Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 368

Agora tudo fazia sentido.

Não era de se estranhar que Beatriz o olhasse com ódio, como se ele fosse um veneno, uma ameaça, como se apenas ouvir sua voz já fosse insuportável.

O avô dizia que era preciso confiar na Beatriz… E, no fundo, ele próprio também sabia disso.

Mas o problema era outro.

Era o que ele fez.

Ele havia deixado Beatriz para trás.

Sozinha. Ferida. Queimada.

E ainda saiu dali abraçando Vitória e, pior, dizendo palavras que machucavam como navalhas.

Ele não conseguia.

Não queria encarar.

Tinha medo.

Medo de descobrir que tudo realmente tinha sido culpa da Vitória.

Medo de ter sido, de fato, o vilão da história.

Um monstro.

Um criminoso.

“E se fosse mesmo tudo culpa dela…

Como eu poderia pedir perdão a Beatriz?

Se eu mal consigo perdoar a mim mesmo?”

As câmeras do hotel não mostraram o que ele queria ver.

Não confirmaram nada.

Mas isso lhe deu uma desculpa.

Uma escapatória, um fiapo de consolo imundo pra justificar sua fuga covarde da verdade.

Mas ainda havia o caso do gás.

Ele só precisava esperar que o hacker terminasse de restaurar os arquivos das câmeras de segurança.

Aí, sim, saberia toda a verdade.

Mas agora...

Mesmo que soubesse… Serviria pra quê?

Beatriz já tinha ido embora.

Beatriz...

“Nunca me amou de verdade.”

Sua mente mergulhava em espirais contraditórias, atropelando a razão.

Gabriel forçou-se a voltar à realidade.

Não.

Ele precisava daquelas imagens.

Elas seriam essenciais para a segunda instância do julgamento. Ele ainda tinha que lutar.

Ergueu-se com esforço do chão gelado, sentindo o corpo pesado.

Caminhou de volta até o escritório.

O vídeo do corredor do hotel ainda estava aberto na tela do computador.

Pensou em fechar...

Mas o canto da tela mostrava que ainda faltavam alguns minutos de gravação.

Movido por um impulso amargo, como quem busca o próprio sofrimento, ele clicou em “play”.

E foi como levar um soco no estômago.

A imagem mostrava Beatriz...

Sozinha.

Depois que ele saiu carregando Vitória, ela ficou ali, apoiada na parede, andando devagar...

Não. Ela nem andava, ela se arrastava.

Por causa da queimadura no dorso do pé, Beatriz mal conseguia levantar a perna.

Clicou no botão de fechar vídeo.

Não suportava ver aquilo uma segunda vez.

A dor, o arrependimento, a culpa...

Tudo misturado.

Crescente.

Avassalador.

Sentia como se a única forma de compensar fosse com a própria vida.

Como se nem isso fosse o suficiente.

Do outro lado da cidade, dentro de um shopping center...

Dois homens discretamente vigiavam Beatriz e Letícia, que acabavam de sair da loja carregando sacolas.

Um deles seguiu as duas a certa distância, enquanto o outro entrou discretamente na loja para confirmar uma informação importante.

Afinal...

As sacolas estavam nas mãos de Letícia.

E se os itens não fossem para Beatriz?

Não podiam correr o risco de fazer o patrão pagar por uma compra que não era da pessoa certa.

Se isso acontecesse... Os dois estariam demitidos no mesmo dia.

O homem se aproximou do caixa e perguntou:

— Oi, boa tarde. Você poderia me informar quem foi que pagou a compra daquelas duas moças que saíram agora há pouco?

A atendente o olhou de cima a baixo.

Camisa simples, barba por fazer, aparência claramente fora do padrão da clientela que ela acabara de atender.

Aquele homem não tinha nenhuma relação com aquelas madames.

Ela manteve o sorriso profissional, mas foi direta:

— Desculpe, senhor. Por respeito à privacidade dos nossos clientes, não podemos fornecer esse tipo de informação.

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