O carro seguia silencioso pelas ruas quase desertas. A cidade dormia, indiferente à dor que transbordava no banco do passageiro. Celina olhava pela janela, mas não via nada. Seus olhos estavam turvos, não apenas pelas lágrimas, mas por tudo que lhe haviam tirado.
Enquanto Gabriel dirigia, mantinha uma mão sobre a dela, firme, presente.
Ela apertava os punhos sobre o colo, tentando conter o tremor que insistia em dominar seu corpo. Cada lembrança vinha como uma faca. Tudo girava, tudo desabava. Era como se não houvesse mais chão, mais direção, mais ela.
— Eu devia ter ficado sozinha… — sussurrou, quase sem som, os olhos ainda fixos no vidro.
Gabriel apertou com mais firmeza a mão dela, desviando o olhar rapidamente para encará-la.
— Não diz isso, Cê. Por favor, não fala isso…
— Eu tô cansada, Gabriel… — sua voz quebrou no meio — Cansada de amar demais e… e sempre acabar sozinha. Sempre. Por quê?
Ele engoliu em seco. Ouvia cada palavra como um soco no peito.
— Você não tá sozinha agora. Eu tô aqui.
Celina fechou os olhos com força. Uma lágrima escapou e deslizou lentamente até o canto dos lábios, salgando o gosto amargo do silêncio. Não respondeu. Não conseguia.
Gabriel levaria ela para casa. Para a casa dele. Para onde ela pudesse simplesmente respirar em paz.
Enquanto isso, no quarto de Thor, Isabela estava sentada na beira da cama. O rosto molhado pelas lágrimas que derramou em cena, mas os olhos… os olhos agora brilhavam de um ódio novo. Um ódio que queimava silenciosamente.
Ela encarava o vazio com o maxilar travado.
Thor tinha sido cruel. Frio. Sem piedade alguma.
Mas pior do que as palavras dele… foi o silêncio quando Celina saiu. O desespero dele ao chegar na sala e não encontrá-la. O “Cadê a Celina?” martelava em sua cabeça.
Naquele instante, Isabela soube. Soube que o que existia entre os dois não era uma aventura. Não era algo passageiro. Era real.
E isso ela não podia permitir.
— Aquela mulherzinha... — sussurrou entre dentes. — Acha que vai roubar ele de mim?
Um riso nervoso escapou de seus lábios. Era como se estivesse travando uma batalha invisível dentro de si — entre a imagem da vítima e a verdadeira mulher que se escondia atrás dela: obsessiva, estratégica, implacável.
Ela passou a mão pela barriga ainda discreta e murmurou:
— Você vai ser meu elo com ele. Meu escudo. Com você aqui dentro, ele nunca vai me deixar. Nunca.
E, no fundo, Isabela já traçava os próximos passos. Porque ela não perderia Thor. Não para Celina. Não para ninguém.
No apartamento de Gabriel, Celina estava encolhida no sofá da sala, o rosto escondido entre os joelhos, e o corpo todo tremia. Gabriel entrou com uma manta fina e cobriu-a com delicadeza. Sentou-se ao lado dela, mas não disse nada. Sabia que às vezes o silêncio era mais acolhedor do que qualquer palavra.
Ela continuava chorando. O soluço era contínuo, como se estivesse presa num ciclo de dor sem pausa. Gabriel observava, com aquele olhar terno, cheio de afeto, paciência e cuidado. Passou a mão devagar pelos cabelos dela, apenas para que ela soubesse que não estava sozinha.
— Não, mãe. Já esperei demais. Eu não posso ficar parado aqui. Não dá. — Thor pegou a chave do carro. — Eu vou na casa da Tatiana. Talvez ela tenha ido pra lá.
— Thor... — Angélica tentou segurar o braço dele, mas ele já saía pelo elevador.
Thor vai atrás de Celina na casa de Tatiana. Toca a campainha repetidas vezes, aflito. Tatiana abre a porta assustada, vestida com um tobe, ainda sonolenta.
— Thor? — ela franziu a testa. — O que foi? Tá tudo bem?
— Perdão pelo horário, Tatiana… Mas a Celina… ela está aqui? — pergunta Thor, com a respiração ofegante, o olhar desesperado.
— Como assim "tá aqui"? Ela não saiu daqui com você hoje à noite? — Pergunta confusa.
Thor passou a mão pelo rosto, visivelmente angustiado.
— Saiu. Foi comigo, sim. Mas... teve um problema. Uma situação totalmente inesperada.
— Que situação? Você tá me assustando. Fala logo!
— Quando chegamos na minha cobertura... a Isabela estava lá. Junto com os meus pais. Eles organizaram um jantar surpresa. Eu não sabia de nada, Tatiana, juro por tudo.
— E a Celina viu isso tudo?
— Viu. Ficou paralisada. Participou. E, pra piorar... no meio do jantar, a Isabela anunciou que está grávida. Meus pais ficaram eufóricos com a notícia. Meu pai disse que agora, mais do que nunca, o casamento tem que acontecer.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR
depois que começou a cobrar ficou ruim seguir com a leitura...
Desde quando esse site cobra? Já li inúmeros livros e é a primeira vez que vejo cobrar....
Pq não abre os capítulos? Mesmo pagando?...
Eu comprei os capítulos, mas eles não abrem. Continuam bloqueados, mesmo depois de pago...
Comprei os capítulos, mas não consigo ler. Só abrem depois de 23:00 horas. Não entendi...