O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 186

Gabriel terminou um gole do café e respondeu com calma:

— Estou esperando uma resposta. Mas não quero que fique ansiosa. Sinceramente? Se dependesse de mim, você não trabalharia fora agora. Mas respeito sua vontade. Desde que não ultrapasse seus limites. A prioridade é você e os bebês.

— Eu preciso trabalhar Gabriel. Quero ter minha casa e pra isso preciso juntar dinheiro. O que ganho com a escrita ainda não dá para me sustentar, fora que daqui a pouco os bebês vão nascer e eu vou ser obrigada a dar uma pequena pausa.

— Paciência Celina, é tudo que você precisa nesse momento. — disse ele com uma calmaria irritante.

— O custo de vida aqui é caro sabia? — respondeu ela afiada.

Gabriel então a olhou e sorriu.

— Finalmente estamos vendo uma barriguinha. Bom dia, bebês lindos do tio.

Ele se abaixou e acariciou sua barriga com carinho. Celina sorriu e disse.

— Não muda de assunto senhor Gabriel. Mas confesso que não vejo a hora de estar com um barrigão enorme!

— Sua mãe colocou muita barriga Cel? — ele perguntou.

Ela pensou por um instante.

— Nunca perguntei. Mas lembro que ela falava que passava muito mal. Teve depressão. Não tirava fotos. Você acredita que não tenho uma foto da minha mãe grávida Gabriel?

Gabriel assentiu com doçura.

— As coisas antigamente eram mais difíceis né? Mas você terá muitas fotos. Porque você merece lembrar dessa fase com alegria. E o melhor que agora seus enjoos deram uma trégua, então terá mais disposição.

Celina sorriu, sentindo o coração aquecido. Gabriel terminou seu café, deu um beijo em sua testa e se despediu:

— Tenha um bom dia, escritora mais brilhante da América. Nós vemos a noite. Quero ver você mais linda do que já é.

Ela riu, acenando.

— Vai com Deus, Gabriel.

Gabriel saiu às pressas, deixando um beijo na testa de Celina e desejando um bom dia com aquele sorriso doce que ela já começava a considerar abrigo. Quando a porta se fechou, o silêncio do apartamento preencheu o ambiente como um véu. Celina sentou-se à mesa, pegou sua caneca de chocolate ainda quente e abriu o notebook, como fazia todas as manhãs. Era seu ritual: responder comentários, revisar o que escrevera no dia anterior, postar capítulos, planejar os próximos.

Enquanto comia um pedaço de pão com geleia, abriu uma aba no navegador para checar as notícias, algo que, ultimamente evitava. Mas a curiosidade, ou talvez um impulso inconsciente, falou mais alto. E foi ali, como uma facada no estômago, que ela viu.

"Thor Miller é flagrado com modelo em restaurante de luxo em Nova York. Novo romance à vista?"

"Depois do escândalo do casamento, será que Thor Miller finalmente encontrou um novo amor?"

Mas Celina sabia ler o que estava nas entrelinhas.

Sentiu o peito se encher de uma raiva quente, uma indignação que queimava. Não era apenas ciúme, era revolta. Por tudo que ele tinha feito. Pela "traição". Pela frieza. Pela falta de confiança. Pela forma como destruiu o amor dela e seguiu em frente como se nada tivesse acontecido.

— Canalha. — disse, agora com a voz mais firme. — Você nunca olhou pra trás, não é? Me desbloqueou só pra esfregar na minha cara que tem outra. Eu já entendi tudo!

Fechou o I*******m com um clique seco.

O coração ainda batia acelerado, os olhos ardiam, mas ela se recusava a deixar que aquela dor tomasse conta. Não naquele dia. Não agora.

Levantou-se da cadeira, foi até o quarto, pegou o caderno e estojo e voltou à cozinha. Sentou-se novamente diante da tela e abriu o arquivo do capítulo novo.

— Quer saber, Thor? Eu vou te afogar nas minhas palavras. — murmurou, com um meio sorriso de raiva.

Abriu a playlist de músicas dramáticas, ajustou o fone de ouvido e começou a digitar como se sua alma dependesse daquilo. E de certa forma, dependia.

Celina decidiu que transformaria aquela dor que ainda não havia sarado, em história. Que cada frase escrita seria um grito calado. Que se havia uma coisa que ninguém mais tiraria dela, era sua voz.

Naquela manhã que tinha tudo para ser devastadora, ela escreveu como nunca.

Porque às vezes, a melhor vingança é ser inesquecível.