O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 139

O elevador parou com um leve tranco. Celina deu um pulo discreto e abriu os olhos no mesmo instante. As portas se abriram revelando a ampla e luxuosa sala da cobertura de Thor.

Ela deu um passo hesitante para fora. O ambiente estava iluminado de forma suave, com luzes indiretas dando ao espaço um ar acolhedor. O aroma era familiar: um misto de madeira, lavanda e algo que ela não sabia definir, mas que reconheceria em qualquer lugar — era o cheiro dele.

Foi então que ouviu passos vindos do corredor. A figura da governanta, Dona Sara, surgiu, parecendo nervosa e surpreendida com a presença inesperada de Celina. Os olhos da senhora estavam arregalados, e seu rosto, normalmente calmo e discreto, estava pálido.

Celina parou, sentindo o estômago revirar.

— Dona Sara? — disse com a voz trêmula. — Está tudo bem?

A senhora deu um passo à frente, arrumando a blusa com gestos ligeiros, como se não soubesse o que fazer com as próprias mãos.

— Ah, senhorita Celina... eu... não sabia que viria esta noite.

Celina franziu a testa. O nervosismo de Dona Sara não era o tipo usual, havia algo estranho ali. Algo que ela ainda não sabia o que era, mas que seu instinto dizia ser importante.

— Eu... não avisei mesmo. Foi de última hora — respondeu, ainda observando a expressão da mulher.

Dona Sara hesitou, olhou para trás, em direção ao quarto de Thor, e depois voltou o olhar para Celina.

— O senhor Thor está... — começou a dizer, mas parou no meio da frase.

Celina sentiu um calafrio. Seu peito se apertou como se antecipasse um desfecho que poderia despedaçá-la de vez. Ela respirou fundo e deu mais um passo para dentro da sala.

— Ele está no quarto? — perguntou, firme.

Dona Sara não respondeu de imediato. Em vez disso, apenas assentiu com a cabeça, discretamente, como se estivesse autorizando, com o olhar, Celina a seguir seu coração.

Celina olhou mais uma vez para o corredor. Sua respiração acelerou. O som do batimento de seu coração era como uma martelada no peito. Ela não fazia ideia do que encontraria ao abrir aquela porta. Mas, naquele momento, sabia que precisava descobrir. Mesmo que doesse. Mesmo que mudasse tudo.

Ela caminhava pelo corredor com passos contidos. O silêncio da cobertura era denso, como se cada parede guardasse segredos à espera de revelação. A luz suave dos abajures iluminava o caminho com uma tonalidade morna, mas nada nela aquecia o frio que subia por sua espinha. Cada passo a deixava mais próxima de Thor. E, ainda assim, mais próxima do desconhecido.

Ela parou diante da porta entreaberta do quarto. Respirou fundo antes de empurrá-la com delicadeza. A penumbra do ambiente foi rasgada por uma nesga de luz vinda do corredor, revelando a figura de Thor deitado na cama. Celina sentiu um aperto no peito ao vê-lo ali, completamente entregue, os lençóis revoltos ao redor do corpo grande e imóvel.

Aproximou-se devagar, com o coração na garganta. Ele estava suando, os cabelos grudados na testa, o rosto pálido e tenso. Murmurava palavras desconexas, entrecortadas por suspiros pesados. Um calafrio percorreu Celina da cabeça aos pés.

— Thor? — ela chamou, quase num sussurro.

Ele não respondeu. Apenas virou o rosto levemente, ainda em delírio. Celina se ajoelhou ao lado da cama e colocou a mão em sua testa.

— Meu Deus... — murmurou, assustada.

Ele estava em brasas. A pele queimava sob seus dedos. O corpo dele tremia levemente, como se lutasse contra uma febre feroz. O desespero tomou conta de Celina num instante.

Celina sentiu um peso no peito. Havia tanto que não sabia sobre ele. Sobre o passado dele.

— Eu não fazia ideia disso — murmurou, mais para si do que para Dona Sara.

— Hoje, pela manhã, ele me ligou de lá — continuou a senhora, num tom mais suave. — Pediu para eu contratar uma empresa que retirasse tudo que pertencia à Karina e ao filho. Disse que não queria mais nada lá. Colocou a casa à venda.

Celina ficou sem palavras por um instante. Sentiu um nó na garganta e os olhos marejarem.

— Mas... por que ele fez isso?

A resposta veio com ternura, mas com firmeza.

— Porque já estava mais do que na hora dele deixar o luto, de verdade. E isso só aconteceu porque você apareceu na vida dele, senhorita Celina.

Celina recuou um passo, como se aquelas palavras tivessem o peso de uma avalanche. Uma lágrima escorreu silenciosa por seu rosto.

— Eu? — perguntou Celina surpresa.

— Sim — Dona Sara confirmou com um sorriso afetuoso. — Se ele está tomando decisões tão definitivas... se está desfazendo das lembranças mais dolorosas... é porque ama você. Ele não fez isso pela Isabela. É você quem está ajudando esse homem a viver de novo.

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