Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 369

— Mas que privacidade pode haver nisso? Eu só perguntei quem pagou a bolsa. Qual o problema? —Insistiu o homem, com expressão inocente.

A atendente sorriu educadamente, mas sua resposta foi firme:

— Os artigos da nossa loja são todos de alto valor. Por isso, temos uma política rígida de confidencialidade. Não podemos fornecer qualquer informação sobre os nossos clientes a terceiros.

O homem ficou sem palavras...

“Tá me tratando como o quê? Um ladrão? Ou um alpinista social tentando grudar em alguma ricaça?”

Engoliu o orgulho e preferiu não discutir.

Bater boca só chamaria atenção e, pior, se a funcionária alertasse as clientes de que alguém fazia perguntas sobre elas, ele estaria acabado.

Deixou o balcão e saiu calmamente da loja.

Do lado de dentro, no entanto, as vendedoras trocavam olhares desconfiados.

Aquele homem era estranho demais.

Decidiram que, se ele voltasse, chamariam a segurança imediatamente.

Do lado de fora, o homem ligou para o contratante.

Era pobre, sem nome, sem rosto... Mas o patrão não.

Gabriel era rico, poderoso, com influência em todo canto.

Se ele mesmo entrasse em contato com a loja, ninguém ousaria negar informação e, mais importante ainda, ninguém alertaria a alvo nem sua amiga.

Gabriel atendeu no viva-voz.

O informante contou tudo.

Ele ouviu, sem interromper, e respondeu apenas com um seco:

— Ok.

Nada mais.

Mandou que alguém entrasse em contato direto com a gerente do quiosque da marca dentro do shopping.

A ligação foi breve, quase mecânica. Assim que terminou, Gabriel permaneceu imóvel, os olhos fixos em um ponto qualquer, a expressão vazia como madeira bruta.

Se não fosse absolutamente necessário, ele já não queria dizer mais nada.

A única coisa que desejava era silêncio.

Um silêncio profundo, quieto, que combinasse com o abismo onde sua alma parecia ter despencado.

Seu humor estava no ponto mais baixo possível.

Poucos minutos depois, o intermediário confirmou que tudo estava encaminhado. Não levou nem dez minutos para o celular de Gabriel voltar a tocar.

Desta vez, era a gerente da loja.

Do outro lado da linha, a voz feminina soava polida, carregada de respeito profissional:

— Olá, Sr. Gabriel. Após verificação em nosso sistema, confirmamos que a cliente que realizou a compra foi a Srta. Letícia. Gostaria de confirmar algo? Posso ajudá-lo em alguma outra questão? Estamos à disposição para servi-lo da melhor forma possível.

Gabriel demorou alguns segundos para processar a informação.

Seu cérebro estava lento, embotado pela tristeza.

“Letícia.

Não tinha sido Beatriz.”

Ele soltou o ar devagar.

“Então não era eu quem deveria pagar por aquilo.”

Gabriel não fazia ideia da roupa que Beatriz usava naquele dia.

O único registro que havia recebido dos investigadores era a foto de Eduardo — nem um clique sequer da mulher que mais importava.

— Cabelos curtos até os ombros. Bem magra. Muito bonita. —Descreveu ele, com um tom estranho de ternura e dor misturados.

— Perfeito. Sim, deve ser ela mesma. —Confirmou a gerente, com eficiência. —O senhor gostaria de indicar algum modelo específico? Se for um presente, acredito que escolher pessoalmente demonstra mais carinho. Posso enviar todas as opções disponíveis no nosso estoque atual para seu e-mail, se desejar.

Gabriel hesitou por um segundo.

Sim, ele queria escolher pessoalmente.

Queria, de fato, ter esse gesto.

Mas...

Ele não confiava em seu próprio gosto.

E temia que Beatriz não gostasse, ou pior, desprezasse.

Mesmo quando namorava Vitória, era sempre ela quem escolhia o que queria.

Bastava apontar. Ele apenas pagava.

Nunca precisou escolher nada.

Nunca se preocupou em acertar, porque, no fundo, tudo o que Vitória queria era o dinheiro.

Nada mais.

Essa lembrança trouxe um gosto amargo à boca.

O contraste com Beatriz era doloroso.

— Escolha você. Algo moderno, que esteja na moda. Algo que… Ela possa gostar. —Pediu Gabriel, com a voz abafada.

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