Chorar? Por Vitorino, ela chorou inúmeras vezes nas noites escuras.
Isso adiantou alguma coisa?
Mesmo que suas lágrimas secassem, a criança que ela estava esperando jamais voltaria.
Ariela ficou no hospital por dois dias e, no terceiro dia, Vitorino apareceu.
Tina havia saído para comprar alguns itens de uso diário para Ariela, e os dois sentiram falta um do outro, sem se verem.
Vitorino viu Ariela no quarto do hospital, com o rosto consumido, pálida.
A saúde que ela havia recuperado recentemente havia desaparecido, e em três dias ela havia perdido muito peso.
Até mesmo as órbitas de seus olhos haviam se afundado significativamente.
Foi somente depois de perguntar no hospital que Vitorino soube que Ariela havia sofrido um aborto espontâneo.
Ele a observou por um longo tempo e, inexplicavelmente, sentiu um grande desconforto em seu coração.
"Ariela..."
Sua voz estava rouca, como se ele tivesse engolido areia quente enquanto falava.
Ariela ouviu sua voz, mas nem sequer moveu as pálpebras.
"Eu não sabia que você estava grávida, quando isso aconteceu?"
Ele caminhou até ela, mas cada passo parecia pesado.
Quando ele se aproximou, Ariela finalmente falou.
"Não venha."
A voz de Ariela tremeu, profunda e fraca.
"Vitorino, eu lhe peço, não venha. Por favor, vá embora, nunca mais vamos nos ver".
Vitorino ficou atônito,
Ela agora desejava mais do que tudo não vê-lo.
Tina disse que se ela pudesse ter chegado dez minutos antes, talvez o bebê tivesse sido salvo.
A criança em seu ventre também era dele. O médico havia dito que ela tinha quase um mês de idade e ele nem havia notado.
"Chega."
Ela não queria ouvir mais nada disso.
"E daí se você sabia que eu ia fazer um aborto? Você prometeu que só ia comigo à festa do senhor Gabriel, por que a Elodie estava lá? Vitorino, você está tentando me dizer que você teria me levado ao hospital sem se importar com ela, se nós duas tivéssemos nos desentendido e você acreditasse que fui eu quem a empurrou, diante da possibilidade de um aborto espontâneo?"
Seus olhos vazios não derramaram uma única lágrima e, enquanto ela o acusava de tudo o que ele havia feito, ela nem sequer sentiu mais dor no coração.
Sempre havia alguém que sofria mais em um relacionamento, lutando desesperadamente.
Será que Vitorino estava se sentindo culpado ou com remorso?
Ou talvez ele ainda precisasse que ela continuasse prisioneira, protegendo a mulher que ele tanto amava.
"Podemos conversar sobre isso quando você sair do hospital para casa."
Vitorino ainda se sentou ao lado dela, tentou segurar sua mão, mas Ariela recuou como se tivesse sido queimada.
"Eu não vou voltar com você. Vitorino, está tudo acabado entre nós."
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amor ou Dor? Devo persistir?
Não vai ter a continuação...
Diz que está concluído, mas não está...