Quando o interfone tocou avisando que Alessandro tinha chegado, meu coração já começou a bater mais rápido. Gabriel correu até a porta, animado, e quando descemos e ele viu Alessandro encostado no carro, com aquela camisa de linho clara, a barba bem feita e um sorriso no rosto… o olhinho dele brilhou.
— Tio Alessandro! — ele gritou, correndo em disparada.
Mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele foi direto pros braços dele. Alessandro o pegou no colo com tanta facilidade que parecia que já fazia isso a vida inteira e beijou a bochecha de Gabriel sorrindo.
— Oi, meu filho.
Meu coração quase derreteu ali. Gabriel sorriu, todo tímido, mas ainda não o chamou de pai. E tudo bem, estava tudo no tempo dele.
Quando chegamos perto do carro, meus olhos logo perceberam algo diferente: uma cadeirinha nova instalada no banco de trás.
— Você comprou uma cadeirinha? — perguntei, surpresa.
Alessandro deu de ombros, com um sorriso de canto.
— Claro. Agora eu tenho um filho pequeno, lembra? Segurança em primeiro lugar.
Eu sorri, meio emocionada. Ajudamos Gabriel a se ajeitar direitinho, com o cinto no lugar, e depois me sentei no banco do passageiro enquanto Alessandro assumia o volante.
O caminho até o parque foi uma mistura de risadas e empolgação.
— Mas Gabriel, lembra do que a doutora disse, viu? — falei, virando pra ele. — Nada de brinquedo radical, só os mais calminhos.
— Tá bom, mamãe, prometo! — respondeu ele, mal se contendo na cadeirinha.
Chegamos no parque e Alessandro já foi direto comprar os ingressos, sem deixar eu pagar nada. Ainda voltou com um algodão-doce pra mim e pipocas para ele e Gabriel, já que nenhum dos dois era chegado muito em doces.
— Você tá mimando a gente — comentei, rindo.
— E vou continuar — ele disse, piscando pra mim.
Gabriel, claro, já estava puxando a gente pra um brinquedo. Escolheu um daqueles aviõezinhos que giram bem devagar e não sobem muito. Seguro o suficiente.
— Alessandro, vamos! — Gabriel chamou, animado.
— Eu? — Ele me olhou como se pedisse socorro.
Eu dei risada.
— É, ué. Você é o pai, tem que se sacrificar agora. Vai lá.
Ele entregou a carteira e o celular pra mim com uma careta divertida e entrou com Gabriel no brinquedo. Fiquei observando enquanto os aviõezinhos começavam a girar devagar. Peguei meu celular e comecei a filmar. Aquilo me encheu o peito de uma forma que mal conseguia explicar.
Mas então... o celular dele vibrou na minha mão.
Olhei, sem intenção real de bisbilhotar, mas… a notificação estava ali. Uma mensagem de um número não salvo:
“Você vai me buscar às 21h mesmo? Tô louca pra te ver 😘”
O mundo girou um pouco e meu coração despencou. O algodão-doce perdeu o gosto.
Enfiei o celular no bolso do casaco, apertando os dentes. Nem vi quando o brinquedo parou e os dois desceram, com Gabriel super animado.
— Mamãe, foi muuuito legal! — ele veio correndo, rindo.
— Que bom, amor — murmurei, tentando sorrir.
Peguei Gabriel no colo e entreguei a carteira e o celular para Alessandro.
— Chegou uma mensagem pra você — falei, o mais neutra possível, e fui andando, me afastando.
Não queria que Gabriel visse meu rosto e sentisse minha frustração. Eu era uma idiota, uma completa idiota.
Mas não dei nem cinco passos e senti a mão de Alessandro segurar meu braço com leveza.
— Larissa… — ele disse, me mostrando o celular. — É da minha tia. Ela tá vindo de Porto Alegre, vai ficar com a minha mãe. Eu vou buscá-la no aeroporto, não é nada disso que você pensou.
Virei o rosto, sem jeito.
— Ah… desculpa. Eu…
Ele assentiu, como se entendesse.
— Minha mãe… ela tá mal. Acho que tá com depressão. Desde que tudo aconteceu, que eu não deixei ela mais me ver, que eu não quis contato… ela parou de sair de casa. A tia Raquel vai ficar com ela por um tempo. Ela mudou de número e eu nunca salvei.
Suspirei, o peito aliviando devagar.
— Você precisa vê-la. Ela é sua mãe, Alessandro, mesmo sendo quem é.
Ele olhou pra mim, e percebi que aquele assunto ainda doía nele.
— Mas você sabe que ela vai falar de você. Vai me criticar por estar com você.
— E daí? — retruquei. — Você só precisa se posicionar. Dizer que não aceita mais isso, mas ela ainda é sua mãe. Não abandona ela não.
Ele assentiu devagar.
— Eu vou ver ela. Prometo.
Ele se aproximou ficando ao meu lado e entrelaçou os dedos nos meus, e quando olhei pro lado, vi Gabriel observando a gente com os olhinhos atentos. Aquele olhar de criança que vê mais do que deveria.
— Eu sei que você não confia em mim ainda — Alessandro disse baixo — mas eu nunca, nunca vou te trair, Larissa. Nem você, nem o Gabriel. Isso eu te prometo.
Assenti, sem conseguir dizer nada. Gabriel então soltou a pérola:
— Vocês tão namolando?
Eu e Alessandro nos olhamos e começamos a rir.
— E aí, Gabriel? — Alessandro perguntou, olhando sério pra ele. — Você deixa eu namorar a sua mamãe?
Gabriel olhou pra mim com aquela carinha curiosa.
— Você quer namolar ele, mamãe?
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Aliança Provisória - Casei com um Homem apaixonado por Outra
Esse tbm. Será que nunca vou ler grátis...