POV AMÉLIA.
Não demorou para que Héctor fosse informado da chegada do médico.
— Alfa, o médico humano que capturamos para cuidar de Amélia já chegou. — Informou Walter com uma voz firme. Um arrepio percorreu meu corpo. Maldito Héctor… sequestrou um humano para me examinar?
— Mande-o entrar, agora. — Disse Héctor, impaciente. Ouvi a porta se abrir e passos hesitantes ecoaram pelo quarto.
— Examine-a. Agora. — Ordenou Héctor com sua voz fria e autoritária.
— Sim, Alfa. — Respondeu uma voz jovem, mas trêmula. O medo era evidente no tom dele.
Senti pena daquele homem. Ele, assim como eu, era apenas mais uma vítima nas garras de Héctor. Entretanto, ao contrário dele, eu não estava disposta a me render. Mas também não era estúpida. Sabia que confrontar Héctor agora seria um erro fatal.
Então, decidi fingir submissão. Ouvi o médico se aproximar e começou a me examinar com mãos geladas e trêmulas. Cada toque dele me fazia sentir o coração bater acelerado, mas mantive minha respiração calma, como se estivesse adormecida.
— Como ela está? — Perguntou Héctor, impaciente.
— A pressão arterial dela está alta, Alfa. Ela pode estar sofrendo de hipertensão, o que é extremamente perigoso para grávidas. Precisamos estabilizar a pressão imediatamente. — Explicou o médico com uma voz vacilante.
— Desde quando temos hipertensão? — Perguntou Ravina, em minha mente.
— Eu nunca tive… mas talvez, por estarmos tão nervosas, a pressão subiu. E como estamos fingindo estar inconscientes, o médico presumiu que temos hipertensão. Isso pode ser útil. — Respondi mentalmente.
— Útil? Como assim? — Ravina indagou, curiosa.
— Héctor terá que ser cuidadoso conosco agora. Podemos usar isso a nosso favor. — Expliquei.
— Por que a hipertensão é tão perigosa? — Perguntou Héctor, sua voz carregada de uma curiosidade inesperada.
— A hipertensão na gravidez é extremamente preocupante, Alfa. Ela pode diminuir o fluxo sanguíneo para o bebê, resultando em retardo no crescimento, complicações pulmonares ou até mesmo morte. Em casos graves, o parto pode ser antecipado, e o bebê nascerá prematuro. — Explicou o médico com cautela.
— Talvez devêssemos nos preocupar, Amélia. Nossa pressão realmente está alta… não é fingimento. — Informou Ravina, me deixando alarmada.
— O que quer dizer? — Perguntei, apreensiva.
— Hélio mencionou que nossa gravidez exigia cuidados. Passamos por muitas emoções nos últimos dias… É possível que o estresse tenha causado hipertensão. Acho que o médico está certo. Precisamos de cuidados, de verdade. — Disse Ravina, me alarmando ainda mais.
— Isso não é bom… E estamos longe de casa, do nosso médico. O que faremos? — Perguntei, lutando contra o pânico.
— Primeiro, acalme-se. Respire. Magnos vai nos encontrar, mas precisamos ajudá-lo, sendo espertas. Para isso, precisamos nos manter calmas. — Respondeu Ravina com a serenidade que eu tanto desejava.
— Está bem… vou tentar me acalmar. — Falei.
— Então, minha Luna e meus filhotes estão em perigo? — Perguntou Héctor, com um toque de preocupação que quase me surpreendeu. Notei a inquietação na sua voz.
— Amélia, o que está acontecendo? Está sentindo dor? — Perguntou ele, claramente aflito. Vi que ele não sabia como lidar com minhas lágrimas. Perfeito.
O choro só aumentava, e Héctor começou a andar de um lado para o outro, visivelmente agitado. A porta se abriu com um leve ranger, revelando uma mulher idosa de cabelos grisalhos e olhos gentis.
— Chamou, Alfa? — Perguntou ela, sua voz suave como um sussurro.
— Antônia, faça alguma coisa! Ela não para de chorar, e eu não sei o que fazer! — Exclamou Héctor, em desespero. Antônia se aproximou da cama com uma calma surpreendente e me envolveu em seus braços como se fosse minha avó. Senti uma paz inesperada naquele abraço.
— Acalme-se, querida. Está tudo bem. Não tenha medo. Sei que está assustada, mas precisa ser forte pelos seus filhotes. — Disse ela, sua voz suave como um bálsamo para minha alma. O conforto inesperado me fez relaxar. Nunca imaginei que alguém da alcateia de Héctor pudesse ser tão gentil. Soltei um suspiro profundo e permiti que a calma me envolvesse.
— Por que ela estava chorando? — Perguntou Héctor, agora mais calmo, mas ainda confuso.
— É normal sentir medo e insegurança em situações como esta, Alfa. — Respondeu Antônia. Héctor se aproximou novamente, sentando-se ao meu lado. Ele pegou minha mão e, instintivamente, eu a puxei, sentindo o desconforto subir pela minha espinha.
— Controle-se, precisamos que ele confie em nós para fugirmos daqui. — Alertou Ravina.
— Vou tentar… pelos meus bebês. — Disse, respirando fundo e reunindo coragem.
— Sei que tem medo de mim, Amélia. Mas prometo que não vou te machucar. Se me aceitar, darei o mundo a você, te tratarei como a rainha que merece ser. Só precisa aceitar ser minha Luna. — Disse Héctor, sua voz carregada de falsa ternura, enquanto pegava novamente minha mão. Dessa vez, não a puxei de volta. Antes que eu pudesse responder, a porta foi aberta com um estrondo.
— Que palhaçada é essa aqui, Héctor? — Gritou Verônica, furiosa, seus olhos faiscando de ódio enquanto me encarava.
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