Ela não precisava se prender ao que ganhava ou perdia naquele momento.
Túlio soltou um resmungo, tirou do bolso um lenço e começou a limpá-lo meticulosamente, alheio ao que acontecia ao seu redor.
Teresa, ao observar a cena, sentiu uma humilhação profunda que queimava por dentro. Queria sair dali o mais rápido possível, então disse:
— Eu te devolvo a pulseira. Eu vou embora.
Sua voz era doce, e o olhar que lançou a Sterling era igualmente carinhoso.
— Eu te levo. — Disse Sterling, com um tom firme.
— Não precisa. Eu vou sozinha. Fique aqui e cuide melhor do seu avô. — Respondeu Teresa, embora, no fundo, desejasse que ele insistisse em acompanhá-la. Sabia, porém, que enquanto aquele velho teimoso não mudasse de ideia, qualquer gesto de gentileza de Sterling só pioraria a situação.
Ela carregava um filho no ventre, o que tornava indispensável garantir seu lugar na família Davis. Um confronto direto com aquele velho insuportável só traria problemas. Por ora, engolir o orgulho era a melhor estratégia. Mas, no futuro, ah, no futuro ele pagaria caro por cada humilhação que ela suportava agora.
— Você sempre pensa nos outros! Dá até raiva de ver como você é ingênua! — Sterling reclamou, franzindo a testa.
— Sterling, eu... — Começou Teresa, mas sua voz foi interrompida pelo tom impaciente de Túlio.
— Se vai, vai logo! Daqui a pouco a Clarice chega, e se ela te ver aqui, vai ficar uma fera!
A falsa delicadeza de Teresa o irritava profundamente.
Os olhos de Teresa se encheram de lágrimas instantaneamente. Ela murmurou, com a voz trêmula:
— Eu já estou indo.
Sterling viu os olhos marejados dela e hesitou por um momento antes de dizer:
— Eu vou com você.
Teresa mordeu os lábios, balançando a cabeça de forma frágil e recusando. Então, com passos apressados, caminhou em direção à saída, parecendo carregar o peso de todas as dores do mundo. A imagem da vítima perfeita.
De cabeça baixa e com pressa, acabou esbarrando em alguém que entrava pela porta. Era Clarice.
— Não vai a lugar nenhum! Peça desculpas! — A voz de Sterling era grave e carregada de raiva.
Clarice, surpresa, virou-se para ele, puxando o braço para se soltar. Seu olhar se estreitou, e ela perguntou, irritada:
— Por que eu deveria pedir desculpas?
Ela não conseguia acreditar. Ele nem sequer sabia o que havia acontecido e já a estava acusando! Era ela quem parecia fácil de intimidar?
Enquanto isso, Teresa mantinha a cabeça baixa, mas seus lábios desenhavam um sorriso discreto e cheio de malícia.
— Você a empurrou no chão. Não deveria pedir desculpas? — Sterling argumentou, claramente irritado. Ele não tinha visto o que realmente havia acontecido, mas ao encontrar Teresa no chão, instintivamente culpou Clarice. Afinal, a relação entre as duas nunca foi das melhores.
Clarice soltou um riso irônico. Ergueu o rosto, encarando Teresa de cima, com um olhar frio e desdenhoso. Seus lábios se abriram lentamente enquanto respondia:
— Você tem certeza de que quer que eu peça desculpas?
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um Vício Irresistível
Por favor, cadê o restante do livro???...