Vitorino estendeu a mão acariciando seus longos cabelos.
Ariela empurrou sua mão para longe.
Lágrimas começaram a encher seus olhos.
"A gaveta está vazia, cadê o meu diário? Você não ajudou ou realmente tem algo a ver com isso sobre a morte do meu irmão?"
Vitorino segurou seu queixo com força, seus olhos cheios de ira.
"Ariela, você se tornou minha esposa ao casar comigo. Não foi para eu me tornar um servo da família Sampaio. Para resolver o problema do seu pai há três anos, gastei centenas milh com advogados e até encontrei alguém para assumir a culpa e pegar décadas de prisão no lugar dele. Eu ajudei a família Sampaio a sair do vermelho, talvez você devesse me agradecer. Vou dizer mais uma vez, a morte do seu irmão não tem nada a ver comigo. Mesmo que eu tenha ficado de braços cruzados, foi por sua causa. Como minha esposa, a lealdade absoluta a mim é necessária para eu considerar te dar algum benefício. Você acha que tem esse poder para usar nosso casamento para me ameaçar sempre que lhe convém?"
Ele soltou o queixo dela bruscamente, deixando uma marca vermelha profunda.
Vitorino ajeitou sua camisa, abotoando-a meticulosamente.
"Ariela, eu já fui mais do que generoso com você. Não teste minha paciência."
Ele pegou as folhas arrancadas do diário, jogando-as com força no lixo.
"Quer saber do diário? Eu queimei."
Ele virou as costas, deixando-a para trás completamente.
Ariela sentiu um frio cortante.
O diário continha seu amor por ele desde a adolescência até agora.
Incluía também os momentos em que ele fora gentil com ela segundo ela.
Seus sonhos juvenis sobre o amor.
Todas as suas expectativas e desejos.
Tudo estava naquele diário.
Vitorino disse a ela que havia queimado.
Não era apenas o diário que ele havia queimado, mas o coração inocente de ela quando jovem.
Ariela sentiu como se não tivesse mais nada.
As folhas no lixo jaziam solitárias.
Cada palavra, cada frase, era um testemunho de sua emoção despedaçada.
Seu amor por Vitorino havia se esvaído completamente.
Durante três anos, ela tentou se convencer de que ele a amaria eventualmente.
Ela guardava o diário cuidadosamente, com medo de que ele o visse.
Tanto as lágrimas quanto o sorriso eram silenciosos.
Ela trocou seu próprio bem-estar pela prosperidade da família Sampaio, pelo futuro do irmão, pelo homem que amava.
Mas o que ela conseguiu em troca?
Ela conseguiu a ruína de sua família.
Ariela se levantou, cambaleando, e encontrou uma faca afiada.
"Ariela, você é uma piada viva. Tão ingênua, por amor, por sinceridade. Você não só falhou em proteger sua família, como também os levou à morte. Qual o sentido de você viver?"
Ela pressionou a lâmina contra seu pulso, fazendo um corte profundo.
Observou, sem sentir dor, enquanto o sangue pingava.
No tapete, floresciam íris vermelhas.
Então, um segundo corte.
Ela não sentia dor alguma.
Ela só queria acabar com essa conexão maldita, essa vida dolorosa.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amor ou Dor? Devo persistir?
Não vai ter a continuação...
Diz que está concluído, mas não está...