Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 305

— Foi? — Leonardo ficou sem entender.

O que havia de errado no que ele disse? Pra ele, tudo soara muito natural, muito convincente...

— Você disse que o Sr. Eduardo pediu pra você interceder. Mas isso, na prática, é impossível. Eu e ele já resolvemos tudo. Ele não teria motivo pra te pedir isso. — Explicou Beatriz, calma, mas direta.

“Ah... Então eu já tinha começado errado desde a primeira frase.

Beleza... Era isso que o Eduardo quis dizer quando me deu aquele recado na saída.

Ele sabia que eu ia inventar alguma coisa... E não confiava.”

— Então, no fim das contas... Por que você me ligou? — Perguntou Beatriz novamente, com objetividade.

— Cof... cof... — Leonardo deu duas tossidinhas desconfortáveis, uma das poucas vezes que se viu sem graça diante de uma mulher. — Na verdade... Eu só queria saber o que aconteceu entre você e o Eduardo. Que tipo de desentendimento vocês tiveram.

— Então podia ter perguntado diretamente. — Retrucou Beatriz, sem paciência pra rodeios.

“Eu queria ser sutil, poxa... Quem imaginava que ia pagar esse mico?”

— Tá certo. Conversando com você, da próxima vez eu vou direto ao ponto. Nada de rodeios com gente inteligente. — Declarou Leonardo, resignado.

Não dava pra tirar nada dela com jogo de palavras. Beatriz percebia tudo na hora.

Era como na hora do almoço: ele tinha inventado que Eduardo foi pessoalmente escolher o presente. E ela, com toda calma, quase exigiu uma ligação tripla pra desmentir a história.

Na hora, ele achou que era só falta de interesse. Agora via que também tinha a ver com o cérebro afiado dela. Era simplesmente imune a truques.

— Eu e o Eduardo não tivemos nenhum grande desentendimento, de fato. O problema é mais... O temperamento dele. — Começou Beatriz, explicando com calma. — Na primeira vez que nos vimos, ele achou que eu estava tentando dar em cima dele. Mas, na verdade, eu só tinha ido buscar a Letícia. Tentei explicar, ele não quis ouvir. Nem pediu desculpas. A segunda vez foi na empresa. Ele foi lá negociar um projeto. Como já tinha me visto antes por causa da Letícia, reconheceu meu rosto. Eu, por outro lado, não sabia quem ele era. E ele aproveitou isso pra me pregar uma peça...

Beatriz relatava os acontecimentos com clareza e objetividade. Não era dramática, nem exagerava. Apenas expunha os fatos, com lógica e concisão.

Leonardo ouviu tudo com atenção, até que, no final, não aguentou mais e arqueou as sobrancelhas, segurando o riso.

“Ah, claro. Como é que eu pude esquecer?

Na época do colégio, o Eduardo já tinha esse lado meio... Reservado por fora, mas todo cheio de provocação por dentro.

Então... Ela não tinha mais o que cobrar. Só pôde deixar pra lá.

— Quer que eu me vingue por você? Hein? Tá a fim de ver o Eduardo se ferrando um pouco? — Leonardo falou, com um sorrisinho safado e o olhar cheio de malícia.

Tinha mil ideias na cabeça. Era o momento perfeito.

Se Beatriz desse só um sinal, uma ligação bastava. Ele tinha certeza de que Eduardo viria correndo. E faria o que ela pedisse, sem pestanejar.

Dava até pra pregar uma peça nele, fazer o cara ir até um restaurante qualquer esperando por ela. Eduardo iria, com certeza.

Porque não há nada mais manipulável do que um homem com culpa na consciência.

E, no caso de Eduardo, ainda mais com uma garota como Beatriz, tão direta, tão transparente.

Se ele fez besteira, com certeza estava se corroendo por dentro.

— Não precisa, mas obrigada pela boa intenção. — Respondeu Beatriz, educada.