"Amanhã?" Gregório, com a mão direita enfiada no bolso da calça, parecia ponderar por um momento, estabelecendo sua persona de homem ocupado, "Amanhã tenho que ir ao Rio resolver umas coisas. Adiei por alguns dias porque no último fim de semana fui contigo para o Hotel das Águas Termais."
Como assim levá-la até lá? É obvio que foi ele quem quis ir.
Ophélia estava esperando por um táxi na entrada do hospital. A temperatura havia caído nos últimos dois dias. Ela mantinha a sua mão esquerda enfiada na manga e os dedos segurando o celular estavam rígidos por causa do vento.
"Então quando você vai voltar?"
Na verdade, não havia nada no Rio que exigisse sua presença urgente. Um velho amigo havia celebrado o nascimento de gêmeos, e ele pretendia ir felicitá-lo na semana passada, mas mudou de ideia ao saber que Ophélia queria ir ao Hotel das Águas Termais.
O presente de felicitações já havia sido enviado por um intermediário; sua presença lá não fazia muita diferença, afinal, as crianças não eram suas.
"É difícil dizer." Gregório fingiu incerteza, "Se tudo der certo, volto no mesmo dia. Mas se houver contratempos, pode levar até um ano e meio."
Ophélia franzia a testa só de ouvir "um ano e meio". Ela podia esperar, mas o cartório não.
"A que horas você sai? Podemos ir de manhã bem cedo. Depois que você conseguir, você pode..."
Gregório: "Às cinco da manhã."
"..."
Ophélia começou a suspeitar que ele estava fazendo isso de propósito. Quando o carro chegou, ela entrou e comentou: "Sendo seu jato particular, precisava ser tão cedo assim?"
O motorista olhou para trás, avaliando-a de cima a baixo com um olhar de desdém que dizia: "Não suporto pessoas que se acham!"
"O jato particular precisa de autorização de voo com antecedência. Lisandro relaxou no trabalho e esqueceu de solicitar a aprovação." Ele fabricou a desculpa perfeitamente.
Se ele não tivesse mencionado a preguiça de Lisandro, Ophélia quase teria acreditado.
Até um burro preguiçoso trabalha, Lisandro não seria negligente.
"Você está me enganando?"
Gregório, um velho astuto nos negócios, lidava com ela, uma pequena e ingênua coelhinha, com facilidade: "Por que não vem comigo e vê por si mesma?"
O novo pai, imerso na felicidade de estar com esposa e filhos, não se ofendeu e bateu no ombro dele perguntando: "Eu mal me casei e já peguei dois de uma vez, você e sua irmã estão juntos há anos, como não há novidades?"
"Mal casou e os filhos já estão desse tamanho, e você ainda tem coragem de falar."
O amigo riu: "Sou muito eficiente, sabe como é."
Um dos bebês acordou chorando, e o amigo correu para acalmá-lo, com gestos desajeitados, mas repletos de amor, sua voz rouca de fumante até mais doce que a da mãe: "Quer tomar leite? Não? Então quer um beijinho do papai, né? Mua, mua, mua... Ai, meu Deus, sujou em mim! Amor, me ajuda!"
Gregório não gostava de crianças, mas ao ficar observando essa cena de amor imperfeito entre pai e filho, até ele sentiu um certo pesar.
Se ele não tivesse errado, talvez ele e Ophélia também tivessem um filho, que agora já saberia ir ao banheiro sozinho.
Ophélia tinha genes tão bons, e ele também não era de todo ruim, como o fruto do amor deles não poderia ser mais bonito do que essas duas crianças feias?
De repente, Gregório sentiu uma ponta de carinho por aquele filho que nunca chegou a nascer.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Volta! Volta!!! A Nossa Casa
Legal, eu estava lendo e gostando, mas não tinha condições pra continuar, tomara q seja uma boa leitura por aqui....