Enquanto ele preparava um macarrão simples com molho branco improvisado, Celina foi se soltando cada vez mais. A conversa foi ganhando leveza, risadas se misturando com o som da água fervendo e do alho refogando. Ela nem lembrava a última vez que tinha rido assim. Sentia-se acolhida, segura, viva.
— Atenção, senhora gestante e emocionalmente renovada, — anunciou Gabriel, colocando os pratos na mesa. — Sua janta está servida. Não é cinco estrelas, mas é feita com carinho. E alho. Muito alho. Que é ótimo pro coração, inclusive.
— Tá com cheiro de coisa boa, — disse Celina, se servindo com um sorriso genuíno.
Eles comeram ali mesmo, na cozinha, sentados lado a lado na mesa pequena, trocando piadas e histórias. Foi um momento simples, mas especial. Um respiro no meio da tempestade.
Quando terminaram, Celina se levantou para ajudar, mas Gabriel se adiantou.
— Nada disso. Hoje o combo é completo. Ou você acha que o príncipe da jantinha ia sair pela metade?
— Você vai lavar a louça também? — ela perguntou surpresa.
— Com honra! — respondeu ele divertido.
Ela riu, cruzando os braços e se escorando no batente da porta, observando ele ensaboar os pratos com uma agilidade suspeita.
— Tá vendo? E ainda dizem que homem não presta... — disse ela
— Presta sim. Só tem que saber procurar nos lugares certos. Tipo na cozinha a noite.
Enquanto Gabriel lavava a louça e Celina ainda sentada na cadeira sorria ao observar aquele momento raro — um homem lavando louça e fazendo piada ao mesmo tempo — o celular dela vibrou sobre a mesa. Era Tatiana.
— Oi, Tati! — ela atendeu, com a voz leve.
— Celina, o que você tá fazendo a essa hora?
— Tô aqui na cozinha... com o Gabriel. Ele fez uma jantinha pra mim, — respondeu, tentando disfarçar o sorriso na voz.
Do outro lado da linha, Tatiana soltou uma risadinha marota.
— Ah, é? Muito bom! Assim que eu gosto!
Gabriel, sem perder o timing, gritou da pia:
— Oi, Tatianaaaa! — com um tom engraçado e caricato, fazendo voz de apresentador de programa infantil. — Aqui é o chef Gabriel, diretamente da cozinha da dona Celina!
Celina gargalhou e colocou o celular no viva-voz.
— Pronto, agora vocês dois estão oficialmente conectados.
— Muito prazer, Gabriel, — disse Tatiana rindo. — Ouvi dizer que você cozinha e ainda lava a louça... isso aí vale ouro, hein.
— Tô aceitando elogios e convites pra reality show culinário, — respondeu ele, enxugando um prato com pose de chef profissional. — Meu talento está sendo desperdiçado nessa cozinha modesta.
— Aproveita então, Gabriel, que eu quero te convidar pra jantar aqui em casa, junto com a Celina.
— Opa, gostei! Qual a ocasião?
Celina olhou para ele, um pouco mais séria agora, e respondeu antes que Tatiana pudesse explicar:
— A Tati e o Roberto vão embora pra Suíça... vão passar um tempo fora.
Tatiana completou:
Depois de lavar tudo, enxugar e guardar a louça, Gabriel virou para ela com um sorriso tranquilo e disse:
— Agora você comeu, riu, desabafou e chorou. Tá com a alma mais leve. Vai descansar, Celina. Você merece. Amanhã é um novo dia. E eu tenho certeza de que ele vai ser diferente. Melhor.
Ela assentiu, com os olhos brilhando de emoção e gratidão. Gabriel pegou sua jaqueta, deu um beijo no rosto dela, foi até a porta, e antes de sair, olhou para ela uma última vez.
— Boa noite, Celina. Dorme bem. Você tá renascendo, e nem percebeu ainda.
Ele saiu, deixando um rastro de ternura no ar.
Depois que Gabriel foi embora, deixando um silêncio reconfortante na casa, Celina permaneceu alguns minutos na cozinha, saboreando a paz daquele momento. O riso ainda ecoava leve em sua mente, assim como o cheiro da comida feita e a sensação acolhedora de ter alguém por perto que se importava genuinamente.
Ela saiu da cozinha, foi direto ao banheiro e tomou um banho quente, deixando a água escorrer pelo corpo como se lavasse não apenas o cansaço do dia, mas também as dores acumuladas dos últimos tempos. Lavou os cabelos devagar, massageou o couro cabeludo, como se cada gesto fosse um carinho em si mesma.
Após o banho, vestiu seu pijama confortável, de tecido leve e macio. Escovou os dentes, fez sua rotina noturna de cuidados com a pele — espalhando o hidratante com calma, olhando-se no espelho com um novo tipo de ternura.
No quarto, já mais relaxada, sentou-se na cama e ligou o notebook. Havia capítulos do seu livro que pediam para ser escritos. A inspiração veio como uma avalanche depois daquela noite leve e especial. Ela começou a digitar, os dedos correndo pelas teclas, como se estivessem transcrevendo direto do coração.
Palavras fluíam. Emoções ganhavam forma. Era como se tudo dentro dela encontrasse um novo sentido.
Mas, depois de um tempo, o cansaço bateu com força. Sentiu o peso do dia sobre os ombros, a mente começando a se embaralhar. Fechou o notebook com cuidado, colocando-o sobre a cabeceira. Desligou também o celular e o deixou ao lado.
Apagou a luz do abajur, deitou-se devagar e se aconchegou sob as cobertas. Um suspiro escapou dos lábios — não de tristeza, mas de alívio.
Naquela noite, Celina dormiu profundamente com o coração mais leve, a alma menos carregada e os pensamentos embalados por um sopro de esperança.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR
depois que começou a cobrar ficou ruim seguir com a leitura...
Desde quando esse site cobra? Já li inúmeros livros e é a primeira vez que vejo cobrar....
Pq não abre os capítulos? Mesmo pagando?...
Eu comprei os capítulos, mas eles não abrem. Continuam bloqueados, mesmo depois de pago...
Comprei os capítulos, mas não consigo ler. Só abrem depois de 23:00 horas. Não entendi...