"Querido, seu celular está tocando, você não vai atender?"
A palavra "querido" soava estranha e distante quando saiu da boca de Ariela.
Ambos pararam por um momento.
"Está tarde, deve ser alguém do trabalho. Deixa para lá."
Ele continuou o que estava fazendo, mas o celular começou a vibrar incessantemente após um breve silêncio.
"Deixe que eu comi mesmo."
Ariela, sem suspeitar de nada, viu Vitorino levar o celular para a varanda.
"O que foi?"
Era Elodie quem ligou.
"Vitorino, você pode vir ficar comigo? Estou com insônia novamente."
Vitorino estava acostumado com as ligações de Elodie no meio da noite, pedindo para ele sair de casa e ficar com ela por algumas horas, antes do amanhecer retornar.
Ele devia a vida a Elodie e, exceto dormir com ela ou casar-se, ele atendia a todos os seus pedidos.
Mas, naquela hora, Vitorino hesitou.
"Tenho compromisso hoje, não posso ir."
Elodie sentiu um súbito pânico.
Naquele dia, Corina havia lhe contado que Vitorino levou Ariela para casa após receber alta.
Ela, querendo ganhar a simpatia de Vitorino, fingiu que suas feridas não estavam curadas, tudo para ter a companhia dele.
Além disso, estando no mesmo hospital que Ariela, Vitorino passar a noite com ela certamente viria a conhecimento de Elodie, que pensou em provocar Ariela, fazendo-a recuar.
Vitorino sempre atendeu aos seus pedidos, e agora, ele a recusara.
"Mas—"
"Querido."
Ariela chamou por ele no quarto.
Vitorino rapidamente desligou o telefone e o desligou.
"Algum assunto importante?"
Ariela, descalça sobre o tapete, estava prestes a ir à varanda procurá-lo.
"Não, nada importante. As pessoas não conseguem resolver uma pequena questão sem me consultar. Amanhã resolvo isso no trabalho."
Ele gentilmente beliscou o rosto dela, seu olhar pousando nos seus pés alvos, seus olhos se aprofundando.
Ele segurou um relógio de bolso, que aparentava ter seus anos.
Dentro do relógio havia uma foto de uma mulher de feições gentis.
Vitorino olhou para a foto, permanecendo assim a noite toda.
De manhã, começou a chover novamente.
Com o frescor da chuva, Vitorino voltou para o quarto, encontrando Ariela ainda dormindo.
Ele trocou de pijama e voltou para a cama, envolvendo-a novamente em seus braços.
Ariela teve um sonho agitado, com várias cenas se entrelaçando.
Ela despertou abruptamente, encontrando o lado da cama vazio.
"Vitorino?"
Descalça, ela correu para fora, apenas para encontrar Vitorino lá embaixo, lendo o jornal enquanto tomava café da manhã.
Ao ouvir sua voz, Vitorino levantou os olhos, e Ariela já estava correndo escada abaixo.
Ele mal tinha virado quando Ariela colidiu em seus braços, envolvendo firmemente sua cintura.
"Onde você está indo?"
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amor ou Dor? Devo persistir?
Não vai ter a continuação...
Diz que está concluído, mas não está...