O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 348

Um mês havia se passado.

Trinta dias de silêncio, recomeços e reconstrução. Para Arthur, não foi fácil. Desde o acidente, sua vida parecia dividida em dois: antes e depois da verdade, antes e depois do acidente, antes e depois de Zoe.

Focado em sua reabilitação, enfrentava dias bons e dias ruins. Havia momentos em que acreditava que poderia voltar a andar, sentia os músculos reagirem, pequenos avanços que acendiam esperança. Mas também havia os dias escuros, quando o corpo não correspondia, quando as mãos tremiam, quando as pernas pareciam de chumbo. E nesses dias, a frustração vinha como tempestade.

Foi nesse tempo que ele entendeu o verdadeiro significado de força. E não a força física, mas a força de continuar, de tentar, de acreditar.

Seus pais foram seu alicerce. A mãe o acompanhava nas sessões de fisioterapia, e o pai, que sempre fora um exemplo de dignidade e presença, estava ali todos os dias. Já Thor, além de irmão, era seu incentivador seu confidente. A distância não atrapalhava a amizade deles. Era Thor quem levava as notícias. Quem o fazia sorrir quando a dor ameaçava sufocar. Quem, com cuidado, falava sobre Zoe.

Arthur não a procurou. Quando soube da gravidez, sentiu o impulso de correr até ela — se pudesse correr. Mas preferiu esperar. Precisava estar bem para vê-la.

Zoe, por outro lado, mantinha-se firme na decisão de não contar nada a Arthur sobre a gravidez e continuava com as terapias.

Nos últimos dias, Zoe estava conversando com Thor sobre a possibilidade de ela se mudar e trabalhar na sede da empresa nos Estados Unidos. Precisava de um novo começo. Mas só iria se a mãe fosse com ela. Não queria estar completamente sozinha num país estrangeiro, ainda mais esperando um filho. Sabia que sua amiga ofereceria a casa dela, mas queria ter seu próprio lar.

Naquele sábado, o céu de São Paulo estava cinzento. A temperatura amena a convidava ao recolhimento. Zoe decidiu ir à exposição de fotografias no Pavilhão do Ibirapuera, uma mostra chamada “Maternidade em Imagens”. O tema parecia doloroso, mas ela sentia que precisava daquele mergulho. Queria ver outras mulheres, outras histórias. Talvez encontrasse ali algum tipo de cura.

O pavilhão era amplo, com luz suave e um silêncio acolhedor. As paredes exibiam fotografias emocionantes: mães com os filhos no colo, gestantes sozinhas, retratos de superação e abandono. Embaixo de cada imagem, histórias escritas com o coração aberto. Zoe lia tudo com atenção. Sentia cada frase como uma punhalada ou um abraço.

Caminhou até uma imagem que a paralisou: uma mulher grávida, de perfil, parada diante de uma janela. O olhar da mulher era perdido, mas forte. A legenda dizia: “Ela esperava que alguém voltasse. Mas aprendeu que, às vezes, a única volta que precisamos é para dentro de nós mesmas.”

Zoe sentiu o coração apertar.

O silêncio ao redor parecia amplificar sua solidão. Levou a mão à barriga, devagar. O filho estava ali. Crescendo. Ela o amava, mais do que tudo. Mas às vezes o medo era maior que o amor. Ou talvez os dois estivessem misturados demais.

De repente, o ar mudou.

Foi sutil. Uma presença que ela não esperava. O coração dela disparou. O instinto falou primeiro. Virou-se lentamente, como quem já sabia o que ia encontrar.

Arthur.

Ele se aproximava com calma, na cadeira de rodas. A cadeira era moderna, discreta. Ele estava bem vestido, com o rosto sereno, mas os olhos... os olhos diziam tudo. Ele parou a poucos metros. Não disse nada de imediato. Zoe estava sem ar.

Arthur então falou, a voz baixa, firme, mas embargada:

— Você não precisa passar por isso sozinha... Zoe. — deu uma pausa. — Eu nunca vou ser um pai ausente. — outra pausa mais longa. — Você mais do que ninguém sabe como eu queria um filho nosso.

Zoe ficou imóvel por alguns segundos. O coração parecia ter travado no peito. A voz saiu fria, defensiva:

— Não sei do que você está falando.

Arthur se aproximou mais, sem pressa, com respeito. Os olhos fixos nos dela.

— Precisamos conversar, Zoe.

— Não tenho nada pra falar com você — rebateu ela, tentando esconder a emoção. — Nós não somos mais nada.

Arthur engoliu seco.

— Zoe, por favor. Temos coisas importantes pra conversar.

348 - NUNCA VOU SER UM PAI AUSENTE 1

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