POV AMÉLIA.
Eu achei a reação da madrinha muito estranha e a urgência que ela disse querer me ver me deixou desconfiada.
— Relaxa, Amélia, é normal nossa madrinha estar assim. Afinal, nós fomos sequestradas, sumimos do mapa sem deixar recado. Depois, aparecemos dizendo que casamos com o pai dos nossos filhos, que ninguém sabia quem era. Então, acho perfeitamente normal ela querer nos ver com urgência e ficar estranha com esse casamento repentino — comentou Ravina na minha mente.
— Você está certa, quem não ficaria estranha? Minha madrinha é como uma segunda mãe para mim. Meus pais a escolheram para cuidar de mim caso um dia eles faltassem. Esse é o papel de uma madrinha, estar presente na vida do afilhado como uma segunda mãe. Mães se preocupam quando o filho desaparece, eu agora posso entender a reação e urgência da madrinha Margô — falei.
Fiquei no quarto conversando com Ravina sobre como contar e convencer Magnos sobre a visita da minha madrinha. Magnos talvez não queira voltar tão rapidamente para Salem. Ele tem obrigações aqui com a alcateia e não pode ficar saindo comigo para ir até a cidade. E é perigoso para mim e os filhotes essas saídas. Mas tenho que encontrar uma solução, pois preciso encontrar com a minha madrinha. Eu tenho certeza que Margô sabe muitas coisas sobre meus pais e poderá responder e esclarecer minhas dúvidas.
Quando o almoço chegou, fui para a sala de jantar. Eu acho que estava sozinha em casa. Não vejo Cecília e Jake desde que voltamos, de Salem. Estou desconfiada que aqueles dois estão transando em algum lugar. Eulalia e Cassius eu não vi, e meu marido está trabalhando. Então, terei que almoçar sozinha hoje.
Quando cheguei na sala de jantar, encontrei as funcionárias da cozinha arrumando a mesa. Comecei a conversar com elas e, dessa vez, estavam mais à vontade comigo. Me sentei e fomos conversando enquanto elas arrumavam. Ficamos conversando sobre comida. Descobri que as duas estavam estudando gastronomia, mas a cozinheira chefe é quem fazia as refeições, e elas só podiam ajudar, por enquanto.
Elas ficaram tensas de repente e se curvaram. Eu já podia imaginar quem estava atrás de mim. As duas cumprimentaram o alfa e saíram rapidamente. Suspirei contrariada por Magnos espantar minhas colegas de conversa. Tive que reclamar e mostrar minha insatisfação. Magnos veio me beijando. Ele sabia que conseguia me acalmar com seu beijo e usava ele para conseguir o que queria.
Magnos me contou a novidade sobre o ritual para descobrir meu ser sobrenatural. Fiquei feliz e esperançosa. Ele me explicou como seria e fiquei apreensiva ao saber que o ritual usaria partes de seres para o feitiço. Mas Magnos me acalmou e explicou que ninguém saía mutilando os seres para conseguir partes deles.
— Finalmente saberemos quem somos — comemorou Ravina na minha mente.
— Sim, estou ansiosa para descobrir mais sobre você, Ravina. Descobrir nossa espécie será bem mais fácil. O que você acha que somos? — perguntei.
— Eu acho que somos vampiras — falou rindo.
— Vampiros tomam sangue. Eca, não quero beber sangue para viver. Acho que não somos vampiras, não — respondi.
— Por que não? Eles são misteriosos, muito charmosos e se vestem bem — disse ela.
— Ravina, por acaso você já viu um vampiro para saber que são charmosos? — perguntei.
— Por que você acha que ela pode ajudar com isso? — perguntou, a voz carregada de preocupação.
— Margô sempre esteve próxima dos meus pais. Se alguém souber por que eles recorreram à bruxa Morgana, essa pessoa é ela — respondi, tentando transmitir a importância da visita. — Concordei em recebê-la porque sinto que preciso dessas respostas, Magnos. Isso pode nos ajudar a entender mais sobre minha origem e o que aconteceu comigo. Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos em um gesto de frustração. Seus olhos dourados se encontraram com os meus, mostrando um conflito interno.
— Entendo que isso seja importante para você, mas a segurança de todos aqui é minha prioridade. Não posso simplesmente ignorar que cada visita traz riscos, especialmente agora que você está grávida — disse, sua voz suavizando um pouco. — Mas também não quero impedir você de descobrir mais sobre seu passado. Eu podia ver a luta interna de Magnos entre proteger sua família e permitir que eu seguisse em busca de respostas. Me aproximei dele, segurando sua mão com carinho.
— Sei que você está preocupado, e eu aprecio isso. Mas prometo que seremos cuidadosos. Margô pode lançar alguma luz sobre o que realmente aconteceu com meus pais e, consequentemente, comigo. Preciso saber, Magnos — falei, minha voz quase um sussurro. Magnos fechou os olhos por um momento, respirando fundo. Quando os abriu novamente, havia uma determinação suave em seu olhar.
— Tudo bem, vamos recebê-la, após o ritual. Mas reforçarei a segurança e me certificarei de que tudo esteja sob controle. Não vou correr riscos desnecessários com você e os filhotes — disse, sua voz firme. Eu sorri, sentindo um alívio misturado com gratidão.
— Obrigada, meu amor. Prometo que farei tudo para que isso aconteça da forma mais segura possível — respondi, apertando sua mão.
Magnos assentiu, mas ainda havia uma sombra de preocupação em seus olhos. Eu sabia que ele faria tudo para proteger a mim e os bebês, mas essa visita era um passo importante para entender meu passado e, talvez, meu futuro.
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