Ficar ou correr? romance Capítulo 945

Ana se manteve exclusivamente para Marcelo por tempo demais. Ela aceitou todas as coisas horríveis que ele fez por causa de um amor distorcido. Por conta disso, acabou esquecendo que ela também precisava de amor.

Ela decidiu ir embora porque queria viver sua própria vida. Acho que Marcelo nunca entenderia quem ele perdeu. Acho que ele nunca mais encontraria alguém que esperaria por ele durante anos. Ele perdeu alguém que abriria mão de tudo só para dar um lar a ele.

Segurei sua mão. “O Tio Luiz e eu te apoiaremos em qualquer situação. Ele te vê como uma filha, e eu sei que ele te dará sua bênção. Somos gratos por você ter nos dado Kaleo. Somos sua família, então nos avise se precisar de algo.”

Ela riu. “Eu sei que vocês vão me apoiar.” Ela cutucou Cássio. “Nem pense em me provocar, entendeu? Agora eu tenho uma família me apoiando.”

Ele sorriu. “Você sempre teve uma família te apoiando.”

Eu sorri. Então, percebi que muitas vezes não conseguíamos o que queríamos porque estávamos obcecados com a ilusão de um amor grandioso, mas a felicidade sempre esteve nas pequenas coisas.

Ana namorou Marcelo por muitos anos. Tudo o que ela queria era uma vida tranquila para a família, mas ele nunca percebeu, apesar de desejar o mesmo. No fim, ela se afastou dele.

Assim que saí do carro, vi Nicole na entrada do aeroporto. Ela vestia um sobretudo de outono e um vestido, e estava tremendo de frio.

Ela correu até mim com sua bagagem. “Meu Deus, finalmente você chegou”, disse animada. “Estou congelando, nossa. O inverno em Nova Itália é mortal, literalmente. Por que todo mundo insiste em vir para cá?”

Ela continuou reclamando enquanto eu ajudava com a bagagem. Antes que eu pudesse colocá-la no porta-malas, Cássio já tinha pegado. Ele sorriu. “Deixa que eu cuido disso.”

Ana tirou um casaco grosso do porta-malas. “Este serve?”, ela me perguntou.

Assenti e cobri Nicole com ele. “Você devia ter me ligado. Eu poderia ter trazido algumas roupas para você. Ah, você veio com uma amiga, não foi? Onde ela está?”

O casaco a aqueceu um pouco, e ela olhou em volta. “Ela disse que ia aquecer as mãos. Ah, ali está ela.” Nicole apontou para a saída, e eu olhei naquela direção. Para minha surpresa, vi um rosto familiar. Era ninguém menos que Heloísa, que me mandou várias mensagens há alguns dias.

Ela estava com roupas ainda mais finas que as de Nicole, empurrando sua bagagem enquanto caminhava até nós. A saúde dela já não era das melhores, então seus lábios estavam roxos de frio. Claro, ela também parecia surpresa em me ver.

Eu lhe disse o endereço da casa, e ele ligou o carro de novo. Mas então Nicole interrompeu: “Ah, aluguei um lugar no centro da cidade, então não precisa. Heloísa e eu ficaremos por lá.”

Fiz um biquinho. “Mas os empregados já limparam a casa, e ficar sozinha vai ser complicado.”

“Não se preocupe, não vai. Tenho muitas coisas para resolver, e ficar na sua casa seria incômodo para você. Além disso, o lugar é bem mais conveniente para nós.” Nicole ainda era tão falante quanto uma criança.

Eu queria insistir, mas Heloísa disse: “Vamos ficar lá por enquanto. Ela me disse que você já está com muitas coisas para lidar, então não vamos acrescentar mais, tá bom?”

Parei de tentar convencê-las depois disso. Cássio as levou até o apartamento que haviam alugado no centro. Era um lugar com dois quartos. Não era grande, mas a decoração era bonita.

Como não tínhamos mais o que fazer, Ana e eu ajudamos as meninas a arrumar o lugar antes de irmos ao shopping comprar roupas de inverno.