Vitorino observou Ariela desaparecer pela porta.
Suspirou, sentindo de repente uma opressão no peito.
O cigarro já estava no fim, queimando sua mão, fazendo-o franzir a testa involuntariamente.
Há pouco tempo, ela ainda murmurava suavemente sob ele, mimada e alegre, mas em pouco mais de um mês, parecia ter-se transformado em outra pessoa.
Na cama de três metros do quarto principal, Vitorino virou de um lado para o outro sem conseguir dormir.
Ele não estava acostumado a dormir sem Ariela ao seu lado, e na madrugada, decidiu levantar-se e bater à porta do escritório, mas por mais que batesse, ninguém respondia.
Vitorino teve então que voltar ao quarto, e o som estrondoso da porta ao fechar acordou todos os empregados, fazendo-os pensar que havia ocorrido um terremoto.
Conseguiu cochilar brevemente por meia hora, mas assim que amanheceu, desceu às pressas em busca de companhia.
Juliana estava arrumando os pratos e talheres, e ao vê-lo descer, preparou a mesa apenas para um.
"Onde está Ariela?"
Ela ainda não tinha acordado?
Vitorino tinha um semblante sombrio, com uma expressão de frustração estampada no rosto.
"A senhora saiu."
Vitorino olhou para o relógio na parede, eram sete da manhã.
Ele apertou tão forte o copo que este se quebrou, ferindo sua mão...
Às nove da noite.
No bar mais famoso da Cidade de Bela.
A luz suave iluminava Ariela, vestida em um longo rosa claro, seus cabelos caíam até a cintura, seus lábios vermelhos levemente tremiam, e a música tranquila preenchia o ambiente, tornando cada nota que ela cantava ainda mais emocionante.
Tina trouxera Henrique para prestigiar Ariela.
Logo descobriram que Ariela não precisava de amigos para atrair público. Assim que subiu ao palco, todos os olhares se concentraram nela.
"É um desperdício sua amiga não ser uma estrela."
Henrique percebeu que o motivo de gostar de olhar para Ariela era porque ela lhe era estranhamente familiar.
Antes ele não havia pensado muito sobre isso, mas ao comparar Tina e Ariela lado a lado, ficou surpreso com a semelhança entre seus traços.
Ambas eram delicadas e belas.
"Eu e Ariela? Parecidas? Onde já se viu... Ela é uma herdeira rica, e eu sou como a grama que cresce no chão, uma flor de luxo e uma órfã que cresceu selvagem. Comparar-me a ela é insultá-la."
Henrique lançou um olhar para Tina. A orgulhosa senhorita nunca se sentiu inferior por sua origem, mas agora rebaixava-se ao ponto de se comparar ao solo.
Sua defesa por Ariela era até mais fervorosa do que a de um familiar.
Quando a música terminou, o buquê que Henrique havia preparado para Ariela tornou-se desnecessário, pois muitos já estavam ansiosos para lhe oferecer flores.
Ela quase não conseguiu chegar ao seu lugar, até que o gerente veio e dispersou aqueles que lhe mostravam interesse.
Tina optou por observar de longe, sabendo que Ariela estaria se divorciando de Vitorino.
Se Ariela encontrasse imediatamente outro namorado após o divórcio, Tina sentiria como se tivesse vingado-se devidamente.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amor ou Dor? Devo persistir?
Não vai ter a continuação...
Diz que está concluído, mas não está...