Despedida de um amor silencioso romance Capítulo 1928

O olhar de Cecilia percorreu a sala até pousar em Patrícia a mãe de Catarina, que observava os convidados com atenção discreta, como se estivesse avaliando cada um.

Carolina franziu levemente a testa. “Triagem pra quê?”

Cecilia não desviou o olhar. “Os pais da Catarina estão procurando um marido à altura pra ela. Se eu estiver certa, esse leilão não é só uma ação beneficente. É um teste sutil para medir a influência e o poder financeiro dos possíveis candidatos… ou melhor, das famílias deles.”

Os pais de Catarina não eram ingênuos. Jamais deixariam a filha se casar com alguém sem pedigree.

Mesmo com uma fortuna considerável, não pretendiam entregá-la de mãos beijadas. Por isso, transformaram essa noite elegante num processo silencioso de seleção, em busca de um homem com histórico e status compatíveis.

“Então é isso”, murmurou Carolina.

“Só estou especulando”, respondeu Cecilia, com calma. “Não dá pra afirmar com certeza que é essa a intenção.”

Carolina assentiu, pensativa. “Mas faz sentido.”

No palco do leilão, o anfitrião narrava com entusiasmo a origem do colar e seu passado lendário. A voz dele se elevava a cada detalhe sobre a linhagem real e a confecção primorosa da peça. Por fim, anunciou: “E agora, que comecem os lances!”

Os convidados ali não eram pessoas comuns. Eram ricos, influentes, ambiciosos. Muitos entenderam de imediato que aquilo era mais que uma chance de adquirir uma joia rara, era uma oportunidade de impressionar Catarina e sua família. E assim começou a disputa.

“Dez milhões.”

“Quinze milhões.”

“Vinte milhões.”

Os números subiam rápido, com lances crescendo em blocos de cinco milhões.

Os olhos de Cecilia se estreitaram levemente. Ela percebeu alguém, mais ao fundo, registrando discretamente cada lance anunciado. Sua suspeita estava certa: esse leilão era mais do que parecia.

De repente, um toque leve em seu ombro a fez se sobressaltar.

Assustada, ela se virou e deu de cara com o sorriso despreocupado de Matheus.

“Cecilia”, ele sussurrou.

Ela piscou, surpresa, mas logo recompôs a expressão com um leve cenho franzido. “O que você está fazendo aqui?”

Havia uma mensagem implícita ali.

Matheus congelou. Ela não precisou elevar o tom, mas a intenção era clara. Ela estava chamando ele de parasita. Por um momento, um incômodo evidente cruzou o rosto dele.

Matheus não ousou rebater diretamente. Apenas murmurou: “Também não é como se eu não fosse te pagar depois.”

Cecilia se virou pra ele, a voz calma, mas firme. “Você ao menos lembra quanto me deve?”

O rosto dele enrijeceu. Ele hesitou por alguns segundos antes de retrucar:

“Somos família. Precisa mesmo ser tão… calculista?”

“Mesmo entre família, as contas devem ser claras. E sejamos sinceros, nem temos laço de sangue.” O tom dela se tornou mais afiado, cortando qualquer dúvida que restava. “Quando paguei sua última dívida, já tinha feito mais do que o suficiente. A família Smith me criou até os vinte, mas já retribuí tudo e muito mais.”

Se fossem contabilizar de verdade, o dinheiro que Matheus e Paula haviam drenado dela ao longo dos anos daria pra sustentar dezenas de milhares de órfãos.

“Cecilia, você fala como se fossemos estranho”, disse Matheus, num tom contido e cauteloso. Não queria provocá-la de verdade. Após um breve silêncio, suspirou em rendição. “Esquece. Não vou mais pedir dinheiro emprestado.”

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