O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 151

O final de semana chegou com uma leve brisa de sol iluminando o quarto de Celina. Ainda era cedo quando seus olhos se abriram, mas havia algo diferente naquela manhã de sábado: uma vontade incontrolável, intensa, quase absurda de comer cajá com calda de menta. Bastava pensar na fruta e sua boca salivava como se fosse uma necessidade vital. Ela colocou a mão na barriga e sorriu.

— Vocês estão com desejo, é? — disse em voz baixa, como se falasse diretamente com os bebês que carregava. — Vamos dar um jeito nisso.

Levantou-se e foi direto para o banho. A água quente escorrendo por seu corpo trouxe um certo conforto. Ao sair, colocou uma roupa de ginástica, mas notou que as calças começavam a apertar na cintura. Em vez de se incomodar, ela sorriu, passando carinhosamente a mão pela barriga que mal se notava, mas que já anunciava uma nova vida.

— Eu não vejo a hora de ver essa barriguinha crescendo.

Na cozinha, preparou um café da manhã leve — mamão com granola, pão integral e um suco natural. Comeu devagar, sentindo cada sabor, mas o desejo pelo cajá continuava pulsando. Assim que terminou, calçou os tênis e saiu para caminhar.

O bairro ainda despertava, algumas pessoas correndo, outras passeando com os cachorros. A caminhada trouxe um pouco de alívio para a ansiedade que ela nem havia percebido que sentia. Respirar ar fresco, movimentar o corpo, sentir-se viva... tudo isso lhe fazia bem.

Ao fim do percurso, passou no Hortifruti que ficava a três quadras de seu prédio. Escolheu algumas frutas frescas, pegou algumas verduras e legumes. Uma quantidade que deu para ela carregar. Mas nada de cajá. Procurou em todas as gôndolas, perguntou para um funcionário.

— Infelizmente não temos, moça. Tá em falta essa semana.

Ela sorriu sem graça e saiu de lá frustrada.

Assim que chegou em casa, colocou as bolsas na mesa da cozinha e pegou o celular. Abriu a conversa com Zoe e digitou:

"Acordei com um desejo maluco de comer cajá com calda de menta, fui no Hortifruti e não tinha. Tô arrasada."

Visualizou que a mensagem não foi lida. Provavelmente Zoe ainda estava dormindo, era sábado afinal. Celina desarrumou as sacolas, lavou as frutas e resolveu fazer uma salada de frutas.

Enquanto cortava os morangos, o celular tocou. Era Gabriel. Ela atendeu com um leve sorriso no rosto.

— Bom dia, minha escritora preferida. Dormiu bem? — ele disse com aquele tom encantador que sempre a fazia suspirar.

— Domi sim e acordei cedo. — respondeu, tentando esconder a animação.

— Sério? E por quê?

— Desejo de grávida. Cajá com calda de menta.

Gabriel riu.

— Cajá com menta? Isso é sério?

— Seríssimo. Quase chorei no Hortifruti.

— A gente precisa arrumar um carregamento de cajá urgente, então.

Conversaram por alguns minutos. Ele perguntou se ela dormiu bem, como estava se sentindo. Celina sentia-se segura com ele, mesmo com a distância entre os dois. Havia algo reconfortante em Gabriel, como se ele fosse uma âncora em meio ao caos.

Após a ligação, Celina tomou outro banho. Teria mais uma consulta de pré-natal naquela manhã. Optou por um vestido soltinho, estampado com margaridas pequenas. O tecido leve se movimentava a cada passo como uma dança. Prendeu o cabelo em um coque e saiu.

No consultório, a sala de espera estava cheia. Sentou-se e puxou o celular para passar o tempo. Observava as outras mulheres ali. Duas delas estavam acompanhadas de seus companheiros. Casais trocando carícias, risadas baixas, mãos repousando sobre as barrigas, beijos no topo da cabeça. Aquilo mexeu com ela mais do que gostaria de admitir.

Sentiu um nó na garganta. O coração apertou e a tristeza ameaçou emergir, mas ela se lembrou da conversa da noite anterior com Gabriel. Suas palavras a tocaram de maneira profunda.

— No momento, não.

— Ok. Vamos focar então no seu bem-estar emocional e físico. Caminhadas, distrações leves, música, leituras... tudo que traga felicidade.

A doutora fez questão de reforçar a importância de cuidar da saúde mental.

— A gestação é um período lindo, mas delicado. Ansiedade e tristeza constantes podem interferir no desenvolvimento dos bebês. Vamos evitar isso, tá bem? Vou te encaminhar para uma psicóloga que atende aqui mesmo na clínica.

Por fim, pediu que Celina deitasse. Pegou o pequeno aparelho para auscultar os batimentos fetais. O som veio rápido, nítido, como tambores leves. Tum-tum, tum-tum.

Celina sorriu emocionada. Ali estavam. Seus filhos. Vivos.

— Que som maravilhoso... — sussurrou.

— O melhor do mundo — respondeu a médica.

Após a consulta, Celina voltou para casa. Bebeu um copo grande de água e sentou-se no sofá, deixando o corpo relaxar. Ligou a TV e colocou um filme de comédia qualquer. Precisava sorrir. Precisava se permitir momentos de leveza.

Cerca de quarenta minutos depois, a campainha tocou freneticamente. Ela levou um susto, olhou pelo olho mágico e imediatamente sorriu. Uma figura feminina de óculos escuros, com uma mochila enorme nas costas. Zoe.

Abriu a porta e ouviu:

— Missão cumprida, grávida mais exigente do país! — Zoe ergueu a sacola como se fosse um troféu. — Cajás fresquinhos, direto da feira da madrugada e calda de menta.

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