Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 367

— Ela estava com aquele ferimento horrível… E mesmo assim só me contou depois que te entregou os papéis do divórcio! —A voz do Sr. Henrique ecoava com indignação. — Se eu soubesse desde o início, você já tinha levado uma lição que ia lembrar pro resto da vida.

Gabriel ficou paralisado.

“Então Beatriz não havia reclamado logo após o ocorrido? Ela só contou tudo ao avô depois…?”

— Você me fez passar a maior vergonha da minha vida. Rasgou a minha dignidade e pisou nela. —Continuou o avô, com a raiva transbordando. — E mesmo assim, mesmo assim, eu fui atrás da Bia. Pedi que ela te desse mais uma chance. Sabe o que ela respondeu?

Gabriel permaneceu em silêncio. Mal conseguia respirar.

— Ela me pediu pra dar a ela uma chance. Uma chance… De continuar viva.

A voz do avô se quebrou.

As palavras ecoaram fundo, como estilhaços cortando o ar.

Gabriel ficou completamente imóvel.

“Beatriz...

Ela realmente dissera isso?

Ela pedira ao avô para deixá-la viver?”

Aquilo não era um simples pedido.

Era um grito desesperado.

Um clamor de alguém que sentia que estava por um fio, alguém que já não tinha nem coragem de pedir amor, ou justiça, apenas… Sobrevivência.

Um pedido tão pequeno.

Tão... Desesperador.

“Mas eu… Eu nunca quis tirar a vida dela.

O vazamento de gás... Aquilo não tinha sido planejado.

Eu não fiz nada daquilo! No máximo, eu...

Eu apenas... Não percebi a tempo.

Não voltei a tempo.

Deixei ela sozinha naquele apartamento.

Mas não foi por querer!”

Depois, quando recebeu o aviso do médico...

Ele correu. Largou tudo. Voltou pra casa no mesmo instante.

Simplesmente... Chegou tarde demais. Por minutos.

Tinha perdido a chance de salvá-la por um triz.

Gabriel sentia o peito rasgar por dentro.

Como se centenas de agulhas estivessem sendo cravadas, todas ao mesmo tempo.

A dor era aguda. Crua. Incontrolável.

Ele precisava explicar.

Precisava contar tudo a Beatriz.

A ligação nem tinha terminado, mas ele já se levantava, saindo às pressas do escritório.

No meio do caminho, flashes da memória vinham à tona.

Lembrava-se das palavras dela para Rafael.

Sim… Ela disse aquilo. Ela realmente achava que ele queria matá-la.

Mas naquele momento... Ele só sentia raiva.

Raiva por achar que ela era descuidada.

E pior: nem sabia quando ela teve alta.”

Tudo o que lhe restou foi uma cópia fria do divórcio...

E um apartamento vazio, onde ela nunca mais voltaria.

O corpo de Gabriel perdeu a força.

Ele escorregou devagar, ajoelhando-se no chão, as costas encostadas à porta...

Até que sua testa tocou o painel gelado da madeira.

No fone de ouvido, a voz do avô ainda ecoava, gritos furiosos, acusações duras.

Mas para Gabriel, soavam como ecos distantes, de um lugar muito longe.

Ele já não ouvia mais.

Não tinha mais forças nem pra se defender.

— Vocês dois, cúmplices, destruíram ela completamente! Nenhum de vocês teve um pingo de arrependimento! Pior: ainda tiveram a audácia de achar que foi ela quem armou tudo?! Você perdeu no tribunal, Gabriel! O advogado eu já mandei dispensar.

Acabou. E mesmo que você tentasse reverter, pra quê? A única coisa que vai conseguir é esfregar sua própria cara no chão, se humilhar ainda mais diante da Bia!

Ele nem percebeu quando a ligação tinha sido encerrada.

Gabriel continuava ali, largado no chão, as costas contra a porta.

O olhar perdido. A expressão vazia.

O silêncio ao redor era tão profundo que, por um instante... Ele quase esqueceu que ainda estava vivo.

“Se a dor de um osso fraturado era um ódio pequeno...

Então desejar a morte dela, mesmo que não intencional...

Era um ódio imenso.”

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