Violeta realmente não esperava ouvir aquilo. Ela olhou para Henry com um olhar complexo, e demorou um tempo antes de finalmente falar:
— Você sabe que isso é impossível, não sabe? Aquela tragédia... Aquele acidente...
Afinal, ninguém conseguia esquecer a morte dos próprios pais.
Henry abaixou-se, ficando de joelhos diante da avó. Sua postura, normalmente firme e altiva, agora estava dobrada, como se carregasse um peso invisível.
Violeta suspirou e disse:
— Você sente culpa. Compense isso, Henry. Essa é a melhor coisa que você pode fazer por ela e por si mesmo.
Ele manteve a cabeça baixa, respondendo em um tom baixo:
— Eu sei.
Mas, no fundo, ele sabia que havia perdido o controle. No começo, tudo o que ele sentia por Scarlett era compaixão. Depois, inevitavelmente, aquilo se transformou em algo mais profundo.
Violeta suspirou novamente:
— Pelo visto, ela deve ser uma boa garota. Só isso explicaria você ter se apaixonado, né?
Henry levantou os olhos para a avó e respondeu:
— A senhora não tem ideia de como ela sofreu nesses anos. Os próprios irmãos dela a ignoraram, a rebaixaram. — Ele fez uma pausa longa antes de continuar. — Eu achei que fosse racional o suficiente para não me envolver.
— A razão pode impedir alguém de entrar em um relacionamento, mas não pode impedir de sentir algo. — Disse Violeta, com a sabedoria de quem já viveu muitas décadas. Ela conhecia bem o neto. Se ele estava falando sobre isso, era porque o sentimento era verdadeiro.
Captando o que ele realmente queria dizer, a avó perguntou:
— Henry, você está me contando tudo isso porque quer ficar com ela, certo?
— Sim.
Henry já havia tomado sua decisão na noite anterior. Ele realmente gostava de Scarlett. E, quando se gosta de alguém, é natural querer lutar por essa pessoa. Foi por isso que ele voltou para casa.
Violeta deu um leve tapa no braço dele, num gesto mais carinhoso do que de reprovação:
— O que você está tentando conseguir comigo agora, hein?
— Não preciso que a senhora faça nada, só preciso do seu apoio.
Violeta refletiu por um instante antes de dizer:
— No final das contas, aquele acidente não foi culpa sua. Foi uma fatalidade. Mas aquela garota teve um azar tremendo. O que eu nunca entendi foi como um acidente aparentemente não tão grave terminou com uma explosão tão repentina.
Se os pais dela não tivessem morrido, tudo seria diferente.
Depois de terminar o trabalho no jardim, ele se levantou e foi direto para o quarto de Daniel. Quando entrou, Daniel levou um susto e começou a esconder alguma coisa às pressas. Quando viu que era Henry, soltou um suspiro aliviado:
— Ah, é você, irmão! Por que não bate na porta? Eu também tenho minha privacidade, sabe?
— Esconde o quê? Revistinha? — Henry lançou um olhar impassível para Daniel, já percebendo o que ele tentava esconder.
Ele puxou uma cadeira e se sentou, sem pressa:
— Que horas você vai para a festa hoje?
Daniel ficou animado imediatamente:
— Você vai também?
O olhar de Henry ficou mais sério, e ele respondeu:
— Preciso que você faça algo. Durante a festa, fique de olho nela. Não deixe ninguém incomodá-la. Entendido?
— Entendido! Precisa nem pedir! Claro que eu vou proteger minha futura cunhada! — Daniel deu um tapinha no próprio peito, como se quisesse provar que estava à altura da tarefa. Depois, abaixou a voz e perguntou. — Mas, irmão, a Scarlett não te pediu nada estranho, né? Tipo, me fazer desistir de um campeonato ou algo assim?
Henry deu um leve tapa na cabeça de Daniel:
— Ela não é esse tipo de pessoa.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Renascida para Romper Laços com os Irmãos
Que livro maravilhoso amo heroínas durona que não se deixam ser pisadas, espero que tenha continuação...