Quando Ophélia entrou no quarto de hospital, Dona Eunice acabara de recolher o almoço quase intocado da senhora.
Dona Eunice, com um semblante preocupado, lamentou: "Como é que a senhora não come, minha querida? Assim o corpo não aguenta."
"Não consigo engolir" - respondeu a senhora com um suspiro, deitada na cama.
Ao se virar para sair e ver Ophélia, a Sra. Eunice se iluminou como se tivesse visto um anjo salvador e a chamou, exultante: "Veja quem veio visitá-la!"
Ophélia exclamou: "Vovó".
No momento em que a senhora idosa viu Ophélia, um brilho de alegria surgiu em seus olhos, e ela até se sentou, mas logo depois algo a fez perder a coragem. Ela deu as costas para Ophélia, cobrindo-se com o cobertor.
Era um claro sinal de isolamento.
A Sra. Eunice continuou: "Ophélia, por favor, convença sua avó a comer. Ela mal tem tocado na comida esses dias".
Ophélia se aproximou, olhando para a pilha sob o cobertor: "O quê, você não quer me ver? Então eu vou embora".
A senhora idosa saiu do cobertor, desanimada: "Como eu poderia não querer vê-la? Só estou com vergonha".
Pensando que ainda se tratava do seu divórcio com Gregório, Ophélia pegou a tigela intocada de caldo de galinha: "Não é para tanto."
Dona Eunice prontamente arrumou a mesinha novamente: "Vou lavar umas frutas para vocês."
Depois que ela saiu, Ophélia sentou-se ao lado da cama. A sopa estava morna, já não queimava.
Ela começou a alimentar a avó com a massa macia usando um garfo, mas a velhinha mal tinha apetite, embora ainda abrisse a boca para comer.
"Não me preocupo com os outros, só você não me sai da cabeça. Você é tão doce, sempre temi que fosse maltratada lá fora, sem ninguém para te defender. Sonhava com você chorando sozinha, e isso me acordava no meio da noite, sem conseguir mais dormir. Se não te visse bem, eu jamais descansaria em paz."
"Justamente quando Belo Horizonte teve esses problemas, eu estava desesperado, achando que não tinha mais muito tempo. Foi então que tive essa infeliz ideia."
Ophélia ficou chocada: "Esse esquema, você o planejou?"
"Gregório, eu o vi crescer, e ele sempre foi um bom menino, gostava de brincar com você. Vi que ele tinha um carinho especial por você. Pensei que se desse certo entre vocês, seria um bom final. Se não, depois de três anos, pelo menos você teria um bom dinheiro para viver sem preocupações..."
A senhora idosa, chorando de remorso, continuou: "Eu nunca imaginei que a levaria a uma situação tão difícil."
Ophélia olhava para a tigela de caldo de galinha que esfriava lentamente, perdida em pensamentos.
Sua avó, cada vez mais angustiada, apertou sua mão com força: "É tudo culpa minha..."
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Volta! Volta!!! A Nossa Casa
Legal, eu estava lendo e gostando, mas não tinha condições pra continuar, tomara q seja uma boa leitura por aqui....