Celina desviou o olhar, sentindo o peito se apertar. Tentou conter as lágrimas, mas elas transbordaram, silenciosas.
— Eu não queria que fosse assim. Eu não queria causar confusão. Eu juro. Só… só — a voz falhou. —Eu preciso ir.
Angélica a abraçou, com um carinho silencioso, respeitando a dor que ela não conseguia verbalizar.
— Espera ele voltar, filha. Vocês precisam conversar.
— Eu não consigo — murmurou Celina, a voz embargada. — Não dá mais. Eu não tenho forças. Obrigada pela recepção, pela gentileza... de verdade, mas eu prefiro ir sozinha.
Angélica ainda ofereceu carona, mas Celina recusou com um sorriso triste. Pegou sua pequena mala de mão e entrou no elevador sem olhar para trás, o coração em pedaços.
Lá fora, a noite estava fria. Mas nada comparado à frieza que ela havia sentido lá dentro.
Minutos depois, Thor voltou para sala com expressão sombria. Ao ver apenas a mãe na sala, franziu a testa.
— Mãe, cadê a Celina?
Angélica, sentada no sofá com um semblante carregado de preocupação, olhou para o filho.
— Ela foi embora.
— Como assim? — Thor se adiantou, olhando para a porta como se pudesse alcançá-la.
— Ela tentou segurar as emoções, mas não conseguiu. Quis ir. Eu tentei segurá-la, tentei levar ela pra casa. Ela não quis. Preferiu ir sozinha.
Thor fechou os olhos por um instante, engolindo a frustração.
— Droga…
Angélica suspirou, com a sabedoria de quem conhecia o coração do filho.
— Você precisa resolver isso, Thor. E não é com raiva… é com verdade.
Ele não respondeu. Apenas se deixou cair no sofá, sentindo o gosto amargo de tudo que tinha escapado por entre os dedos.
Celina caminhava apressada pelas calçadas mal iluminadas, carregando consigo o peso de um mundo que desabava. A pequena mala de mão balançava ao ritmo dos passos trôpegos, mas o que realmente doía era o que ela carregava no peito: uma frustração esmagadora, uma dor surda e cortante, como se tivessem arrancado dela algo vital.
As lágrimas escorriam sem trégua, misturando-se com a maquiagem que já não escondia mais nada. O rímel borrado era a menor das tragédias — o verdadeiro estrago estava por dentro. O ar parecia faltar, como se cada respiração fosse uma luta contra o colapso total. O coração palpitava descompassado, implorando por alívio.
Ela passou por um casal que a olhou assustado. A mulher se aproximou, hesitante.
— Moça… você tá bem? Precisa de ajuda?
Minutos que pareceram horas depois, a porta do restaurante se abriu bruscamente.
Gabriel entrou ofegante, os olhos varrendo o ambiente com desespero. Quando a viu, encolhida no canto, seus olhos marejaram. Ele correu até ela.
Celina levantou-se de supetão, cambaleante, e ao vê-lo, correu como se ele fosse a última âncora de salvação num mar revolto. Jogou-se em seus braços com um soluço dolorido, e ali, finalmente, deixou o mundo ruir por completo.
O choro veio rasgando o peito, convulsionando o corpo, como se todas as dores de uma vida estivessem sendo expurgadas de uma vez só. Gabriel apenas a segurou com força, como quem acolhe algo precioso que foi quebrado.
— Shhh… Eu tô aqui, Cê… Eu tô aqui… Deixa sair… chora tudo… — sussurrou, os lábios encostados nos cabelos dela.
Ela apertava a camisa dele com os punhos cerrados, como se estivesse tentando se agarrar a algum pedaço de realidade. Ele sentia a dor dela como se fosse sua.
Com cuidado, Gabriel a conduziu até o carro. A noite estava ainda mais fria, mas ela não sentia mais nada — tudo nela havia sido tomado pela dor. Acomodou-a no banco do passageiro, colocou o cinto por ela, como quem protege um cristal rachado, abriu a porta de trás, colocou a pequena mala no banco e deu a volta para entrar.
Entrou e, antes de ligar o carro, segurou a mão dela com força.
— Eu tô com você. E não importa o que tenha acontecido… você não vai passar por isso sozinha.
Celina virou o rosto lentamente. Seus olhos, inchados e vermelhos, encararam os dele. E naquele instante, mesmo sem palavras, uma verdade ficou clara:
Ela havia sido destruída. Mas não estava sozinha para se reconstruir.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR
depois que começou a cobrar ficou ruim seguir com a leitura...
Desde quando esse site cobra? Já li inúmeros livros e é a primeira vez que vejo cobrar....
Pq não abre os capítulos? Mesmo pagando?...
Eu comprei os capítulos, mas eles não abrem. Continuam bloqueados, mesmo depois de pago...
Comprei os capítulos, mas não consigo ler. Só abrem depois de 23:00 horas. Não entendi...