Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 274

Ela realmente não conseguia entender como, ou quando, Gabriel havia se apaixonado por ela. Um mês atrás, ele ainda estava mergulhado até a alma em Vitória, numa relação pegajosa, ardente, daquelas que pareciam não ter fim.

Mesmo na última sexta-feira, quem havia dado os cinco milhões para Vitória... Fora ele.

Pensar nisso fez Beatriz recobrar totalmente a lucidez.

E mais: desmontou por completo a ideia de que Gabriel talvez a amasse.

Na verdade, quanto mais pensava, mais nojo sentia. Uma repulsa crescente tomou conta de seu corpo, ao ponto de sentir náusea e mal-estar físico.

Ela, que vivia aconselhando Letícia a não se deixar levar pelos possíveis interesses de Leonardo, agora se via envolvida até o pescoço em pensamentos e suposições semelhantes, quase perdendo o foco.

Mas não, não era recaída. Não era coração mole.

Era apenas a constatação: Gabriel jamais sentira amor por ela.

“Um homem que, um mês atrás, ainda se deitava com outra… E agora vinha chorar, dizendo que me ama? Que quer passar a vida ao meu lado? Aquilo é repugnante.”

Beatriz sentiu uma raiva quente subir pelo corpo. Estava furiosa. Sentia-se usada, manipulada como uma peça num jogo sujo de Gabriel.

Após conversar com o mordomo e acertar os próximos passos, chegou o horário do almoço. Ela pegou suas coisas e desceu para o refeitório da empresa.

No elevador, encontrou alguns diretores da Aurora.

Cumprimentou-os com educação, mas percebeu algo estranho nos olhares, havia um tom de respeito solene, quase... piedade.

Antes que pudesse perguntar o que estava acontecendo, os comentários começaram:

— Beatriz… Você é uma guerreira. O crescimento da Aurora tem muito da sua dedicação.

— Nunca imaginei que ainda existissem mulheres tão leais assim… Você abriu mão da sua própria felicidade pra ajudar o Sr. Daniel a alcançar os sonhos dele. Isso é admirável.

— Agora entendo por que o Sr. Daniel é tão devotado a você. Vocês sempre foram um casal, mesmo quando a gente não via. Eu fui tolo por não perceber antes.

— Espera aí... Do que vocês estão falando? — Beatriz interrompeu, confusa, olhando ao redor com expressão pasma.

Foi então que o chefe do RH soltou a bomba:

— Mas... Isso é mesmo um mal-entendido? — Murmurou alguém. — O investimento do Sr. Henrique é fato. Como a gente explica isso?

— Boatos acabam onde começa a razão. Conto com a discrição de vocês. — Disse Beatriz, com firmeza, olhando para cada um. — Eu mesma vou conversar com o Sr. Daniel. Pessoalmente.

O elevador chegou ao térreo. As portas se abriram. Beatriz saiu primeiro e fez um leve aceno de cabeça antes de apressar o passo, praticamente fugindo da cena.

No caminho, tirou o celular do bolso e começou a digitar uma mensagem para Daniel.

Naquele momento, percebeu uma das desvantagens de trabalhar em uma empresa pequena, com uma cultura tão próxima: qualquer coisa virava assunto. Um simples gesto se transformava em fofoca. E quando envolvia sentimentos... Pior ainda.

Mas o que ela não esperava era a resposta de Daniel.

Ela mal havia começado a escrever, quando viu a notificação aparecer na tela:

[Eu ouvi, na verdade.]

[E pra ser sincero... Eu queria tanto que fosse verdade. Queria de verdade. Até sonho com isso.]

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