Ficar ou correr? romance Capítulo 1274

“Não sei. Talvez tenhamos que ficar desse jeito um pouco mais”, soltei um suspiro, sentindo-me de repente desanimada.

Nenhum casal gostaria de fingir ser inimigo se pudesse demonstrar seu afeto abertamente.

Sempre haveria mulheres ao redor de Pedro. A maioria delas poderia não ter origens familiares ou capacidades compatíveis. Mas a possibilidade de uma mulher excepcional aparecer um dia nunca era zero. E quando isso acontecesse, o que eu faria?

No momento em que terminei de falar, ouvi o som do meu celular vibrando no bolso.

Tirei o celular imediatamente e vi que era uma chamada de vídeo de Pedro.

“Olha só, o chefão agora está se preocupando com você. Vou dar um tempo pra vocês dois”, Eliana brincou antes de se levantar e sair.

A empresa de Eliana precisava de conexões com pessoas influentes e respeitáveis para se firmar no mundo corporativo. No entanto, seu relacionamento com Fábio sempre foi morno, por isso ela pediu o investimento de Pedro. Foi também por isso que ele esteve presente na cerimônia de inauguração anteriormente. Desde então, Eliana sempre fazia piada dizendo trabalhar para Pedro.

Sentindo-me um pouco sem saída, balancei a cabeça com um sorriso antes de atender a chamada.

“Por que você me ignorou por tanto tempo? Está com raiva de mim ainda?”, Pedro arqueou a sobrancelha e me lançou um sorriso travesso.

“Está com pena dela?”, brinquei.

“Estou preocupado que você possa estar cansada. Você ficou o dia inteiro lá fora e não teve chance de descansar. Como está se sentindo agora? Está tudo bem?”, Pedro preferiu não entrar na brincadeira. O tom suave da sua voz me impediu de continuar falando com amargor.

“Não, estou bem o suficiente para ficar com raiva e zombar dos outros. Na verdade, me sinto como se tivesse renascido. Não me pareço nada com uma pessoa doente”, aposto que nenhum paciente terminal seria tão otimista quanto eu.

“Bom, sua felicidade é mais importante do que qualquer coisa”, ele me olhou com um semblante sério ao falar.

Eu sabia que ele realmente se importava comigo, mas seu olhar me fez sentir como se estivesse enxergando além de mim, vendo meu rosto que logo estaria marcado pela morte.

Todos os pacientes terminais tinham algo em comum. Gostávamos de fazer piadas sobre a morte, mas quando ela se aproximava, mentíamos para nós mesmos e recusávamos aceitar a realidade.

“Claro que estou feliz, mas isso talvez não seja verdade para você, já que não vai mais receber aquelas marmitas feitas com tanto carinho”, mudei de assunto, evitando falar sobre a morte.

“Hã?”, estreitei os olhos e o encarei atentamente. “Está se fazendo de desentendido? A Stella manda uma marmita pra você todo dia. Você não comeu?”Toda a empresa sabia disso. Como poderia ser mentira?

“Tanto faz.” Acho que caí de novo… fiquei com ciúmes por ouvir um rumor infundado

“O quê?”, eu estava tão absorta em meus próprios pensamentos que não o ouvi. Alguns segundos depois, recobrei finalmente os sentidos. Ele está tentando me dar um sinal para preparar uma marmita com carinho para ele?

Com esse pensamento, decidi provocá-lo de propósito. “Ah, eu não faço marmitas.”

Desapontado, o brilho nos olhos dele ficou mais fraco enquanto olhava para a tela do celular, parecendo derrotado.

“Mas… amanhã é sábado. Se você for ver as crianças na casa dos Machado, eu não me importo de cozinhar para você.”

“Haha… Ok, então nos vemos amanhã à noite”, Pedro riu. Seu humor já estava mais leve quando desligou a chamada.

Percebi ser bem fácil acalmá-lo. Como um gatinho, eu só precisava afagar sua cabeça algumas vezes e ele já estava tranquilo.

Muito depois que terminei a chamada, Eliana voltou. Quando viu que eu não estava mais no telefone com Pedro, se aproximou, pegou a bolsa e estava prestes a sair.

“Algo surgiu no meu escritório, então preciso ir até lá agora. Quer vir comigo?”

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