Ela deveria culpá-la? Ophélia já não sabia mais.
Culpá-la, afinal, sua avó só tinha boas intenções e queria protegê-la.
Mas, por outro lado, se não fosse por aquele suposto mestre falando sobre destino e carma, ela não teria tido que se casar com Gregório.
Ela teria se distanciado conscientemente da família Pascoal, e ela e Gregório teriam se separado gradualmente.
Ele ainda seria o orgulho da família, cercado de admiração e glória, enquanto ela, depois de se formar, se tornaria uma médica comum, vivendo em mundos diferentes.
Gradualmente, as lembranças de viver sob o mesmo teto durante a infância se tornariam apenas um capítulo insignificante em suas vidas.
Talvez restasse um pouco de arrependimento, afinal, esse homem deixou uma marca indelével em sua vida, cheia de amor e ódio.
A vantagem seria que ela não teria que sofrer essa tortura de ter seu coração arrancado.
Ophélia ficou em silêncio por um bom tempo, pegou um lenço de papel e gentilmente enxugou as lágrimas de sua avó.
"Não importa" - disse ela: "agora está tudo acabado".
"Como você pode ser tão doce, minha filha? Isso faz com que as pessoas se aproveitem de você!" - lamentou a avó em desespero, caindo de costas no travesseiro: "Não, se você não me castigar, eu me castigarei. Vou jejuar. Uma velha pecadora como eu não merece saborear coisas boas."
"De agora em diante, não quero mais refeições nutritivas, quero comer farelo e engolir legumes, tomar sopa fina sem arroz. Não vou mais comer frango frito, eu não mereço, só mereço comer farofa."
Ophélia não sabia se ria ou chorava: "Isso não é se punir, é punir a Dona Eunice. Se ela lhe servir farelo e legumes, vão acusá-la de abuso de idosos."
"Então eu vou para a Cidade do Céu, vou me confessar com os santos."
"Não pode ficar? Cada dia a menos ao seu lado é um dia a menos para mim" - Ophélia disse com relutância: "Pode ficar mais um pouco comigo? Com você aqui, ninguém ousaria me intimidar."
A avó, com o coração mole, estendeu os braços para abraçá-la: "Está bem, está bem. Não irei. Ficarei aqui com você."
Dona Eunice, que voltou depois de lavar frutas e viu as duas conversando, decidiu não interromper.
"Sou um médico, não um acompanhante. Você come."
"Desde quando os acompanhantes têm a língua tão afiada?" - Gregório disse, suavizando o tom: "Ophélia, por que você não pode simplesmente cooperar?"
"Por que eu deveria te ouvir?" - Ophélia retrucou: "No casamento, você agiu como se estivesse morto. Divorciados, e você aparece como se tivesse ressuscitado para provar que existe. Não poderia, ao menos uma vez, ficar no seu lugar?"
"Não estou no meu lugar agora? Não esqueça que ainda estamos no período de reflexão."
Ele olhou para ela com olhos baixos e desinteressados: "Período de reflexão, você sabe o que isso significa, não sabe? Preciso explicar de novo?"
Ophélia virou o rosto para o outro lado: "Não precisa".
Gregório a puxou para perto, insistindo em explicar: "Significa que, por enquanto, eu, Gregório, ainda sou seu marido, Ophélia. E você pode me chamar carinhosamente de 'marido'".
"..."
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Volta! Volta!!! A Nossa Casa
Legal, eu estava lendo e gostando, mas não tinha condições pra continuar, tomara q seja uma boa leitura por aqui....