Ficar ou correr? romance Capítulo 944

“Certo.” Desliguei o telefone e avisei a Carmen sobre algumas coisas antes de sair.

Ela não estava usando nada pesado, e já era inverno na Nova Itália. Não era possível pegar roupas em casa, então tive que buscá-la primeiro.

Era difícil conseguir um transporte no hospital, então fiquei esperando, para meu desgosto.

“Scarlet!”, alguém me chamou, e para minha surpresa, era Ana. Fiquei chocada ao vê-la.

Ela estava usando uma jaqueta bege, e seu cabelo estava preso em um coque, o que a fazia parecer mais jovem. Ela também usava um elegante par de brincos de pérola. Ana não tinha mais aquela aparência fofa de uma jovem, afinal já estava nos seus trinta e poucos anos, mas era madura, atraente e elegante.

“Por que veio ao hospital? Está doente?” Sorri para ela.

Ela retribuiu o sorriso e se aproximou. “Não, minha sogra. Viemos visitá-la. Estava prestes a te ligar para saber em que quarto a Suelen está, para podermos visitá-la também.”

Nesse momento, o namorado de Ana estacionou o carro na beira da calçada e nos cumprimentou.

Ana perguntou: “Você está indo para algum lugar? Podemos te dar uma carona. Está difícil conseguir um transporte agora, e assim vocês podem se conhecer. Não quero que se sintam desconfortáveis caso se encontrarem por aí, sabe?”

Hesitei por um momento, então sorri para o namorado dela. “Preciso ir ao aeroporto. É um pouco longe, mas podemos conversar em outra hora.”

“Ah, está tudo bem. Não temos nada para fazer hoje, então vou com você. Tenho algo para discutir, de qualquer forma. Você anda muito ocupada ultimamente, não é? Se eu deixar essa oportunidade passar, Deus sabe quando vamos conseguir conversar de novo.” Ana me puxou para o carro e entrou no banco de trás.

Ela disse para o namorado: “Para o aeroporto.”

O homem assentiu e ligou o carro.

Ana segurou minha mão. “Este é Cássio, meu namorado. Ele trabalha como programador.”

Ela fez bico. “Você sempre esquece o que eu te digo. Mas, na verdade, isso é bom.” Ela sorriu para mim. “Sua amiga é uma mulher, certo? Se ela não se importar, posso emprestar minhas roupas. O inverno na Nova Itália pode ser um pesadelo. Não deixe ela ficar doente.”

Assenti. Ana parecia diferente de alguma forma. Antes, ela era mais elegante e distante, mas agora estava mais calorosa e acessível.

Ela ficou surpresa ao me ver sorrir. “Você vai me perguntar sobre o Marcelo e eu, não vai?”

Congelei por um momento, mas ela explicou: “Está tudo bem. Cássio sabe de tudo, então não precisa se segurar. Pergunte o que quiser. Ah, quase esqueci, mas Cássio e eu vamos nos casar. Eu ia te chamar para me acompanhar na loja de noivas para experimentar os vestidos. Você sabe que eu não tenho muitas amigas, então você foi a primeira pessoa em quem pensei. Mas com a Suelen hospitalizada, imagino que deva estar ocupada também.”

Parei por um momento para processar o que ela disse. Então sorri. “Minha mãe está cuidando da Suelen. Me avise com antecedência quando for experimentar os vestidos. Mas você tem certeza de que resolveu tudo com o meu irmão?”

Ela assentiu. “Eu sei o que você quer dizer, mas estou prestes a completar trinta e três anos. Meus melhores anos estão chegando ao fim. Já deixei tudo para trás e fiz o que precisava. Agradeço a Deus por ter encontrado Cássio quando parecia que minha vida tinha chegado a um beco sem saída. Ele me mima muito, e graças a ele, descobri que o amor pode vir de uma forma tão adorável. Podemos nos apaixonar por várias pessoas ao longo da vida, mas só há uma que caminha conosco até o fim. Eu quero viver minha vida ao lado dele, e sei o tipo de vida que quero levar. Sei que você está preocupada, mas te considero uma amiga, Scarlet. Espero que possa ver isso do meu ponto de vista, tudo bem?”