Foi só então que Clarice se lembrou do celular que havia sido entregue na casa de Jaqueline na noite anterior. Assim que entendeu a situação, atendeu a ligação.
— A família de Fernanda precisa vir ao hospital imediatamente. Fernanda está em procedimento de emergência e precisamos da sua assinatura para confirmar o tratamento. — A voz da enfermeira do outro lado da linha era fria e direta.
O coração de Clarice disparou. Ela respondeu rapidamente:
— Tudo bem, eu estou indo agora!
Fernanda Figueiredo era sua avó.
Quando criança, Clarice havia passado alguns anos morando com a avó, que sempre fora extremamente carinhosa com ela. Nos últimos anos, porém, Fernanda havia adoecido e estava internada permanentemente, sobrevivendo graças a nutrição intravenosa e medicamentos especiais.
Há poucos dias, Clarice havia ido visitá-la e achou que ela parecia melhor. Chegou até a acreditar que a avó estava se recuperando e poderia sair do hospital em breve.
Como ela podia ter ido parar na emergência assim de repente?
Jaqueline, ao ver Clarice se levantando apressada da cama, correu para segurá-la.
— O médico disse que você precisa ficar dois dias em observação no hospital. Você não pode ir a lugar nenhum!
Clarice olhou para Jaqueline, os olhos ficando levemente vermelhos.
— O hospital ligou. Minha avó foi levada para a emergência, e eu preciso ir lá assinar os papéis.
Jaqueline suspirou ao ouvir isso e, embora relutante, soltou Clarice.
— Tudo bem, mas não se apresse. Me dá um minuto para me arrumar, eu vou com você.
Clarice sabia que seu corpo ainda estava fraco, mesmo com a febre controlada. Sentia-se exausta e sem forças. Ter Jaqueline ao seu lado realmente seria melhor.
— Certo, eu espero.
Jaqueline rapidamente arrumou suas coisas e, segurando Clarice pelo braço, deixou o quarto com ela.
As duas chegaram em pouco tempo ao Hospital Esperança, uma das unidades do Grupo Davis, e pararam em frente à sala de emergência.
Clarice olhou para a luz vermelha indicando “em cirurgia” e começou a andar de um lado para o outro, nervosa. O tempo parecia se arrastar, e sua ansiedade só aumentava.
O médico tirou a máscara e olhou para ela com uma expressão séria:
— A situação não é boa. O medicamento que vinha sendo usado não tem mais efeito para ela. Soube que o laboratório do Grupo Davis desenvolveu recentemente um novo medicamento que pode funcionar muito bem para o caso dela. Mas é difícil de conseguir.
Ao ouvir o nome do Grupo Davis, Jaqueline rapidamente sussurrou para Clarice:
— Fala com o Sterling!
Clarice mordeu os lábios, ponderando.
— E se usarmos uma dose maior do medicamento que ela já tomava? Isso pode ajudar? — Perguntou Clarice, ignorando a sugestão de Jaqueline.
Ela sabia que o Grupo Davis pertencia a Sterling. Mas as coisas entre ela e ele já tinham chegado ao limite. O divórcio era só uma questão de tempo. Mesmo que agora ela usasse o título de Sra. Davis para conseguir o remédio, o que faria depois, quando estivessem oficialmente separados? Precisava pensar no futuro.
O médico balançou a cabeça, com um tom grave:
— Não. Aumentar a dose do medicamento seria perigoso. Se você não conseguir o novo remédio, teremos que continuar com o tratamento atual. Mas é provável que ela tenha episódios frequentes de inconsciência e precise de cuidados de emergência. — Ele fez uma pausa antes de continuar, com um olhar sincero. — Para ser honesto, talvez fosse melhor deixá-la partir. Assim, ela não precisaria sofrer tanto.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um Vício Irresistível
Por favor, cadê o restante do livro???...