaram números de telefone.
Quando o ônibus chegou, Zoe se despediu:
— Vai descer na estação do metrô, não tem erro! Boa sorte, vizinha!
Celina chegou tarde na casa de Tatiana, que já estava preocupada.
— Onde você estava, mulher?
— Fui ver um apartamento. Vou alugar. Não é no centro, mas estou feliz. Preciso seguir em frente. — Celina parou diante da amiga e a abraçou com força. — Obrigada por tudo que tem feito por mim, Tati. De verdade.
Tatiana a abraçou de volta, sorrindo.
— Você merece recomeçar, Celina. E eu vou estar sempre aqui.
No hospital, do lado de fora do quarto, o corredor estava silencioso, cortado apenas pelo som dos passos impacientes de Letícia. Ela andava de um lado para o outro, os braços cruzados, o rosto tenso, como se o simples movimento ajudasse a aliviar o peso que sentia no peito. Seus olhos estavam vermelhos, mas agora secos. Havia um cansaço diferente ali — não físico, mas emocional, quase sombrio.
Otávio estava parado, apoiado contra a parede, o olhar fixo na porta branca do quarto onde Isabela estava internada. Seus olhos escuros estavam gelados, mas por dentro, a alma ardia em raiva e frustração. Ele não suportava ver a filha naquela condição — frágil, instável, machucada. A visão de Isabela sendo sedada após o colapso o corroía por dentro.
Letícia parou ao lado do marido. A ausência de palavras entre eles não era estranha. Eram casados há anos, e sabiam se comunicar com um simples olhar. Mas naquele momento, o silêncio não bastava.
— Você viu como ela está? — disse Letícia, quase num sussurro, como se tivesse medo de que a dor aumentasse ao ser dita em voz alta. — Está desabando... perdendo o controle. Isso está matando ela.
— Estou garantindo a melhor estrutura possível para ela. Médicos, enfermeiros, segurança. É mais do que muitas mulheres têm. — respondeu Thor, com uma calma assustadora.
— Ela não precisa de estrutura agora, Thor. — retrucou a médica, firme. — Ela precisa de você. Afeto. Presença. Esse bebê precisa de estabilidade emocional, e ela só terá isso se souber que você está do lado dela.
Thor respirou fundo, desviando o olhar por um breve segundo. Mas logo voltou a encará-la com frieza.
— Eu já fiz mais do que o necessário. Não vou permitir que as emoções dela desestabilizem o que precisa ser controlado. Meu foco é o bebê.
— E Isabela?
— Ela vai se recuperar. Ou não. Mas isso não depende só de mim. Depende dela.
A médica o observou, estarrecida com tamanha insensibilidade. Mas Thor não cedeu.
— Faça sua parte, doutora. — finalizou, antes de sair da sala, sem olhar para trás.
Enquanto isso, do lado de fora do quarto, Otávio olhava mais uma vez para a porta fechada onde sua filha repousava, vulnerável. Voltou-se para Letícia e falou com a firmeza de quem já havia tomado uma decisão definitiva:
— Se ele não for capaz de enxergar o que ela significa, vai se arrepender por cada segundo de afastamento. E se tem algo ou alguém impedindo que minha filha seja feliz ao lado dele... eu juro por Deus que vou tirar do caminho.
Letícia colocou a mão sobre o braço dele. O gesto era discreto, mas carregado de cumplicidade.
Naquela noite, dois pais se tornavam aliados sombrios — e capazes de tudo.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR
depois que começou a cobrar ficou ruim seguir com a leitura...
Desde quando esse site cobra? Já li inúmeros livros e é a primeira vez que vejo cobrar....
Pq não abre os capítulos? Mesmo pagando?...
Eu comprei os capítulos, mas eles não abrem. Continuam bloqueados, mesmo depois de pago...
Comprei os capítulos, mas não consigo ler. Só abrem depois de 23:00 horas. Não entendi...