Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário romance Capítulo 155

~CHRISTIAN~

Três e vinte e sete da manhã. Sabia exatamente que horas eram porque havia olhado para o relógio da mesa de cabeceira pelo menos quinze vezes na última hora. O quarto estava mergulhado na escuridão, apenas a luz suave da lua filtrando pelas cortinas semi-abertas e criando sombras dançantes nas paredes.

Zoey estava deitada ao meu lado, de costas para mim, mas pela respiração irregular eu sabia que ela também não conseguia dormir. Podia sentir a tensão em cada linha do seu corpo, mesmo sem tocá-la.

— Sei que você está acordada — murmurei baixinho, minha voz rouca no silêncio da madrugada.

Ela suspirou profundamente e se virou para me encarar, seus olhos brilhando na penumbra.

— E sei que você também está — respondeu, sua voz carregada de preocupação. — Há quanto tempo estamos aqui fingindo que dormimos?

— Umas duas horas — admiti, estendendo o braço para que ela se acomodasse contra mim. Zoey se encaixou perfeitamente no meu peito, sua barriga redonda pressionada suavemente contra o meu lado.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, apenas sentindo a presença um do outro. Podia ouvir o coração dela batendo acelerado, combinando com o ritmo ansioso do meu próprio peito.

— Está com medo? — perguntou Zoey finalmente, sua voz abafada contra minha camiseta.

A pergunta era simples, mas carregava o peso de todos os nossos medos não ditos. Medo de perder Giuseppe. Medo de que a cirurgia não desse certo. Medo de que nosso filho crescesse sem conhecer o bisavô extraordinário que ele merecia ter.

— Apavorado — confessei honestamente, beijando o topo da sua cabeça. — Giuseppe sempre foi... ele sempre foi mais um pai para mim do que meu próprio pai. A ideia de perdê-lo...

Minha voz falhou, e senti um nó se formando na garganta. Não estava acostumado a me permitir ser tão vulnerável, mas com Zoey eu podia baixar todas as defesas.

— Lembro de quando era criança e tive pneumonia — continuei, deixando as memórias fluírem. — Eu tinha uns oito anos, estava muito doente, com febre alta. Meus pais estavam viajando a negócios, como sempre. Foi Giuseppe quem ficou acordado comigo noites inteiras, colocando panos frios na minha testa, me dando remédio, lendo histórias para me distrair da dor. Quero dizer, nós tínhamos funcionários, enfermeiras... Mas ele queria estar lá por mim.

Zoey ergueu a cabeça para me olhar, seus olhos marejados.

— Ele me ensinou tudo — continuei, minha voz embargada. — Como dirigir, como entender vinho, como ser um homem íntegro. Como amar de verdade. Foi ele quem me disse que um dia eu encontraria alguém que me faria querer ser uma versão melhor de mim mesmo.

— E encontrou — Zoey sussurrou, tocando meu rosto com carinho.

— Encontrei — concordei, segurando sua mão contra minha bochecha. — E Giuseppe ficou tão feliz quando percebeu que era você. Desde o primeiro dia que você pisou nesta casa, ele sabia que você era especial. Dizia que tinha reconhecido nos seus olhos a mesma força que viu na minha avó Sophia.

— E a gente achando que podia enganar o velho com a nossa farsa! — ela brincou.

Tentei rir, mas senti uma lágrima escorrer pelo canto do meu olho, algo que raramente acontecia.

— Ele precisa conhecer nosso filho, Zoey. Precisa ensinar a ele sobre as videiras, contar as histórias da família, ser o bisnonno incrível que sei que será. Nosso bebê merece ter Giuseppe na vida dele.

Zoey se moveu cuidadosamente, apoiando-se no cotovelo para me encarar melhor. Mesmo na penumbra, podia ver a determinação em seus olhos.

— Giuseppe é um lutador — disse firmemente. — Você mesmo sempre me diz isso. Ele sobreviveu à guerra, nasceu nela! Construiu um império, criou você praticamente sozinho. Não vai desistir agora, não quando tem tanto pelo que viver.

— Mas ele tem oitenta e três anos, Zoey. O coração dele...

— Por me dar esperança quando eu estava afundando no medo.

Zoey sorriu, aninhando-se mais contra mim.

— É para isso que servem as famílias, né? Para nos lembrarmos de ter fé uns nos outros.

Ficamos em silêncio novamente, mas agora era um silêncio mais tranquilo, mais esperançoso. O medo ainda estava lá, era impossível eliminá-lo completamente, mas agora estava temperado com confiança na força de Giuseppe e no amor que nos unia como família.

Lá fora, podia ouvir os primeiros pássaros começando a cantar, anunciando que o amanhecer se aproximava. Em algumas horas, estaríamos todos no hospital, iniciando o que esperávamos que fosse apenas mais um capítulo na longa história de Giuseppe Bellucci.

— Christian? — Zoey sussurrou sonolenta.

— Hmm?

— Giuseppe vai ficar bem. Tenho certeza absoluta.

— Como pode ter tanta certeza?

— Porque homens como Giuseppe não partem sem antes ensinar seus bisnetos a fazer vinho — ela respondeu com um sorriso na voz. — E nosso filho ainda tem muito o que aprender com o bisnonno.

Fechei os olhos, finalmente sentindo o sono chegando, embalado pela respiração tranquila de Zoey e pela certeza inabalável em sua voz. Giuseppe ia ficar bem. Tinha que ficar.

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