Tarsila Fagundes estava furiosa como um leão, louca para avançar nele e acabar com tudo.
"Isso você não sabe, porque estava se divertindo no exterior!"
Gregório parou de tirar a gravata sem perceber e se virou.
"O que você disse?"
"O que eu disse? Você tem algum problema de audição?"
"Ela teve depressão?" - Gregório lhe lançou um olhar sombrio sob a luz forte da sala de reuniões: "Quando?"
"Quando você a deixou para ir para o exterior!" - Tarsila Fagundes continuou atacando: "A Ophie deve ter feito algo muito ruim em outra vida para ter que encontrar alguém como você, um completo imprestável, que não merece dizer que a ama!"
Mas Gregório não estava ouvindo, recebendo um sermão sem sequer se defender.
Ele parecia uma estátua petrificada, imóvel.
"Eu te aviso, vá e se divorcie dela direitinho, senão eu..."
Tarsila Fagundes nem terminou de falar, e a estátua de repente se moveu. Gregório passou por ela e saiu.
"Ei! Eu ainda não terminei de falar!"
"Continue falando." - Gregório não olhou para trás, apenas disse: "Lisandro, dá um gravador para ela."
Do entardecer à noite, quando Gregório voltou para Bosque dos Ipês, já estava escurecendo.
Ele digitou a senha e entrou, as luzes da casa escura se acenderam automaticamente.
Depois que Ophélia se mudou, a casa ficou completamente vazia, um vazio que era ainda mais palpável agora.
As luzes estavam acesas, mas os vestígios dela pareciam desaparecer pouco a pouco com o passar do tempo.
Gregório foi direto para o armário de remédios.
Ophélia era meticulosa com os remédios, com caixas, frascos, álcool e soro fisiológico todos organizados.
Gregório começou a procurar: remédios para o estômago, gripe, dor...
Um remorso tardio, como a maré alta da noite, sufocou Gregório, quase o sufocando.
Ele segurou a caixa de remédios com tanta força que ela se deformou.
A noite já havia caído lá fora, trazendo a escuridão.
A imensidão da noite entrava pela janela da casa silenciosa e vazia, curvando as costas e os ombros de Gregório.
Por que ele não perguntou mais naquele dia, não se importou mais?
Por que ele foi embora tão facilmente?
Como ela havia conseguido sobreviver àqueles dias?
Quão profunda deve ter sido a dor para que ela, sempre lutando para viver bem por seus pais, dissesse algo como: "Eu realmente quero morrer"?
Ophélia...
Essas três palavras agarraram seu coração como uma mão de ferro, impedindo-o de respirar e fazendo com que o sangue em suas veias parasse de circular.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Volta! Volta!!! A Nossa Casa
Legal, eu estava lendo e gostando, mas não tinha condições pra continuar, tomara q seja uma boa leitura por aqui....