POV AMÉLIA.
A conversa com Cecília estava sendo envolvente, como um bálsamo para minha mente inquieta. Jake voltou logo depois, trazendo suco e frutas frescas para mim. Agradeci com um sorriso caloroso, sentindo o alívio ao perceber que minha fome começava a ser saciada.
— Essa conversa foi bastante esclarecedora — disse Ravina, sua voz suave invadindo meus pensamentos como uma brisa reconfortante.
— Sim, foi. Só não consigo digerir essa história de nossos filhos nascerem apenas com a presença de Magnos. E se houver uma complicação? — perguntei a Ravina, com uma pontada de apreensão.
— Se acalma, Amélia. Eu também sinto um nó de incerteza, mas é assim que eles fazem as coisas aqui. Somos lobas e fortes — respondeu Ravina, com uma confiança que quase me fez acreditar.
— Sou metade loba, e essa metade está adormecida. No fundo, somos apenas humanas, frágeis, e não podemos trazer nossos filhos ao mundo sem uma assistência médica ao nosso lado — comentei, a dúvida ainda corroendo minha tranquilidade.
— Pode até ser, mas os lobos daqui não veem as coisas dessa forma. Deixaremos para pensar nisso quando tivermos certeza de que nossa gestação é totalmente lupina. Se for, aí conversamos sobre o parto — sugeriu Ravina, tentando acalmar meu coração agitado.
— Então faremos como você está sugerindo — concordei, tentando me convencer de que esse era o melhor caminho.
— Agora, pergunte para Cecília como é se transformar pela primeira vez — pediu Ravina, com um toque de curiosidade em sua voz. Desviei meus pensamentos de Ravina por um momento e me voltei para Cecília.
— Cecília, Ravina está pedindo para te perguntar como é se transformar pela primeira vez — falei, tentando manter a calma. Cecília soltou um gritinho agudo, que quase estourou meus tímpanos e me fez saltar de susto. O coração disparou, e eu quase derrubei o suco. Que diabos!
— Eu não acredito nisso! Ravina está me fazendo uma pergunta! Laila está dando cambalhotas em minha mente! Esperamos tanto por esse momento. Finalmente, poderemos aconselhar nossa irmãzinha! — exclamou Cecília, tão entusiasmada que era impossível não se contagiar. Mas eu estava ocupada tentando acalmar meu coração descompassado, uma mão pressionando o peito.
— Você está louca? Quer me causar um ataque cardíaco? Não sabe que não pode assustar uma grávida assim? — perguntei, tentando recuperar o fôlego. Cecília arregalou os olhos, chocada com a minha reação.
— Me desculpa, Lia, não foi minha intenção. Se Magnos descobrir que te assustei, vai mandar me açoitar — comentou Cecília, uma sombra de preocupação passando por seu rosto. Ela tinha razão. Magnos andava irritadiço e exageradamente protetor.
— Qual é a novidade? Nosso lobo mau sempre foi impaciente — comentou Ravina, rindo em minha mente, e não pude evitar sorrir também.
— Verdade — concordei mentalmente com Ravina, tentando reprimir o riso. Mas, de repente, a porta se escancarou com uma força que me fez pular de susto novamente. Que inferno, será que hoje é o dia de me matar de sustos?
Eulália e Cassius entraram como dois tanques de guerra, garras afiadas e olhos flamejantes, prontos para a batalha. A visão de seus olhos laranja e caninos expostos me deixou gelada. Jake, Cecília e eu recuamos instintivamente diante da intensidade deles.
— O que aconteceu, Cecília? Por que gritou? — perguntou Cassius, seus olhos varrendo a sala em busca de algum perigo invisível.
— Qual é o problema, Cecília? — Eulália se aproximou de mim num piscar de olhos, examinando-me com cuidado, o olhar aflito buscando sinais de que eu estivesse bem.
— Pai, Ravina perguntou para mim. Eu que vou responder — disse Cecília, sua voz tingida de ciúmes.
— Ora, Cecília, você ainda é um filhote. Deixe que um alfa explique com mais detalhes a primeira transformação. Eu já presenciei centenas delas — argumentou Cassius, com uma tranquilidade paternal.
— Verdade, filha, seu pai pode responder à pergunta de Ravina com mais detalhes — acrescentou Eulália, sua voz carregada de razão. Cecília suspirou, contrariada, e eu decidi intervir antes que a discussão se estendesse.
— Que tal fazermos assim: Cassius conta como é a primeira transformação de um lobisomem, Cecília compartilha sua experiência na primeira transformação, e Eulália também pode contar a dela. Assim, ouvimos diferentes perspectivas — sugeri, tentando aplacar a tensão.
— Amélia, já lhe pedimos para nos chamar de mãe e pai — mencionou Cassius, com uma pontada de tristeza ao me ouvir usar seu nome.
— Desculpa, é o hábito. Ainda não me acostumei, pai, mãe. Vou tentar chamá-los como desejam — falei, sentindo-me um pouco culpada.
— Vamos adorar ouvi-la nos chamar de pais, mas entendemos que você precisa de tempo para se acostumar — disse Eulália, com um sorriso acolhedor.
— Que tal começarmos a falar sobre as transformações? Eu também quero saber os detalhes — interveio Jake, mudando de assunto habilmente, percebendo meu desconforto.
— Eu começo — disse Cassius, rindo da expressão frustrada de Cecília. Ela claramente queria ser a primeira.
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