Atravessando o imponente saguão do restaurante reservado no Jumeirah Burj Al Arab, Celina caminhava ao lado de Thor com a elegância de quem sabia que todos os olhares estavam sobre ela. E estavam. Cada passo, cada movimento suave, cada balanço sutil dos cabelos castanhos perfeitamente escovados deixava um rastro de silêncio admirado e pescoços se virando discretamente.
Thor Miller, à frente, percebia os olhares masculinos que se voltavam para ela. A percepção era incômoda, como uma irritação constante debaixo da pele. Aquilo o contrariava, embora ele mesmo não compreendesse por quê. Sua expressão mantinha-se fria, os olhos como gelo, e o maxilar contraído denunciava a tensão.
Ao entrarem no espaço reservado, uma mesa com quatro acionistas estrangeiros e uma mulher os aguardava. Homens poderosos, acostumados com ambientes de luxo e negociações bilionárias. Levantaram-se para cumprimentar Thor, que retribuiu com um aceno seco e firme. Em seguida, apresentou Celina com poucas palavras:
— Senhores — disse ele, com a voz firme e seca. — Esta é Celina, minha secretária executiva.
Celina, por outro lado, sorriu educadamente e apertou a mão de cada um. Seus olhos firmes e postura segura chamaram a atenção imediata, principalmente de um dos acionistas, Louis Davenport, homem de meia-idade, elegância britânica e olhar atento, detiveram-se por tempo demais sobre Celina. Um leve sorriso surgiu em seus lábios, mas ele logo retomou a postura profissional.
— Encantado, senhorita Celina — disse ele, com um inglês impecável, estendendo a mão.
Ela correspondeu ao cumprimento com firmeza e um sorriso cordial. Thor observava tudo em silêncio, mas seus olhos se estreitaram. Ele sentou-se na cabeceira, Celina ao lado, como haviam combinado e já foi dizendo para irem logo ao ponto.
Durante os primeiros minutos, a tensão reinava apenas no silêncio de Thor, que dava direcionamentos rápidos, sem rodeios. Celina abriu seu tablet e começou a repassar os relatórios financeiros, os fluxos de investimento e as projeções para os novos mercados. A cada dado apresentado, sua voz firme e clara surpreendia os acionistas, que esperavam pouco dela além da aparência impecável.
— Como podem ver — disse Celina, com segurança — o crescimento da filial asiática segue em curva ascendente, superando em 14% as projeções do trimestre passado.
Um dos acionistas, francês, interrompeu:
— E a previsão para o terceiro trimestre?
Antes que Thor pudesse responder, Celina deslizou a tela do tablet e respondeu com precisão:
— Estimamos um crescimento de 9,8%, levando em conta a nova parceria logística firmada na última semana. Todos os contratos estão documentados e já foram repassados para o setor jurídico.
Thor a observava de perfil. A frieza que o caracterizava parecia vacilar por um segundo. Aquela mulher que, para ele, seria um estorvo passageiro, estava ali, com postura impecável, argumentando com competência, encantando os acionistas não apenas com a beleza, mas com a inteligência afiada.
Louis Davenport não disfarçava o interesse crescente. Seus olhos, antes analíticos, tornaram-se mais pessoais. A cada vez que Celina falava, ele a observava como se estivesse decifrando um código.
— Srta. Celina — disse ele, em um tom levemente mais baixo, quando houve uma pausa na apresentação. — Com todo respeito, sua presença aqui é uma das surpresas mais agradáveis da minha visita.
Celina manteve o sorriso profissional, mas seus olhos recuaram um centímetro. Thor apoiou o cotovelo na mesa e se inclinou levemente à frente.
— Estamos aqui para tratar de negócios, Davenport — disse Thor, com a voz baixa e cortante como uma navalha. — Vamos manter o foco.
Um silêncio incômodo pairou por um segundo. Davenport apenas sorriu, ajeitando os punhos da camisa como se nada tivesse acontecido.
Celina retomou a apresentação com naturalidade, mas por dentro sentia o coração acelerado. Não pelo elogio disfarçado de Davenport, mas pela reação de Thor. Havia algo naquele tom que carregava mais que profissionalismo. Era como se ele a defendesse. Ou a reivindicasse.
— Ainda bem. Reconhecimento é para os que erram menos.
Ela arqueou uma sobrancelha, mas não disse nada. Apenas pegou o tablet, virou-se e saiu caminhando com a mesma graciosidade de antes, deixando um rastro de perfume e silêncios.
Thor ficou para trás, observando-a por alguns segundos. Algo dentro dele se revirava, mas ele bloqueou o pensamento. Tinha um império para manter. Emoções, desejos ou impulsos não faziam parte disso.
Ao saírem do restaurante, o sol refletia no mar, banhando o interior do hotel com uma luz dourada. Thor caminhava à frente, silencioso, e Celina o seguia com passos firmes, sem desviar o olhar. A tensão entre eles era quase tátil. Não trocavam palavras, mas seus corpos pareciam se comunicar de outra forma: em silêncios, olhares e a proximidade constante.
Quando entraram no elevador panorâmico, ele a fitou pelo reflexo do vidro. Celina permaneceu em silêncio, mantendo os olhos fixos no horizonte. Mas dentro dela, tudo pulsava. O desejo, o orgulho ferido, a confusão, a raiva. Thor não era apenas seu chefe temporário, era também o pai de seus filhos. E aquilo tornava tudo mais intenso, mais difícil, mais perigoso.
Ao chegarem à cobertura, onde ficava a suíte, com um gesto firme, ele passou o cartão e abriu a porta com certa impaciência. Segurou-a por alguns segundos, mantendo-a escancarada.
— Entre, senhora Bernardes — disse em tom seco, a voz baixa e carregada de tensão.
Celina atravessou a entrada sem dizer uma palavra. Os saltos suaves contra o chão polido pareciam um eco do silêncio desconfortável que havia entre eles.
Mas antes que pudesse dar mais dois passos, sentiu um puxão firme no braço.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR
depois que começou a cobrar ficou ruim seguir com a leitura...
Desde quando esse site cobra? Já li inúmeros livros e é a primeira vez que vejo cobrar....
Pq não abre os capítulos? Mesmo pagando?...
Eu comprei os capítulos, mas eles não abrem. Continuam bloqueados, mesmo depois de pago...
Comprei os capítulos, mas não consigo ler. Só abrem depois de 23:00 horas. Não entendi...