POV AMÉLIA.
O ar fresco da manhã colidiu com meu rosto enquanto saíamos da mansão. Senti um alívio imediato ao nos afastarmos do clima pesado que havia dominado o ambiente. O som dos nossos passos sobre o cascalho era a única coisa que quebrava o silêncio enquanto caminhávamos em direção ao carro. Cecília e Jake estavam logo atrás, enquanto minha madrinha, Margô, ou melhor, Morgana, ainda não me acostumo com esse nome, mantinha-se ao meu lado, com aquele sorriso sereno e misterioso de sempre.
Ao entrarmos no carro, acomodei-me no banco de trás, exausta pelo exercício feito mais cedo com Magnos. A tensão do ambiente anterior me deixou um pouco estressada, mas eu estava animada por finalmente ter um momento mais leve para conversar com minha madrinha e amigos. Cecília e Jake se acomodaram na frente, e Morgana sentou-se ao meu lado.
Enquanto Cecília nos levava para a cafeteria, observei pela janela as árvores passarem rapidamente. A sensação de estar fora da mansão, mesmo que por pouco tempo, era quase libertadora. Havia tantas coisas na minha mente: gravidez, laboratório, as tensões com a alcateia… E a conversa de Cosmo com Ravina. Eu sentia que precisava ajudar esses dois a se conhecerem.
Assim que chegamos à cafeteria, saímos do carro e entramos no local, que já estava movimentado. Todos nos olharam, algo incomum. Geralmente, o olhar que me lançavam era de desdém, mas desta vez era diferente: sorrisos em minha direção. O gerente veio rapidamente nos receber, cumprimentando Cecília e a mim com uma reverência. Estranhei aquela recepção.
— Bom dia, senhorita Cecília. Senhora Veranis, preparamos uma mesa ao fundo para seu maior conforto. Nosso alfa nos avisou que estava a caminho. Por favor, me acompanhem — disse o gerente, curvando-se e sorrindo.
Agora entendi: Magnos avisou que viríamos. Caminhamos até a mesa, com os olhares direcionados a mim. Percebi que todos observavam minha barriga e sorriam. Coloquei a mão sobre o ventre, sentindo-me um pouco desconfortável com tanta atenção.
Fomos conduzidos a uma mesa mais afastada, onde poderíamos ficar longe da agitação. O lugar estava aconchegante como sempre, com a luz suave do sol entrando pelas grandes janelas, refletindo nos móveis de madeira escura e nas xícaras de café fumegantes. Eu já havia estado ali antes, trazida por Cecília quando estava faminta. Sentamos, e logo pedi uma infusão de ervas calmantes, algo para aliviar o cansaço constante, evitando o consumo de cafeína, que não era bom para os bebês.
— Isso vai ser perfeito para acalmar meus nervos — murmurei, esfregando minha barriga enquanto sentia os filhotes se mexerem.
— Está tudo bem, Lia? — Cecília perguntou com aquele olhar preocupado que já conhecia bem. Ela e Jake sempre ficavam atentos a qualquer sinal de desconforto.
— Sim, só um pouco cansada. Acho que é o peso dos bebês. Eles têm estado muito ativos ultimamente — respondi com um sorriso, tranquilizando-a. Jake riu baixinho.
— Isso é um bom sinal. São pequenos lobos saudáveis — disse ele, sorrindo.
— Sim, são — murmurei, acariciando minha barriga mais uma vez. O gesto sempre me trazia paz. Notei que alguns estavam cochichando e olhando para nós. Morgana seguiu meu olhar.
— Estão falando sobre nós. Estão felizes que Cecília encontrou seu companheiro, e as fêmeas acham Jake muito bonito. Estão se perguntando o que uma bruxa faz na alcateia e, por fim, todos estão emocionados e contentes por verem a esposa do alfa com essa barrigona de grávida — comentou Morgana, causando um breve silêncio. Cecília rosnou ao perceber que algumas lobas estavam de olho em Jake.
— Com licença, senhora Veranis. Desculpe incomodar… — começou a falar o lobo, quando Margô o interrompeu.
— Se sabe que está incomodando, por que veio até aqui? — perguntou Morgana, hostil, deixando o casal envergonhado.
— Madrinha, não seja mal-educada — repreendi-a e olhei para o casal com gentileza.
— Só estou sendo realista. Se não queriam incomodar, deviam ter ficado onde estavam — respondeu Morgana, venenosa.
— Chega, madrinha. Desculpe a grosseria dela. Morgana não tomou o café da manhã, então fica insuportável. Como posso ajudá-los? — perguntei, simpática.
— Ouvimos dizer que você e o companheiro de Cecília estão perto de encontrar a cura para a infertilidade dos lobos. É verdade? — questionou o lobo. Olhei para Jake, que me deu sinal de que não se importava de que eu falasse. Cecília também parecia tranquila. Resolvi ser sincera, afinal, lobos sabem quando estamos mentindo. Percebi que toda a cafeteria havia parado para ouvir minha resposta.
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