Um mês havia se passado.
Trinta dias de silêncio, recomeços e reconstrução. Para Arthur, não foi fácil. Desde o acidente, sua vida parecia dividida em dois: antes e depois da verdade, antes e depois do acidente, antes e depois de Zoe.
Focado em sua reabilitação, enfrentava dias bons e dias ruins. Havia momentos em que acreditava que poderia voltar a andar, sentia os músculos reagirem, pequenos avanços que acendiam esperança. Mas também havia os dias escuros, quando o corpo não correspondia, quando as mãos tremiam, quando as pernas pareciam de chumbo. E nesses dias, a frustração vinha como tempestade.
Foi nesse tempo que ele entendeu o verdadeiro significado de força. E não a força física, mas a força de continuar, de tentar, de acreditar.
Seus pais foram seu alicerce. A mãe o acompanhava nas sessões de fisioterapia, e o pai, que sempre fora um exemplo de dignidade e presença, estava ali todos os dias. Já Thor, além de irmão, era seu incentivador seu confidente. A distância não atrapalhava a amizade deles. Era Thor quem levava as notícias. Quem o fazia sorrir quando a dor ameaçava sufocar. Quem, com cuidado, falava sobre Zoe.
Arthur não a procurou. Quando soube da gravidez, sentiu o impulso de correr até ela — se pudesse correr. Mas preferiu esperar. Precisava estar bem para vê-la.
Zoe, por outro lado, mantinha-se firme na decisão de não contar nada a Arthur sobre a gravidez e continuava com as terapias.
Nos últimos dias, Zoe estava conversando com Thor sobre a possibilidade de ela se mudar e trabalhar na sede da empresa nos Estados Unidos. Precisava de um novo começo. Mas só iria se a mãe fosse com ela. Não queria estar completamente sozinha num país estrangeiro, ainda mais esperando um filho. Sabia que sua amiga ofereceria a casa dela, mas queria ter seu próprio lar.
Naquele sábado, o céu de São Paulo estava cinzento. A temperatura amena a convidava ao recolhimento. Zoe decidiu ir à exposição de fotografias no Pavilhão do Ibirapuera, uma mostra chamada “Maternidade em Imagens”. O tema parecia doloroso, mas ela sentia que precisava daquele mergulho. Queria ver outras mulheres, outras histórias. Talvez encontrasse ali algum tipo de cura.
O pavilhão era amplo, com luz suave e um silêncio acolhedor. As paredes exibiam fotografias emocionantes: mães com os filhos no colo, gestantes sozinhas, retratos de superação e abandono. Embaixo de cada imagem, histórias escritas com o coração aberto. Zoe lia tudo com atenção. Sentia cada frase como uma punhalada ou um abraço.
Caminhou até uma imagem que a paralisou: uma mulher grávida, de perfil, parada diante de uma janela. O olhar da mulher era perdido, mas forte. A legenda dizia: “Ela esperava que alguém voltasse. Mas aprendeu que, às vezes, a única volta que precisamos é para dentro de nós mesmas.”
Zoe sentiu o coração apertar.
O silêncio ao redor parecia amplificar sua solidão. Levou a mão à barriga, devagar. O filho estava ali. Crescendo. Ela o amava, mais do que tudo. Mas às vezes o medo era maior que o amor. Ou talvez os dois estivessem misturados demais.
De repente, o ar mudou.
Foi sutil. Uma presença que ela não esperava. O coração dela disparou. O instinto falou primeiro. Virou-se lentamente, como quem já sabia o que ia encontrar.
Arthur.
Ele se aproximava com calma, na cadeira de rodas. A cadeira era moderna, discreta. Ele estava bem vestido, com o rosto sereno, mas os olhos... os olhos diziam tudo. Ele parou a poucos metros. Não disse nada de imediato. Zoe estava sem ar.
Arthur então falou, a voz baixa, firme, mas embargada:
— Você não precisa passar por isso sozinha... Zoe. — deu uma pausa. — Eu nunca vou ser um pai ausente. — outra pausa mais longa. — Você mais do que ninguém sabe como eu queria um filho nosso.
Zoe ficou imóvel por alguns segundos. O coração parecia ter travado no peito. A voz saiu fria, defensiva:
— Não sei do que você está falando.
Arthur se aproximou mais, sem pressa, com respeito. Os olhos fixos nos dela.
— Precisamos conversar, Zoe.
— Não tenho nada pra falar com você — rebateu ela, tentando esconder a emoção. — Nós não somos mais nada.
Arthur engoliu seco.
— Zoe, por favor. Temos coisas importantes pra conversar.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR
depois que começou a cobrar ficou ruim seguir com a leitura...
Desde quando esse site cobra? Já li inúmeros livros e é a primeira vez que vejo cobrar....
Pq não abre os capítulos? Mesmo pagando?...
Eu comprei os capítulos, mas eles não abrem. Continuam bloqueados, mesmo depois de pago...
Comprei os capítulos, mas não consigo ler. Só abrem depois de 23:00 horas. Não entendi...