POV MAGNOS.
Finalmente chegou o dia de Cosmo e Ravina conversarem. Meu lobo está insuportável, só pensa em Ravina: quer ouvir sua voz, saber se ela gostará dele, e continua com outras várias perguntas que estão me deixando à beira da loucura.
— Eu não estou insuportável, só ansioso. Você também não está curioso para conhecer a loba da nossa esposa e futura companheira? — perguntou Cosmo, com uma inquietação que parecia ferver em sua mente.
— Sim, quero muito conhecer Ravina, mas eu não fico o dia todo, a cada minuto, falando sobre isso — comentei, tentando acalmá-lo.
— Qual é, Magnos? Não me julgue. Você já passou por isso com aquela traidora — disse Cosmo, me fazendo mudar de humor instantaneamente. Ele tinha que lembrar daquela m*****a.
— Por que você me fez lembrar dela? Sabe que odeio pensar naquela loba — falei, minha voz carregada de irritação ao pensar em Cátia.
A memória de Cátia me lembrou a conversa que tive com Amélia, quando revelei que Héctor era o responsável pela infertilidade dos lobos. Naquele momento, perdi o controle e desabafei, expondo toda a dor que senti quando meu filhote e minha companheira morreram. Amélia, com sua presença silenciosa, escutou-me enquanto o peso da lembrança me consumia. Ela não disse nada, apenas me ouviu, e sou eternamente grato por isso. Naquele instante, eu estava vulnerável demais para responder a qualquer pergunta que ela pudesse ter.
Amélia foi a primeira a presenciar essa minha vulnerabilidade. Nunca, em toda a minha existência, havia mostrado minhas feridas, minhas dores e tristezas a ninguém. Sempre as enterrei nas profundezas da minha alma, trancando-as dentro de mim, o que me tornou amargurado, rancoroso e insensível. Este foi o preço que paguei pelo que Héctor me fez. Mas, eu juro, ele sofrerá. E muito.
— Me perdoe por te fazer lembrar dela. Eu não deveria ter tocado nesse assunto — falou Cosmo, com uma voz baixa e arrependida.
— Tudo bem, Cosmo. Está na hora de esquecer toda essa dor. Assim que cuidarmos de Héctor, eu apagarei e superarei toda a angústia que ele e Cátia me causaram. Quero começar do zero com Amélia, uma vida nova e um Magnos novo, sem as sombras do passado. Enterrarei esse passado, onde ele deveria estar: no passado.
— Você não imagina quanto tempo esperei para te ouvir dizer isso, meu amigo — falou Cosmo, e pela primeira vez em muito tempo, senti meu lobo feliz por eu estar superando.
Olhei para Amélia, que dormia profundamente, abraçada ao seu travesseiro estranho, enquanto eu a envolvia por trás. Ela adormeceu assim que chegamos ao quarto, exausta após nosso treinamento. Minha esposa é uma criatura manhosa, que reclama a cada segundo sobre fazer exercícios. Li que, em um certo ponto da gravidez, as mulheres ficam com dificuldade de locomoção, se cansam facilmente e sofrem com dores nas costas e na lombar. Mas é fundamental que façam alongamentos e exercícios leves para atravessar essa fase da gestação.
Eu detestava a ideia de interromper o sono dela, e sabia que ela ficaria mal-humorada, mas precisava acordá-la para nos prepararmos para o ritual que Morgana faria esta noite. A noite já havia caído, e Amélia precisava se alimentar antes de sairmos. Comecei a chamá-la suavemente, enquanto distribuía beijos carinhosos por todo o seu rosto, sentindo o calor de sua pele contra meus lábios.
— Minha querida, é hora de acordar — murmurei, enquanto a envolvia em meus braços, os beijos cada vez mais ternos.
— Impaciente como sempre, lobinho. Venham comigo, eu preparei o local para o feitiço — respondeu Morgana, enquanto começávamos a segui-la pela escadaria que levava ao segundo andar.
Amélia soltou um suspiro exasperado ao ver as escadas. Para ela, cada degrau era um desafio. Mas, mesmo resmungando, começou a subir, lentamente. Essa minha esposa… Ela me ensinou a ter uma paciência que nunca imaginei possuir. Tempos atrás, eu já teria perdido a paciência com suas reclamações.
Ao chegarmos no segundo andar, Morgana abriu uma porta, revelando um quarto amplo. O ambiente era sofisticado e misterioso. O quarto, iluminado por uma suave luz dourada que vinha de candelabros ornamentados, exalava uma aura antiga e mágica. As paredes eram revestidas com tapeçarias de tecidos pesados e ricos em detalhes arcanos, e havia um aroma de incenso no ar. No centro, uma imensa cama de casal de dossel, com cortinas de veludo escuro que pendiam elegantemente, dominava o espaço. Perto da cama, uma lareira estava acesa, crepitando com suavidade, e ao lado, havia pequenos altares com cristais e velas dispostos meticulosamente.
— O que significa isso? — perguntei, confuso ao ver a cama no centro do ritual.
— O feitiço será feito enquanto vocês dormem. É a maneira mais segura para Amélia e os bebês. Agora, os dois podem se deitar — explicou Morgana, com um tom autoritário, mas com um brilho calculista nos olhos.
— Quer dizer que viemos aqui para dormir? — perguntei, incrédulo.
— Isso mesmo. Agora, sejam bonzinhos e se deitem — ordenou Morgana, com um sorriso travesso nos lábios.
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