Clarice cambaleou, e Jaqueline imediatamente a segurou pelo braço.
— Clarinha, você está bem?
Clarice forçou um sorriso para tranquilizá-la e se virou para o médico:
— Doutor, eu vou tentar resolver a questão do remédio. Agora vou ver minha avó. Com licença.
Sem esperar pela resposta, ela puxou Jaqueline e saiu do consultório.
O médico observou as duas se afastarem e soltou um suspiro pesado. Sabia que, no fundo, Clarice entendia que gastar dinheiro com os medicamentos apenas prolongaria o inevitável. Mesmo assim, ela insistia, como se carregasse o peso do mundo nas costas.
O que ele não sabia era que para Clarice não se tratava apenas da vida de sua avó. Ela queria desesperadamente preservar algo que considerava ainda mais valioso: um lar. Se sua avó partisse, ela não teria mais ninguém. Ficaria sozinha no mundo.
…
No quarto da UTI, a avó de Clarice ainda estava inconsciente, conectada a diversos aparelhos. Seu corpo, antes cheio de vida, agora estava reduzido a pele e osso.
Clarice parou ao lado da cama, os olhos se enchendo de lágrimas.
Jaqueline, percebendo o estado da amiga, a abraçou de leve e disse suavemente:
— Clarinha, conversa um pouco com sua avó. Eu vou esperar lá fora.
Clarice assentiu, sem desviar o olhar da avó. Sentou-se na cadeira ao lado da cama e segurou a mão dela com delicadeza. Sua voz saiu baixa e trêmula:
— Vó, você precisa ser forte e ficar comigo. Se você me deixar, como eu vou ficar? Sozinha assim... Eu não vou aguentar.
Enquanto falava, as lágrimas começaram a escorrer por seu rosto.
Nesse momento, uma enfermeira entrou no quarto para trocar o soro, seguida por Alícia, a cuidadora contratada para cuidar de sua avó. Alícia trazia uma bacia de água nas mãos e, ao ver Clarice, cumprimentou-a com um sorriso gentil:
— Sra. Clarice.
— Alícia, obrigada por tudo. — Clarice agradeceu, tirando um envelope com dinheiro da bolsa e colocando no bolso do avental da cuidadora. — Eu quase não tenho tempo para vir aqui, minha avó depende muito de você.
Alícia deixou a bacia sobre a mesa e rapidamente tirou o envelope, tentando devolvê-lo:
— Sra. Clarice, por favor, não precisa. Meu salário já é muito bom, e é um prazer cuidar da sua avó.
A sinceridade de Alícia era evidente, e Clarice ficou comovida.
— Pegue o dinheiro, Alícia. É só para garantir que minha avó tenha o melhor cuidado. Eu preciso ir agora. Se ela acordar, por favor, me avise. — Disse Clarice, insistindo em deixar o envelope com a cuidadora.
Pouco depois, Clarice saiu do quarto da avó e caminhava pelo corredor quando ouviu duas enfermeiras conversando animadamente.
— O Sr. Sterling é tão lindo! Só de olhar para ele, minhas pernas ficam bambas!
— Lindo ele é, mas não é para você, né? Ele já pediu a Sra. Teresa em casamento.
— E com aquele bracelete de família, hein? Que homem romântico!
— A Sra. Teresa está na suíte VIP aqui do lado. Todo mundo neste andar morre de inveja de tanto amor que eles esbanjam.
— São mesmo um casal perfeito. Dá até vontade de chorar de inveja!
Clarice ouviu tudo, e um gosto amargo subiu pela sua garganta.
Não era coincidência que Teresa estivesse no mesmo hospital, no mesmo andar, e ainda em uma suíte VIP. Sterling nunca fazia nada por acaso.
Com os punhos cerrados, ela acelerou o passo em direção ao elevador.
— Jaque tem razão. Eu estou grávida. Preciso manter a calma. — Murmurou ela para si mesma, tentando controlar o turbilhão de emoções que a consumia.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um Vício Irresistível
Por favor, cadê o restante do livro???...