Do lado de fora do banheiro, Thor continuava sentado na poltrona, tentando focar no notebook. Mas não conseguia.
As palavras de Celina ecoavam em sua mente. A firmeza com que ela o enfrentara. O olhar machucado. E agora, o silêncio... um silêncio pesado, preenchido apenas pelo leve som abafado de choro que escapava pelas frestas da porta.
Ele apertou os punhos sobre os braços da poltrona, lutando consigo mesmo. Não queria sentir. Não queria se importar. Mas algo dentro dele o corroía por dentro, como uma lâmina fria arranhando a consciência.
Thor se levantou e caminhou até a porta do banheiro. Encostou-se à madeira, fechando os olhos, respirando fundo. Ele ouvia os soluços abafados de Celina.
Por um momento, sua mão subiu, como se fosse bater na porta… mas ele recuou.
— Não se envolva. Não de novo — sussurrou para si mesmo, voltando lentamente para a poltrona.
Celina, lá dentro, permanecia sentada no chão, os braços cruzados sobre os joelhos e o rosto enterrado neles. Sua maquiagem havia se desfeito, mas a dor continuava vívida. A ligação com César havia rasgado o pouco de força que ainda restava nela. E mesmo assim, ela sabia que não podia desabar completamente.
Ela apertava os olhos tentando conter as lágrimas, mas elas escorriam, teimosas, cortando seu rosto. Sentia-se frágil, exausta, despedaçada.
Por mais que tentasse, não conseguia se recompor por completo. Então, respirou fundo, levantou-se devagar, apoiando-se na parede. Olhou seu reflexo no espelho — olhos inchados, expressão abatida. Aquela imagem não era dela… ou não era mais a mulher que um dia acreditou estar segura ao lado de César, nem a que, por uma noite, se deixou levar pelo calor confuso dos braços de Thor.
Ela passou água no rosto, se recompôs o máximo que pôde e saiu discretamente do banheiro. Sabia que Thor ainda estava na cabine, mas sequer olhou em sua direção. Foi direto para o quarto do jatinho, fechando a porta com cuidado.
Sentou-se na beira da cama, pegou o celular e hesitou. Era tarde no Brasil, mas ela precisava falar com alguém que ainda a conhecia melhor do que ela mesma.
Discou.
— Tatiana... — sussurrou assim que a amiga atendeu, mesmo com a voz sonolenta.
— Celina? Tá tudo bem? — A voz de Tatiana se despertou num susto.
— Não... — ela respirou fundo. — Tati, eu ainda tô no voo e... aconteceu tanta coisa que eu... eu precisava ouvir sua voz.
— Fala comigo, amiga. O que houve?
Celina contou tudo. Desde a tensão no jatinho, o jeito que Thor a tratava com frieza, o quanto aquilo a afetava, e então, como a ligação de César foi como um golpe final. Detalhou cada palavra cruel que ouviu, cada acusação injusta. Sua voz falhava ao reviver a dor.
Tatiana ouviu tudo em silêncio, como sempre fazia. Quando Celina terminou, ainda com a respiração trêmula, a amiga perguntou com cuidado:
— Celina... você tem certeza de que não tá sentindo nada por esse homem?
— Thor? Claro que não! Ele é arrogante, rude... e me trata como se eu fosse invisível!
— É... mas mesmo assim ele te abala, né? Ele te tira do eixo. Isso não acontece com qualquer um.
— Eu tô vulnerável, só isso. Depois da traição do César, eu... eu me perdi de mim, Tati.
Tatiana suspirou do outro lado da linha.
— Espero que esteja pronta, Senhora Bernardes. O cliente que vamos encontrar é exigente. Ele valoriza postura e foco. Mesmo diante de… contratempos pessoais.
Celina não o olhou. Apenas respondeu com firmeza, a voz embargada, mas controlada:
— Sempre fui profissional, senhor Thor. E não é agora que deixarei de ser.
O avião tocou o solo. O impacto da aterrissagem pareceu menor do que o que já havia se chocado dentro dos dois.
A porta do jatinho se abriu. O calor do asfalto, o som do motor reduzindo… tudo parecia distante.
Celina ergueu o queixo, ajustou o cabelo com os dedos e desceu do avião como quem veste uma armadura.
Thor a seguiu em silêncio, observando-a de longe.
Ela era uma mulher ferida. Mas caminhava como quem, mesmo sangrando, não aceitava ser derrotada.
E ele, por mais que tentasse se esconder atrás do distanciamento, sabia que aquela força silenciosa dela o afetava de um jeito que não conseguia controlar.
Enquanto seguiam para o carro que os esperava na pista, Thor não disse mais uma palavra. Mas por dentro, estava uma tempestade.
E o destino... ainda estava apenas começando.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR
depois que começou a cobrar ficou ruim seguir com a leitura...
Desde quando esse site cobra? Já li inúmeros livros e é a primeira vez que vejo cobrar....
Pq não abre os capítulos? Mesmo pagando?...
Eu comprei os capítulos, mas eles não abrem. Continuam bloqueados, mesmo depois de pago...
Comprei os capítulos, mas não consigo ler. Só abrem depois de 23:00 horas. Não entendi...